sexta-feira, junho 01, 2012

Eurovisão-2012: “Gaytana” e as cores do Bacu

 
Texto traduzido e enviado por Jest:

"Azerbaidjão, que tem todas as possibilidades de se tornar uma democracia islâmica, ao estilo da Turquia, aproveitou a sua vitória no Festival Eurovisão-2011 para modernizar a cidade capital.

por: Azad Safarov, jornalista do 5-to canal, especialmente para Life.pravda.com.ua

Se geralmente os países limitam a sua preparação à Eurovisão com a construção do palco, o Azerbaidjão transformou no palco toda a cidade capital. Em menos de um ano Bacu mudou tanto, que os próprios moradores já não o reconhecem.

Em todas as ruas centrais as pessoas arrumam, regam os relvados, lavam as janelas e limpam os fontanários. Tudo aquilo que deveria ser construído: hotéis, supermercados, estacionamentos – foram construídos. Especialmente para os turistas, todas as paragens de transporte público receberam os mapas interativos e itinerários dos autocarros. Além disso, existem e-quiosques, uma pequena estação computorizada que permite ligar ao controlador e pedir ajuda, navegar na Net, usar Skype e até ouvir a música preferida.

Azerbaidjão encarrou o Eurovisão como a possibilidade de melhorar a imagem do país. Por isso a capital aumentou a avenida principal em alguns quilómetros, comprou milhares de novos táxis britânicos e em menos de um ano construiu a luxuosa sala de concertos “Cristal Hall”. Embora a parte nova da avenida só era acessível às pessoas que tinham os bilhetes ou trabalhavam para Eurovisão.

Uma grande quantidade de seguranças à civil está presente na avenida principal e nos arredores da sala. Eles pedem educadamente aos jornalistas para não os fotografarem. Para entrar na sala de imprensa, nos primeiros dias os jornalistas tinham de passar por 5 postos de controlo, que mais tarde foram diminuindo para 2, embora o detetor dos metais, na entrada do centro da imprensa, ficou lá definitivamente. O centro fica ao lado do palco principal, consegue acomodar mais de 1000 jornalistas, que tiveram o acesso facilitado às aparelhagens, receberam os cartões telefónicos gratuitos e até a comida. A cozinha ficou no edifício da imprensa, aqui ofereciam os refrescos e canapés com o queijo azeri, nos mangais da rua faziam as espetadas, também gratuitas. Os jornalistas, que faziam as filas para comer as espetadas, diziam não se lembrar de algo parecido, “em Moscovo as pequenas canapés com linguiça custavam 2 Euros”, - conta um jornalista dinamarquês. Cada delegação também recebeu dos organizadores um autocarro luxuoso para os passeios na cidade e “comboio” automóvel para assegurar a rota entre hotel e o “Cristal Hall”.

Chocolate “Gaytana”

Os moradores de Bacu sabiam que Gaytana representa a Ucrânia, só não conseguiam memorizar o seu nome. Nem planeavam votar nela (os favoritos entre os azeris são Suécia e Turquia). Para ficar (literalmente) na boca do povo, Gaytana distribuía o chocolate com o seu nome. Na embalagem estava estampada a foto de uma mulher africana em trajes minimalistas e se dizia “não é para a venda”. Escondendo o nome da artista, o jornalista levou o chocolate ao mercado para saber se o povo irá reconhecer a afro-ucraniana. Os vendedores “reconheciam” na imagem as diversas “divas” soviéticas, outros ficaram ofendidos pois, afinal, não se tratava de uma “cantora brasileira”. Mas todos os vendedores concordaram que “moça é bonita”, embora não se veste de acordo com as regras islâmicas e prometeram votar nela.

Os lugares cimeiros em frente da tala no centro de imprensa foram ocupados pelos cerca de 40 jornalistas azeris e turcos. Na avenida, onde foi colocado um outro ecrã gigante não havia nenhum lugar vazio (os bilhetes para o concerto custavam entre 100 à 300 USD).     

Fonte:

4 comentários:

Europeísta disse...

De qualquer forma.... o Azerbaijão é uma ditadura. Seu governante arvora-se em déspota autocrata. Aquele país está bem longe de ser uma democracia. Há falta de liberdade e perseguiçoes. O atual presidente "herdou" o cargo do pai, típico de ditaduras dinásticas.

Anónimo disse...

Festival da Eurovisão: o último reduto das afirmações nacionalistas e bacocas de paises com problemas de afirmação de identidade.

Jest nas Wielu disse...

Dizem os bacocos que não conseguem
cativar ninguém...

Pippo disse...

JM, já se sabe alguma coisa acerca dos terroristas que tentaram cometer atentados em Baku?

http://pt.euronews.com/2012/05/31/autoridades-do-azerbaijao-travam-ataque-terrorista-durantefestival-da-eurovisao/

Seria interessante se noticiasse algo sobre isto, pois parece que afinal o problema do terrorismo caucasiano não afecta apenas a Rússia...