A situação na Síria foi um dos
pontos mais importantes da ordem de trabalhos da cimeira do G-8,
realizada na Irlanda do Norte.Porém, os resultados foram mais do que
modestos.
Os líderes dos países mais ricos do
mundo não desistiram da ideia da realização de uma nova
conferência internacional sobre a Síria, mas torna-se cada vez mais
evidente de que, se ela se vier a realizar, os resultados deverão
ser também nulos. Por enquanto, têm sido feitos adiamentos
sucessivos da data da sua convocação: inicialmente, de junho para
julho e, agora, já se fala talvez em Agosto ou mais tarde.
Entretanto, os mais de dois anos de
guerra civil na Síria provocaram mais de 90 mil mortos e mais de um
milhão de refugiados.
Todos estão de acordo de que é
necessário pôr fim ao banho de sangue, mas torna-se cada vez mais
difícil encontrar uma via para alcançar esse objectivo.
Os líderes mundiais não chegam a
acordo sobre os fornecimentos de armamentos a ambas as partes do
conflito. Os Estados Unidos falam da possibilidade de entregar armas
à oposição ao regime de Bashar Assad, enquanto que a Rússia
condena essa medida, considerando que elas poderão ir parar às mãos
de terroristas.
Deste ponto de vista, é compreensível
a preocupação de Moscovo, pois, amanhã, essas armas poderão
disparar algures na Europa ou nas fronteiras meridionais da Federação
da Rússia: Cáucaso, Mar Cáspio ou Ásia central. Além disso, os
russos não querem perder a sua única base militar no estrangeiro e
perderem influência na região do Médio Oriente.
Porém, o Kremlin insiste em continuar
a fornecer armas ao regime do Presidente Bashar Assad, alegando que
não viola o direito internacional, pois o governo de Damasco é
legítimo. Do ponto de vista formal, isso até pode ser verdade, mas,
de facto, o regime sírio está longe de representar o povo desse
país.
Por isso, ao armar Assad, Moscovo
também não contribui para a paz nesse país e nessa região, mesmo
que o dirigente sírio esmague a oposição e vença este combate.
Na Cimeira do G-8, foi avançado o
apelo para que ambas as partes do conflito não permitam que as armas
fornecidas pelo exterior vão parar às mãos de grupos terroristas,
o que não parece ser muito realista. A não ser que os líderes
mundiais consigam juntar na cimeira sobre a Síria as “forças
moderadas” de ambos os lados e que elas cheguem a um acordo para
solucionarem por via política o conflito e se aliem contra as forças
terroristas. Mas isto parece ser muito pouco provável.
O conflito sírio adquiriu uma dimensão
interna, regional e internacional tal que é difícil acreditar em
soluções rápidas.
12 comentários:
O problema sírio é que os países civilizados (nós) perdem sempre, aconteça o que acontecer.
Se apoiarem a guerrilha, acabarão, de uma forma ou de outra, por dar poder aos radicais sunitas (isso é garantido), e é também garantido que as armas fornecidas irão acabar por disparar na Europa Ocidental ou na Rússia, no âmbito de uma Jihad conquistadora;
Se não apoiarem a guerrilha, ou ganham os xiitas (leia-se, o Irão e o execrando Hezbollah), ou ganham os radicais sunitas (que poderão acusar o Ocidente de não os ter apoiado "para que morresse o maior número de muçulmanos possível", justificndo assim uma Jihad revanchista).
A Rússia não quererá intervir muito, por razões políticas. A entrega do S-300 servirá apenas para espantar potenciais intervencionistas, uma vez que esses mísseis não têm qualquer serventia no actual conflito. O mesmo acontecerá com os supostos mísseis anti-navio entregues às FA sírias, ou seja, neutraliza-se a ameaça naval e aérea, restando apenas a terrestre.
Como já dissera anteriormente, o Irão, via Iraque, já está a fornecer a Assad tudo aquilo que ele precisa, sendo que o Hezbollah fornece a carne para canhão (altamente treinada, diga-se de passagem). Na pior das hipóteses, o Irão poderá fornecer alguns meios (blindados, por exemplo), para manter o exército sírio na vantagem qualitativa. Ficaremos assim numa situação de status quo, em que no ar e no mar a Rússia fornece a defesa contra ameaças ou apoios externos (o que, politicamente, lhe permitirá afirmar que não apoiou o Assad contra a rebelião), e em terra, o Irão e o seu aliado Hezbollah arcarão com as responsabilidades e o ónus do apoio ao regime.
Aconteça o que acontecer, será sempre uma "loose-loose situation".
Caro Pippo,
As armas que fala no que respeita à Rússia, é tudo hipóteses possíveis.
Neste momento, não está a fornecer defesa contra ameaças ou apoios externos, mas esta decisão fica pendente do que o "outro" lado decidir.
É como agora a notícia dos aviões Yak-130 que aguardam decisão política para entrega.
E estes aviões numa guerra civil, já têm aplicação prática, enquanto que o S-300 e mísseis antí-navio, em nada contribui para o combate com os rebeldes.
Os conflitos tem um fim sempre que os governates assim o desejarem, os generais comandam uma guerra, os soldados lutam mas quem realmente faz a guerra sao os governates, triste o nosso fado e ver o mundo assim.
Falamos em conjectura, PM. Na minha opinião, a Rússia não estará muito interessada em vender material "comprometedor", isto é, que possa ser usado em combate contra os insurgentes, muito menos contra civis, por isso as hesitações quanto à venda/entrega dos Yakovlev. Politicamente isso poderia ser uma (mais uma) mancha na imagem da Rússia, que é facilmente atacável na arena internacional, tal como o é na internet...
Falamos em conjectura, PM. Na minha opinião, a Rússia não estará muito interessada em vender material "comprometedor", isto é, que possa ser usado em combate contra os insurgentes, muito menos contra civis, por isso as hesitações quanto à venda/entrega dos Yakovlev. Politicamente isso poderia ser uma (mais uma) mancha na imagem da Rússia, que é facilmente atacável na arena internacional, tal como o é na internet...
Caro JM,
Nem todos os "posts" estão a aparecer, eu neste artigo coloquei mais que não apareceu.
Está a aplicar algum filtro, ou simplesmente os posts não estão por algum motivo a chegar?
Tudo conjecturas meu caro, estamos de acordo.
E já agora acrescento que achei no mínimo irónico o que os espanhóis fizeram.
Desmantelar uma rede que fornecia mais gente para tirar Assad do caminho.
Então e Europa e EUA não querem entregar armas aos rebeldes? então não os deviam prender, pagavam o bilhete de ida e forneciam já o armamento a estes...
Só tinham que assinar um documento em como se comprometiam a fazer actos terroristas apenas contra Assad.
É que realmente parece mal, andar a fornecer armamento a estes "rebeldes" e depois de tirarem de lá Assad, irem fazer pontaria aos políticos europeus...
Caro PM, publico tudo o que recebo, salvo raras excepções, mas os seus comentários que recebi foram todos publicados.
Obrigado pelo o esclarecimento.
É que então nem todos os post's estão a chegar, o que é estranho.
Já não é o primeiro post a que isto acontece.
Neste caso por exemplo, o primeiro post meu que aparece neste artigo é dirigido ao Pippo, mas eu tinha feito minutos antes um outro a comentar este artigo.
E eu tenho estado com atenção a cada post a ver se indica que foi processado.
Deve haver algo que não corre bem, apesar de receber indicação que foi submetido.
"o regime sírio está longe de representar o povo desse país". Não sabia. Com certeza escapou-se-me a informação acerca da realização do referendo.
Quem financia os rebeldes?
"Quem financia os rebeldes?"
Uma série de entidades e indivíduos, sobretudo muçulmanos sunitas, como os que vêm referidos nestes artigos:
http://rt.com/news/snc-gulf-countries-fund-rebels-972/
http://english.al-akhbar.com/node/16160
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