O primeiro-ministro russo,
Dmitri Medvedev, declarou hoje que a dramática situação no sistema financeiro
cipriota deve ser resolvida pelo Chipre e União Europeia, mas frisou que a
Rússia não rompeu o diálogo com Nicósia.
“A Rússia não fechou as portas à discussão sobre as possibilidades de apoiar o Chipre”, disse Medvedev numa conferência de imprensa com o presidente da União Europeia, Durão Barroso.
“Não dissemos que não queremos discutir nada, que nada queremos ouvir, que o Chipre é simplesmente um Estado membro da UE e, por isso, nos deixem em paz”, acrescentou.
Porém, o dirigente russo ressalvou que a Rússia só poderá participar na ajuda ao Chipre depois de ser elaborado um plano de saída da economia da crise.
“Temos, realmente, interesses económicos aí e estamos prontos a discutir diferentes possibilidades de apoio a esse Estado, tanto mais que já prestámos e concedemos créditos, mas só depois de ser elaborado um esquema definitivo pelos Estados da UE e pelo próprio Chipre”, acrescentou.
“Só neste caso a Rússia poderá juntar-se ao processo”, frisou.
Durão Barroso comunicou que a Comissão Europeia ainda não recebeu do Chipre as propostas de solução do problema financeiro do país, mas prometeu fazer tudo para resolver a crise.
“A última informação de que disponho consiste em que eles [cipriotas] ainda não estão prontos para formular um pacote de propostas. Nós ainda não recebemos essa resposta”, reconheceu ele.
“Os Estados membros da União Europeia estão prontos a analisar essa decisão e a tentar fazer tudo para normalizar a situação”, concluiu.
Durão Barroso e Medvedev aceitaram comentar a situação no Chipre só após várias insistências dos jornalistas.
O ministro das
Finanças cipriota, Michalis Sarris, deixou hoje Moscovo, onde se deslocou na
terça-feira para angariar apoio das autoridades russas, sem ter sido anunciado
qualquer acordo, informou uma fonte diplomática citada pela agência AFP.
Sarris procurava
conseguir que as condições do empréstimo de 2,5 mil milhões de euros, acordado
por Moscovo a Nicósia em 2011, fossem aliviadas, e tinha proposto aos russos
investimentos nos setores bancário e energético em troca de ajuda.
3 comentários:
olá Milhases. Mas que grande imbróglio. E o Durão Barroso diz o quê? Que está à espera do quê? A sério Milhases, no dia em que o Durão foi para ali, o Constâncio para acoli, o Guterres já lá anda há que anos, e por aí fora, pensei que se a CE adopa estes tipos para os governar nem sabem o que os espera de papeis e comentáriios e pareceres que não hã-de servir para nada que não seja dificultar. Sei lá Milhases. Bem sei que é um raciocínio pobre mas que queres tu que eu pense? Credo. É óbvio que o presidente russo até lhe deve estar a doer um dente de tanta falta de transparência. Mas ele que esteja também caladinho. Acho.
Olha para ti, abraços. Hoje está sol e chuva, mas o tempo está a melhorar.
encontrei-o há pouco, pela primeira vez, num artigo sobre "Leão de Tolstoi" publicado em 2006.
não sou comunista, li todos os comentários, bem como o artigo publicado.
fico feliz por o encontrar ainda por aqui.
é que, do que Portugal precisa para ser um país onde se possa respirar e viver dignamente, é de gente isenta, seja ela comunista ou o que lhe apetecer, desde que seja honesta, o que me parece não ser fácil de encontrar nos dias que correm.
hei-de voltar para ler o artigo de hoje
abraço
uma portuguesa.
Os dirigentes russos estão com crise bipolar. Quando a Europa sentou-se com Chiprê e propôs suas condições para apoiar, os russos se queixaram de que não foram consultados. Agora Medvedev diz que Chipre e Europa é que devem escontrar uma solução! É muita contradição para tão poucos dias (menos de uma semana entre uma declaração e outra).
O que os analistas deixam de considerar é que Chipre é uma exceção, não é uma regra. É um paraíso fiscal, diferentemente de Espanha, Portugal e até da Grécia. A Europa não vai aplicar as mesmas estratégias que dispensou para os outros países, isso já está claro. Não é uma questão de custo, é uma estratégia e um exemplo muito edificante da importância da política fiscal. Nenhum país da zona do Euro deveria buscar a prosperidade transformando sua economia num bordel para a economia subterrânea do mundo. A Islândia já assimilou a lição, a Irlanda já entendeu que imposto é amargo más é necessário. Mas Chipre adiou o contato com a realidade o quanto pode. O país vai ter que se impor uma política fiscal dolorosa, isso está claro.
Os russos estão sendo pouco inteligentes em sua estratégia. Não querem perder os anéis, mas correm o risco de perder os dedos. Ou querem fingir que a maioria dos bancos de Chipre estão com seus dias contados? Qual o sentido em se discutir se o confisco é justo ou injusto, quando o fato relevante da quebra dos bancos está na iminência de consumar?
O que é certo nessa iminente tragédia é que o euro não vai se inviabilizar, conforme dizem vários analistas que têm dificuldades de enxergar a diferença entre um paraíso fiscal e uma país com economia normal, como Portugal.
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