Texto escrito por mim para a Agência Lusa:
"A União Soviética intensificou os contactos com o Movimento Popular pela Libertação de Angola depois do levantamento de 04 de fevereiro de 1961 em Luanda, escreve o ex-agente secreto soviético Oleg Najestkin nas suas memórias “No cerco ardente do bloqueio”.
“No início de 1961 foi elaborado [no seio do KGB soviético] um plano de trabalho de espionagem em torno de Angola, comunicado ao Comité Central (do Partido Comunista da União Soviética, PCUS ) e aprovado”, recorda no livro publicado na capital russa.
É este agente, do Comité de Defesa do Estado (KGB) da ex-URSS, que se encontra com o dirigente do MPLA, Agostinho Neto, com vista a estabelecer ligações regulares com Moscovo.
Segundo Najestkin, “em meados de 1961, os agentes em Leopoldville receberam a séria tarefa do Comité Central do PCUS e da sua direção de estabelecer contacto com o presidente honorário do MPLA, Agostinho Neto, e começar a trabalhar com ele, garantindo a ligação conspirativa regular”.
O agente soviético sublinha que esse encontro ocorreu depois da fuga clandestina de Agostinho Neto, que se encontrava em Lisboa, graças a uma operação realizada com a ajuda de comunistas portugueses e com o conhecimento dos serviços secretos soviéticos.
“A sua fuga foi planeada pela direção do MPLA, mas foi realizada com a ajuda dos comunistas portugueses. Recorreram a um 'caminho-de-ferro clandestino' de antifascistas portugueses bem organizado e várias vezes experimentado, com a ajuda do qual foram retirados de Portugal para Marrocos dezenas de originários das colónias portuguesas alvos de repressão. Os nossos serviços secretos não tiveram qualquer tipo de participação nessa ação, embora soubessem que a operação estava a ser preparada”, recorda.
As primeiras notícias sobre o levantamento de Luanda chegaram à URSS no próprio dia 4 de fevereiro, através da sua agência de informação TASS.
O correspondente em Londres considera que uma das causas da revolta foi a tomada do navio “Santa Maria” pelo capitão Henrique Galvão.
“O feito corajoso do capitão Galvão e dos seus camaradas fez explodir com nova força o movimento de libertação nacional numa colónia africana de Portugal: em Angola. Na madrugada de 4 de fevereiro, nas ruas da cidade principal de Angola: Luanda, ouviram-se tiros de espingarda. Um grupo de pessoas armadas, entre os quais se encontravam tanto africanos como brancos, lançou um ataque contra as prisões militar e civil de Luanda, onde estão detidos centenas de patriotas angolanos”, escreveu o correspondente soviético".
4 comentários:
Aqui se prova a interferência externa na Guerra em Angola,onde tive a honra de combater e residir.
O PCP foi a testa de ponte dos soviéticos.Serviu interesses internacionalistas,prejudicou Portugal, em nome dum pseudo combate contra o regime.
Muitos dos nossos militares sucumbiram no conflito porque foram apunhalados nas costas por estes "vermelhuscos", aliados a socialistas soaristas e outros,levando Portugal ao estado actual de ladroagem e corrupção.com a ABRILADA.
Muita coisa há ainda a saber e seria urgente que os arquivos da PIDE,roubados pelos cunhalistas e enviados para Moscovo,regressem a Portugal,para se saber até onde foi a traição vergonhosa da gentalha,que hoje se pavoneia nos corredores do poder e se senta à mesa do Orçamento para vampirizar o esforço nacional.
REVOLUÇAO JA PARA OS ENCOSTAR AO "PAREDON"!!!
Zeus, não seja tão cruel com os humanos. Investigar sim, fuzilar não.
É só "democratas"...
O grande problema do povo (neste caso o angolano) não foi a interferência dos soviéticos e do seu satélite PCP no caminho do MPLA. Infelizmente, esse problema são os actuais dirigentes da grande nação que não souberam honrar a memória daqueles que no dia 4 de Fevereiro de 61 deram a vida e a liberdade por um país que hoje continua a explorar os seus naturais, através de uma cleptocracia (agora negra) sugadora das riquezas de Angola. Hoje, os exploradores de Angola são os capangas à volta do seu presidente e dos familiares deste, novos exploradores que sacaram para si o que a todo o povo devia pertencer.
Enquanto a esposa de dos Santos compra nas melhores lojas de Paris ou Nova Yorque e a filha é quase dona de dois bancos portugueses e não só, o povo dos musseques de Luanda e do interior do país continua a levar uma vida de miséria.
África, quando te levantas novamente?
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