sexta-feira, setembro 14, 2012

Deputado da oposição perde mandato em véspera de manifestação anti-Putin

 A Duma Estatal, câmara baixa do Parlamento russo, privou o mandato de deputado de Guennadi Gudkov, um dos dirigentes da oposição ao Presidente Vladimir Putin.
Esta decisão, explicada pelo facto de Gudkov alegadamente continuar a dirigir empresas paralelamente à sua atividade parlamentar, o que é proibido pela lei russa, recebeu o apoio de 291 deputados, tendo-se registado 153 votos contra e 3 abstenções.
Os votos a favor vieram dos Partidos Rússia Unida, controlado pelo Kremlin, e Liberal Democrático, ultranacionalista. Os deputados do Partido Comunista e do Partido Rússia Justa, em que Gudkov milita, votaram contra.
"Antes de ser eleito deputado, Guennadi Gudkov tinha negócios, que não abandonou depois de ter sido eleito. Mais, ele continua a dirigi-los. Por isso, proponho que se analise a questão da privação do seu mandato de deputado", declarou Vladimir Malinovski, vice-procurador-geral da Rússia, antes de se realizar a votação.
Gudkov pediu a palavra para desmentir as essas informações e acusar a maioria de estar a realizar um "linchamento puramente político".
"Trata-se de uma vingança pela greve italiana, pelas manifestações na Bolotnaia... Isto não é um julgamento, mas um linchamento. E o que tem lugar aqui é uma vergonha para o país", declarou da tribuna do parlamento.
Os deputados do Partido Rússia Justa organizaram, no mês de Julho, uma "greve italiana" no parlamento a fim de evitar a aprovação de leis que, segundo eles, "limitam as liberdades no país". Essa forma de greve consiste em apresentar o maior número de emendas ao decreto-lei para adiar a sua votação final.
Além disso, Guennadi Gudkov esteve entre os organizadores das grandes manifestações de dezembro do ano passado e de março passado em Moscovo a fim de contestarem os resultados das eleições parlamentares e presidenciais da Rússia.
Gudkov, tal como Vladimir Putin, é um dos políticos russos saídos dos serviços secretos soviéticos/russos KGB/FSB, mas começou a ser alvo de fortes ataques por parte da maioria parlamentar depois de começar a criticar a política do Presidente russo e a dirigir a oposição.
"Não foi por acaso que Gudkov foi hoje expulso do Parlamento. Trata-se de mais uma forma de assustar a oposição que se prepara para amanhã [sábado] realizar mais uma grande manifestação em Moscovo", declarou à Lusa um porta-voz da oposição.
A oposição convocou para sábado a realização de uma "Marcha dos Milhões" em Moscovo, pretendendo assim mobilizar os descontentes com a política de Putin.

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