O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, acusou o ocidente de fazer chantagem com a Rússia no que respeita à situação na Síria.
“Para nossa grande tristeza, detetamos elementos de chantagem. Dizem-nos que se nós não apoiarmos a aprovação da resolução [do CS da ONU] sobre o capítulo 7 da Carta da ONU, eles recusar-se-ão a prolongar o mandato da missão de observadores na Síria”, declarou Lavrov numa conferência de imprensa realizada antes do encontro com Kofi Annan.
O ministro sublinhou que Moscovo considera essa abordagem “absolutamente contraproducente e perigosa, porque é inadmissível utilizar os observadores como moeda de troca”.
Lavrov recordou que a missão de observadores da ONU na Síria consiste em fazer uma avaliação objetiva do que acontece no país, bem como em investigar incidentes como o ocorrido na aldeia síria de Tremse.
“Vamos insistir firmemente no prolongamento da missão de observadores da ONU na Síria”, frisou.
Serguei Lavrov considerou a situação na Síria “horrível”
“Não serei original se disser que o que acontece na Síria é horrível. Sente-se a falta de uma coisa: o desejo de pôr fim imediatamente à violência”, acrescentou.
Segundo ele, “é evidente que para pôr fim à violência é necessário obrigar todas as partes adversárias a pôr fim simultaneamente aos combates, sincronizar a retirada das cidades de armamento pesado e de todos os homens armados sob o controlo da missão da ONU”.
O chefe da diplomacia russa considera que o conflito na Síria adquire a dimensão de um conflito entre confissões religiosas e chama a atenção para “o aumento da ação da Al Qaieda no país”.
Lavrov reafirmou a posição de que Moscovo não apoia o presidente da Síria, Bashar Assad, mas a regularização pacífica da situação nesse país.
“Aceitaremos qualquer decisão do povo sírio sobre quem irá dirigir a Síria, mas essa decisão deve pertencer apenas aos sírios”, precisou.
“Nós esperamos uma conversa pormenorizada (com Kofi Annan) e informação de fontes diretas”, concluiu.
O enviado especial da ONU para a Síria chega hoje à Rússia para conversações ao mais alto nível. Hoje, encontra-se com Lavrov e, amanhã, com o Presidente Putin.
“O encontro de amanhã poderá constituir a última tentativa de Annan convencer a Rússia a deixar passar as sanções propostas no projeto de resolução do CS da ONU, mas as possibilidades de êxito são ínfimas”, declarou uma fonte diplomática à Lusa.
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, considera que a discussão sobre a regularização da situação na Síria ainda não entrou “num beco sem saída”.
“Eu não lhe chamaria beco sem saída. Ainda temos esperar de chegar a um acordo no quadro daquilo que foi acordado em Genebra, no quadro do que está escrito no comunicado de Genebra”, declarou ele numa conferência de imprensa antes do encontro com Kofi Annan.
Os países ocidentais propuseram no CS da ONU um projeto de resolução que prevê sanções diplomáticas e económicas contra a Síria caso o regime de Bashar Assad não cumpra, num prazo de dez dias, exigências como o fim do emprego de armas pesadas.
A Rússia responde que não não permitirá a aprovação de sanções e propõe o prolongamento por mais três meses da missão de observadores da CS da ONU.
O ministro russo apelou à união da oposição síria com vista a apresentar um interlocutor único.
“Não há um interlocutor da oposição. Esperamos muito que os Estados que têm influência na oposição a utilizem para que sejam nomeados interlocutores com vista à tomada de medidas para um cessar de fogo sincronizado e o início da retirada de tropas e armamentos das cidades”, acrescentou.
Serguei Lavrov defende que o Irão e a Arábia Saudita também devem participar na solução da crise síria.
“Consideramos que a Arábia Saudita e o Irão, por razões conhecidas, têm influência na situação... Alguns participantes dos encontros de Genebra, nomeadamente os nossos coleas americanos e alguns europeus-ocidentais, foram categoricamente contra a participação do Irão e, como “compensação”, não convidaram a Arábia Saudita”, acrescentou.
“Trata-se de uma atitude improdutiva e não ajuda à causa. Todos compreendem que é preciso conversar com o Irão e Arábia Saudita, o que Kofi Annan faz, mas seria mais útil... se eles estivessem à mesa das conversações e ajudassem a elaborar soluções viáveis”, concluiu.
Kofi Annan, enviado especial da ONU para a Síria, visita Moscovo, onde se irá encontrar com Lavrov e, amanhã, com o Presidente Vladimir Putin.
O Presidente russo Vladimir Putin reafirmará na terça-feira a intenção russa de apoiar uma nova reunião do Grupo de Ação sobre a Síria no encontro com Kofi Annan, emissário especial da ONU, anunciou hoje o serviço de imprensa do Kremlin.
“Temos intenção de apoiar a convocação de uma segunda reunião do Grupo de Ação sobre a Síria em Moscovo ou novamente em Genebra. A possibilidade de organização de um novo encontro do Grupo de Ação está previsto no comunicado final aprovado em Genebra no dia 30 de junho”, lê-se no comunicado.
Koffi Annan chegou a Moscovo para um visita de trabalho de dois dias. Hoje encontrou-se com Serguei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, à porta fechada. Amanhã, será recebido por Putin, tratando-se do segundo encontro em quatro meses entre o Presidente russo e o enviado especial da ONU.
“O próximo encontro testemunha o apoio político que a Rússia dá ao plano de regularização do conflito sírio proposto por Annan, assim como a intenção russa de assegurar a realização das decisões tomadas no encontro ministerial de Genebra e apela ao lançamento do processo de paz na Síria”, acrescenta o Kremlin.
“O principal êxito saído do encontro de Genebra é o apelo a todas as partes do conflito de pôr fim imediato à violência e a iniciar o processo político, o reconhecimento da responsabilidade pelas partes sírias pelo futuro do seu Estado, a solução pelos próprios sírios, no quadro de um amplo diálogo, de todas as questões ligadas à reforma do sistema político do país”, defende o Kremlin.
O Plano de Annan falhou e os países ocidentais propuseram no CS da ONU um projeto de resolução que prevê sanções contra o regime sírio. A Rússia já anunciou que irá vetar essa proposta e propõe o prolongamento da missão de observadores da ONU na Síria.
Resumindo, o mais provável é que o CS da ONU não consiga aprovar um documento que consiga tirar o conflito sírio da via sangrenta. O derrame de sangue apenas tende a aumentar.
5 comentários:
É verdade, Zé Milhazes. O título q aqui colocas diz tudo!
Que horror!
Um abraço
É verdade, Zé Milhazes. O título q aqui colocas diz tudo!
Que horror!
Um abraço
Resumindo, o mais provável é que o CS da ONU não consiga aprovar um documento que consiga tirar o conflito sírio da via sangrenta. O derrame de sangue apenas tende a aumentar.
Não haverá documento que consiga parar a via sangrenta.
A situação irá piorar.
Resta saber se haverá vontade de avançar militarmente à margem da ONU.
O que eu duvido.
Parece completamente indelével a ideia de que a Rússia poderia ter evitado, ou pelo menos, reduzido, as consequências provocados pelo conflito. Será exíguo afirmar que o estado de emergência, que há décadas abala a Síria, fez com que o conflito entre a população e o regime Al-Assad se torna-se inevitável - mesmo salientando o compreensível apetite vindo dos resultados da Primavera Árabe.
É sabido o interesse Russo perante a Síria, tanto a nível político (este mais complexo), mas, principalmente, a nível militar. Agora: será este motivo suficiente para a Rússia e o seu governo se terem sempre apresentado com um obstáculo às tentativas de resolução impostas por fora?
Parece-me igualmente necessário referir a dificuldade que a ONU tem em atingir bons resultados. Parece-me, então, ainda mais necessário referir que este fenómeno não se deve apenas à oposição que o Estado Russo assume, dentro da organização, no que toca ao processo Sírio.
...será este motivo suficiente para a Rússia e o seu governo se terem sempre apresentado com um obstáculo às tentativas de resolução impostas por fora?...
Interesses políticos e militares? claro que são motivos suficientes. Cabe tudo neste saco...
Parece completamente indelével a ideia de que a Rússia poderia ter evitado, ou pelo menos, reduzido, as consequências provocados pelo conflito.
Da mesma forma podemos dizer que a ingerência vinda do exterior pode de igual modo ter o mesmo efeito, ou seja reduzido as consequências provocadas pelo o conflito.
A batalha pode estar na Síria, mas as forças envolvidas vão muito mais além.
Quando uns puxam a brasa à sua sardinha, não é de admirar que outros façam o mesmo.
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