O "famoso homem de negócios" russo-israelita-angolano, Arkadi Gaydamak, foi detido na Suíça, informa a imprensa russa. Segundo um dos seus advogados, ele foi detido por queixa de um treinador de futebol, a quem devia 400 mil euros. Porém, considera que o motivo da detenção é o Angolagate. Gaydamak foi acusado de tráfico de armas: organizou fornecimentos de armas da Europa Oriental para Angola no valor de 790 milhões de dólares, nomeadamente 150 mil munições, 12 helicópteros, seis navios de guerra.
Além disso, Gaidamak esteve envolvido na operação de desvio de parte signifcativa da dívida da URSS/Rússia a Angola (uma dívida no valor de 7 mil milhões de dólares foi transformada numa dívida de pouco mais de 100 milhões). Claro que esta operação teve o apoio e conivência de políticos russos e angolanos de topo, pois as comissões eram grandes.
Um tribunal francês condenou-o à revelia a 6 anos de prisão, pena que mais tarde foi reduzida para três anos França a seis anos de prisão. Era procurado pela Interpol.
Para os que não se lembram, recordo que o Angolagate foi denunciado no jornal Público pelos jornalistas Pedro Rosa Mendes e José Milhazes em 2000. Os jornalistas, bem como o director José Manuel Fernandes, foram alvos de dois processos por difamação da parte de José Eduardo dos Santos e Arkadi Gaydamak e, depois de vários anos no tribunal. Mandei encaixilhar e pendurar numa parede de casa a decisão do Tribunal Criminal de Lisboa de não dar andamento à queixa por difamação apresentada por José Eduardo dos Santos, actual Presidente de Angola. Modéstia à parte, a escrita desse artigo com Pedro Rosa Mendes foi um dos pontos altos da minha carreira de jornalista.
Porém, os tribunais portugueses decidiram dar andamento à queixa apresentada por Arkadi Gaydamak, também por difamação. Entre outras coisas, ele exigia uma indemnização de 40 mil euros dos jornalistas e do jornal Público. A juiz fazia questão de que pelo menos um dos "difamadores" estivesse presente nas sessões e, por isso, ou eu, ou o Pedro devíamos vir a Lisboa. Como Moscovo é mais perto do que Díli, onde nessa altura o Pedro era correspondente da Lusa, então eu tive mais presenças.
A juiz exigia dos advogados de Gaidamak, de um conhecido escritório de advogados de Lisboa, que entrassem em contacto com o "homem de negócios caluniado" para ele comparecer no julgamento.
Gaidamak não vinha, pois já existia um mandado de captura da Interpol, e o processo arrastou-se durante meses, anos. Depois, o dito escritório abandonou a defesa do russo-israelita-angolano, pois parece que o acusador não abria os cordões à bolsa para pagar o trabalho dos advogados.
Foi nomeada uma defensora pelo Estado português para Gaidamak, pois a juiz fazia questão em continuar o processo, que parecia não ter fim. Não obstante a imprensa internacional já ter gasto rios de tinta no Angolagate, a juiza portuguesa continuava convencida de que o julgamento devia continuar. Até que, certo dia, fomos informados de que o processo foi arquivado.
Mas ainda há muitos mistérios em toda esta história, por exemplo, como é que Gaidamak não receou ser detido quando viajou para a Suíça? Será que recebeu de alguém garantias de segurança? Será que estava convencido de que não iria cumprir a pena de prisão em França.
Gaidamak foi sempre um homem muito ligado ao clão de José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, principalmente a uma das suas filhas. Por isso, irei continuar a seguir atentamente este caso.
Muito bem. Chapelada.
ResponderEliminarJM, da maneira como as coisas andam, e com o nível de subserviência das nossas autoridades à "gens" dos Santos, qualquer dia é você que é preso ao chegar a Portugal, e não irá poder pagar aos advogados porque a sua conta terá sido cativada a mando da accionista Isabel...
ResponderEliminarClão ou clã?
ResponderEliminar"muito ligado ao clão de José Eduardo dos Santos..." - penso ser clã
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