quarta-feira, janeiro 30, 2013

Guerra fria aumenta de intensidade


Além da História não ter terminado com a queda da URSS e o fim do Muro de Berlim, a guerra fria também não foi atirada para o passado. Ela continua, com períodos de menor ou maior agudização. Neste momento, estamos a assistir a um momento de agudização das relações entre a Rússia e os Estados Unidos, por enquanto, ao nível de aprovação de leis e contra-leis. A Europa, essa, não é levada em conta neste jogo e até parece já não ser um dos tabuleiros de xadrez da guerra fria.
A Rússia anunciou hoje a sua renúncia à ajuda financeira dos Estados Unidos para a luta contra o crime e o tráfico de droga, sendo mais um sinal da deterioração das relações entre os dois países.
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, assinou um documento onde se denuncia o acordo de cooperação bilateral, assinado em 2002, e ordenou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia que faça chegar essa decisão a Washington.
O documento, assinado por Medvedev a 28 de janeiro, foi hoje publicado na página do Governo com um esclarecimento.
Nela assinala-se que a decisão de denunciar o acordo de cooperação bilateral foi tomada a conselho do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, porque o citado documento “não corresponde às realidades atuais e esgotou o seu potencial”.
O Governo russo assinalou que a necessidade de assinar em 2002 um acordo de cooperação com os Estados Unidos para a luta contra o crime e o tráfico de droga se deveu ao facto de a Rússia não possuir então meios suficientes para financiar devidamente os seus programas nessa área.
No quadro do acordo bilateral, sublinha a nota, a parte norte-americana prestou de forma regular assistência financeira às instituições russas na realização de programas de luta contra o crime.
Este anúncio tem por fundo um estado de tensão entre os dois países que aumentou nos últimos tempos devido à “guerra de leis” entre Moscovo e Washington.
A Rússia adotou, em dezembro passado, uma lei que proíbe a adoção de crianças russas por norte-americanos e cria uma “lista negra” de cidadãos dos Estados Unidos impedidos de entrar no país por violação dos direitos humanos no mundo e, em particular, dos cidadãos russos.
Considerada como uma das medidas mais hostis tomadas por Moscovo contra Washington depois da guerra fria, esta lei foi votada como resposta a uma lei aprovada pelo Congresso e promulgada pelo Presidente Obama, que proíbe a entrada nos Estados Unidos de funcionários russos implicados na morte na prisão, em 2009, do advogado russo Serguei Magnitski.
Em setembro de 2012, a Rússia ordenou à Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) cessar as suas atividades, acusando-a de ingerência na política interna ao apoiar grupos da oposição ao regime de Vladimir Putin.
As autoridades russas aprovaram também uma lei controversa que qualifica de “agentes do estrangeiro” e coloca sob estrito controlo as ONG’s que beneficiam de financiamento estrangeiro, nomeadamente americano.
 

6 comentários:

HAVOC disse...

Acredito que a Rússia está jogando na mesma moeda que os Estados unidos, que prometeram não se aproximar das fronteiras russas, após o fim da URSS, e agora pretende instalar mísseis para acabar com a deterrencia nuclear russa.

PEDRO LOPES disse...

Estes dirigentes Russos não tem emenda.
Começo a perder a confiança nesta gente também.
Então não é que agora fizeram um acordo com o diado(Goldman Sacks) para esta pérola do mundo civilizado fazer uma campanha favorável ao clima de investimento estrangeiro na Rússia.

Depois queixem-se.
Mas alguma vez na vida, algo que possa sair desse antro de corruptos que é o Goldman Saques pode ser boa para uma nação?
O Banco que fez rebentar uma crise brutal nos EUA e resto do mundo?
Chiça!!!

Andavam tão a tomar certas medidas até que borraram a pintura toda.

PortugueseMan disse...

...A Europa, essa, não é levada em conta neste jogo e até parece já não ser um dos tabuleiros de xadrez da guerra fria...

Está esquecer-se do sistema anti-míssil. Esta situação é bem mais grave na minha opinião e não estão a conseguir resolver as diferenças (nem vão conseguir). E isto é na Europa.

Ainda há poucos dias esta matéria foi falada numa entrevista.

‘No flexibility’ in US Missile Talks - Medvedev

Russian Prime Minister Dmitry Medvedev said on Sunday he sees “no flexibility” in a dispute over US missile defense plans, warning that a new arms race could emerge if talks fail...


http://en.rian.ru/russia/20130127/179063928.html

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, o escudo vai ser instalado na Europa, mas quem decide se instalam ou não são os Estados Unidos.

PortugueseMan disse...

Meu caro, TALVEZ o escudo seja instalado na Europa.

E sim são os Estados Unidos que decidem se instalam ou não. E essa decisão foi tomada nos tempos de Bush, no entanto Obama já vai no 2º mandato e a coisa anda muito "nebulosa". O facto é que a Rússia não vê a coisa com bons olhos (e com razão) e não é por acaso que a coisa passados tantos anos ainda esteja por resolver.

Não é uma questão de decisão, é uma questão de até ondem querem ir para meter um escudo debaixo do nariz dos russos. O custo dessa decisão é que interessa. e o custo aparenta ser muito alto.

Wandard disse...

O custo será alto para a Europa.

Os russos já começaram a reagir, infelizmente o continente europeu retornará a ser o "tabuleiro de xadrez da hora"

Por fim o escudo será ineficiente.

É lamentável que no Brasil as ongs continuam envolvendo-se em questões governamentais livremente.

"Relembrando a Reserva Raposa Serra do Sol"

Sustentabilidade para inglês ver

Palavras como democracia, direitos humanos e cidadania têm sido usadas, geralmente, para negar seu sentido verdadeiro. É o que está acontecendo com a palavra "sustentável". Ela está presente no discurso ambientalista como o arroz na mesa dos brasileiros. De repente, tudo se tornou "sustentável" ou "insustentável". A cada dia se criam novos cacarecos verdes que trazem consigo a alcunha da moda.

O conceito de sustentabilidade tomou corpo no final da década de 80, após a publicação do Relatório de Brundtland, onde o termo apareceu como a forma de "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas". Tomado ao pé da letra, a viabilidade desse conceito necessitaria de um planejamento extremo da utilização dos recursos naturais do planeta.

O capitalismo é um sistema econômico baseado no lucro, na acumulação de capital e na exploração do trabalho, dentre outros fatores. Não há como se exigir de um capitalista que ele não explore todas as riquezas que estão à sua disposição, uma vez que o sistema é também baseado na concorrência e, nesta lógica, quem produz mais pode vender mais barato.

O desenvolvimento sustentável não passa de um mito sob o capitalismo. Vale lembrar que o próprio capitalismo tem se aproveitado muito bem da alcunha sustentável. A cada dia surge um "carro sustentável", um "produto de beleza sustentável" e as empresas "sustentáveis" não param de crescer. Neste sentido, as medidas que as empresas oferecem não passam de medidas cosméticas, muito pequenas dentro do contexto geral da degradação do planeta.