Texto traduzido e enviado pelo leitor Jest
"A Ucrânia  como país independente completou 20 anos da sua história. As diferenças entre Ucrânia e Rússia  vistas pelo académico russo de origem ucraniana.
por:  Igor Iakovenko
Para  a elite política russa Ucrânia se torna um ponto de rotura, anti-ego, no  principal alvo da agressão da inconsciência colectiva. O primeiro – ministro russo  discursa sobre Ucrânia na campa do general Denikin, chamando o país vizinho da  “Pequena Rússia” e apelida de “criminosos” todos aqueles que a querem separar da  Rússia (esquecendo que exactamente essa posição ditou a derrota do Denikin). [...] Ucrânia como anti – Rússia substitui gradualmente os EUA no retrato  maniqueísta do mundo dos habitantes do Olimpo político russo.
E  não apenas porque a contraposição Rússia – EUA, apesar do seu prestígio parece cada vez  mais cómica para um país que não consegue realizar o objectivo proclamado publicamente, de alcançar Portugal. Entre os criminosos e outros grupos desviantes frequentemente existe a proibição de saída. Os criminosos  matam os renegados, alcoólicos (e drogados) tentam novamente seduzir aqueles que superaram o vício. A elite política  russa fica extremamente emocionada: “Vocês são tão soviéticos como nós, apenas provinciais! Como vocês querem entrar na Europa?!” [...]
Em  1991, 90,32% dos cidadãos da Ucrânia apoiaram a Independência estatal no referendo  popular, cerca de 8% eram contra. Dados do serviço da pesquisa sociológica “Centro Razumkov”, apontam que em 2009 a Independência seria apoiada por 52%, ¼ votaria contra, 23%  ou não decidiram ou não votariam. No Ocidente da Ucrânia a Independência é  apoiada por 86% contra 4%, a correlação no Centro é de 52% / 25%, no Leste 41% / 32%  e no Sul 36% / 32%. [...]
Mas  se perguntar Ucrânia sobre aquilo que o país quer hoje, os dados serão diferentes. A  maioria esmagadora dos ucranianos não quer a restauração da união com Rússia de  nenhuma forma. Os dados do Instituto Gorshenin mostram que apenas 9,3% dos ucranianos querem ter a moeda comum com Rússia, 8,1%  querem ter a legislação comum, 7,6% gostariam ter os órgãos comuns do poder  estatal e 5,1% o exército comum. [...]
Qualquer  um que ganhe as eleições irá continuar o projecto Ucrânia, o curso de  integração na Europa e não se integrará na Rússia. Pois Ucrânia já é diferente. Claro,  que ela não é Anti – Rússia. Ela é Não – Rússia. Isso é o resultado da sua maioridade separada.
Uma  das diferenças visíveis entre Ucrânia e Rússia é existência das eleições na Ucrânia e a  sua ausência na Rússia. Segunda diferença – o pluralismo da imprensa e a  liberdade de expressão na Ucrânia e a ausência de tudo isso na Rússia. Terceiro: o  mundo empresarial não é perseguido, tal como na Rússia. Não existe nada  parecido com a “ausência da lei” por parte da polícia. A polícia de trânsito não  conta, são como baratas, não é possível elimina-los. (Geórgia provou que isso é perfeitamente possível). 
Também  existem muitas parecenças. Corrupção. Promiscuidade entre o mundo empresarial e o  poder. A cultura empresarial, salvo erro, é pior do que na Rússia. Nas aldeias  bebem menos e não existe a falta de esperança gritante, como nas aldeias  russas. Talvez por isso a esperança da vida dos homens é maior. Embora em geral,  os ucranianos hoje são tão soviéticos como russos [...] devem “espremer” o  seu sovietismo nos próximos 15 anos, não menos do que isso. [...]
Provavelmente  a maior diferença entre dois países, é o facto da Rússia continuar  considerar-se como império. Os russos, na sua maioria, estão prontos perdoar ao poder a  limitação dos seus direitos em troca da grandeza aparente do país. Os cidadãos da  Ucrânia certamente não estão prontos para isso. O complexo imperial russo se  situa mais profundamente do que o imperialismo britânico, francês ou alemão. O imperialismo alemão foi eliminado em dois tempos. Totalmente e para  sempre. Os britânicos e franceses o perderam e se não sem a sangue, certamente de  forma consciente. Praticamente todas as nações imperiais já “espremeram” este  seu imperialismo. [...]
A  Rússia consumiu a droga imperial em jejum, praticamente na meninice, antes de se tornar o  estado nacional. Em apenas um instante histórico, entre o Ivan I e Ivan III, a Moscóvia engordou 30 (!) vezes. Somos maiores e mais grandiosos do  mundo! Nesta frase, o sentido “MAIS” foi cristalizando antes de se formar o sentido  de “NÓS”. Não importa quem somos! Importa que somos MAIS! Somos – Horda?  Boa. Importante que somos horda superlativa. Somos o Império russo?  Optimamente. Somos URSS! Belo! Importante que outra vez somos maiores e todos nós  temem. Rússia – é o supra estado energético? Mas será que MAIOR? Sim, maior, não se preocupem. OK! Serve!
Espremer  o imperialismo será difícil para Rússia também porque do ponto de vista  russo [...] o império é quando (o imperialista) tem o chapéu de coco e os locais são espancados com a chibata. Pelo  contrário, o camarada Sukhov libertava as mulheres da Ásia Central. Como isso pode ser o império?  [...] A fronteira entre a metrópole e a colónia não passa pelo mar, nem pela  terra, mas passa entre a elite e a população. Nestes condições imperialismo é  extremamente pegajoso. [...]
Tudo  supracitado permite tirar algumas conclusões.
Primeiro,  a julgar pelo comportamento das elites, nossos países entraram no seu 20°  aniversário não como maiores de idade, mas como jovens problemáticos, que não  conseguem superar os seus complexos.
Segundo,  as trajectórias da vida dos países separam-se cada vez mais. Rússia outra  vez aquece o caldeirão da nação imperial. Ucrânia já rastejou fora dele e  não pretende voltar.
Terceiro, simplesmente  é chato quando as pessoas [...] se tornam reféns dos políticos incapazes de crescer até a alcance das tarefas colocadas pela época. 
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17 comentários:
A Ucrania não é a Rússia... Então os ucranianos deveriam devolver suas pontes, sua malha ferroviária, seus portos, suas estações de energia elétrica, suas usinas hidrelétricas e pararem de fabricar armamentos, tanques e aviões militares de proveniencia russa!!!
96% da infra-estrutura ucraniana foi construída na União Soviética, com recursos do Kremlim
E estas estatísticas divulgadas não se aplicam á Criméa, de maioria russa!
Doutor Milhazes se eu lhe pedir que publique um artigo no seu blogue o Senhor concede-me essa honra?
Obrigado.
Este blog tem regras bem definidas, publica textos que não contenham insultos pessoais e não defendam ideias extremistas.
2 Zhirinovsky "The Bear" 20:35
Sei que V. Excia não costuma pensar antes de postar, mas tente reflectir nisso: Ucrânia não tem nenhuma ponte, ferrovia, porto ou estação de energia elétrica, etc., de “proveniencia russa”.
Se é verdade que muita infra-estrutura ucraniana foi construída no periodo soviético com recursos da União, não é menos verdade que termo soviético se aplica quer aos ucranianos, quer aos russos, quer às restantes repúblicas.
Já pensou em devolver a Portugal as cidades brasileiras?..
Sabes onde ficava RusKiev ? O seu papel na história do Império Russo e da Igreja Ortodoxa ? O eurasianismo surge baseado no eslavismo, papel da igreja ortodoxa junto do poder político. A Ucrânia é a Rússia e o presidente actual até é pró-russo, tendo defendido a reunificação da parte Ucraniana pró-russa. A dependência energética é o culminar da independência de Kiev face a Moscovo. RUSKIEV do sec. XXI ?
Se eu não tivesse estado nos 2 países, depois de ler este texto ficaria a pensar que se vive melhor na Ucrânia do que na Rússia. Fico feliz por existirem eleições livres na Ucrânia, que tanta prosperidade têm trazido ao seu país
Para mim, particularmente, A Ucrânia é um país menos importante que a Bulgária e Romenia!
É um país falido, devido ao próprio governo, que foi escolhido pelo próprio povo ucraniano...
Então, cada um tem o que merece...
A Ucrânia nunca será uma prioridade!
Francisco Lucrécio, vc poderia publicar seus artigos no Granma ou na imprensa oficial norte-coreana!
2 greenday1969 15:16
Sei onde ficava a Rus’ de Kyiv; Yanukovych nunca defendeu e não defende a “reunificação da parte Ucraniana pró-russa”.
Desde o dia 24 de Agosto a estação da TV Euronews começou emitir em ucraniano (24/7): http://ua.euronews.net
Eu acredito que a Rússia não vai deixar barato uma possível adesão da Ucrânia a UE, com certeza vai fazer chantagem política com o preço do gás.
Sr. Lucrécio,
Eu não posso falar pelo Sr. Milhazes, mas creio eu que este blog serve ao jornalismo e não a propaganda, por isso eu não vejo razão para ler seus "artigos" aqui. Procure os canais adequados.
o russo,
E que prosperidade a falta dela tem trazido a Rússia? Eu sei que a população russa é muito pobre.
Caro anónimo, na Rússia vejo uma classe média cada vez maior, capaz que aumentar as visitas a Portugal em 50% num ano, ou capaz de "invadir" as praias da Turquia e Espanha durante o Verão. E não só pessoas de Moscovo e São Petersburgo. Existe pobreza? Sim, muita, mas as melhorias do nível de vida na Rússia só não vê quem vive com medo do passado comunista ou quem de propósito não quer ver. Na minha opinião em 12 anos de "falsa democracia" na Rússia o país evoluiu, já a Ucrânia em 20 anos de "real democracia" é o que se vê.
A Ucrânia é o que é devido á seu povo que, em eleições democráticas, só elegeu corruptos!!!
E a Rússia é o que é hoje devido existir um visionário chamado Vladimir Putin!!!
A Ucrânia é a Argentina do Leste Europeu, sempre em 2º lugar!!!
o russo,
e nos Caucasos?
Que tem o caucaso? É uma situação que na minha opinião até está a ser melhor controlada nos últimos anos. A Espanha também tem a situação da País Basco e da ETA e quanto tempo demorou a ter a situação mais controlada lá? A grande potência Britânica quanto tempo andou a levar com o IRA? Tudo a seu tempo.
e tu anónimo, que achas dos Bielorussos e Ucranianos das regiões mais a leste que desejam abertamente voltar a ser parte da Rússia?
2 o russo 18:00
A V. Excia deveria ler o artigo em questão com mais pormenor, daí iria saber que o número destes “Ucranianos ... que desejam ... a ser parte da Rússia” é bastante pequeno, a maioria não deseja nada disso...
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