Em
política externa não existe vácuo e Moscovo mostra que não tem
pejo em “entrar em qualquer buraco” para reforçar as suas
posições internacionais.
Enquanto
os EUA anunciam que está suspensa a cooperação militar com o
Egipto devido ao golpe militar nesse país, a Rússia enviou, no dia
14 de Novembro, ao Cairo dois pesos-pesados da Defesa e da
Diplomacia: Serguei Choigu, ministro da Defesa, e Serguei Lavrov,
ministro dos Negócios Estrangeiros. Estes encontraram-se com os seus
homólogos egípcios: Abdal Fattah as-Sissi e Nabil Fahmi.
É
de sublinhar que Abdal Fattah as-Sissi tem fortes possibilidades de
vir a ser o futuro Presidente do Egipto.
Claro
que o Kremlin “condenou” o golpe militar no Egipto e o derrube do
regime da Irmandade Islâmica, mas isso foi apenas para inglês ver e
para que os inocentes acreditem que Moscovo está contra qualquer
mudança violenta de regimes democraticamente eleitos. Em política
externa não há princípios, nem amigos, mas interesses.
Segundo
foi tornado público, o Kremlin está disposto a fornecer armamentos
ao Egipto no valor de cerca de 4 mil milhões de dólares,
nomeadamente mísseis de médio alcance capazes de atingir alvos em
qualquer país do Médio Oriente e no Irão. Além disso, esse
dinheiro poderá servir para modernizar armamentos soviéticos das
Forças Armadas egípcias e para adquirir aviões de combate
modernos, meios de defesa anti-aérea.
A
imprensa russa escreve que a Rússia está disposta a fornecer
armamentos de alta precisão se o Egipto autorizar os navios russos a
entrarem nos portos egipcíos ou a criar aí bases navais. Nos anos
de 1960 e 1970, vigorou um acordo soviético-egípcio nesse campo e
Moscovo gostaria de ver renovado.
Uma
base naval no Egipto seria uma forte conquista da diplomacia russa,
pois trata-se de uma região estratégica fulcral. Por enquanto, as
autoridades egípcias rejeitam qualquer possibilidade nesse sentido,
mas isto pode ser simplesmente uma forma de fazer aumentar o preço
do futuro acordo.
Isso
é tanto mais importante se se tiver em conta que Moscovo tem cada
vez mais dificuldade em utilizar a sua base naval na Síria, devido à
guerra civil nesse país.
O
derrube de Muhamed Morsi do poder e o combate à Irmandade Muçulmana
devem gozar do apoio de Moscovo, pois essa organização foi
considerada extremista e apoiante dos separatistas islâmicos no
Cáucaso do Norte.
...e para que os inocentes acreditem que Moscovo está contra qualquer mudança violenta de regimes democraticamente eleitos. Em política externa não há princípios, nem amigos, mas interesses...
ResponderEliminarMeu caro,
E qual é o fornecedor de armas que se preocupa com isso?
E olhe que entre a mudança violenta do Egipto e a mudança violenta da Síria vão uns milhares de mortos.
E estamos assistir a uma mudança de regime violenta com o apoio de democracias, que parece que tudo se justifica para implemntar a democracia num país, morra o que morrer.
Em política externa como diz não há amigos, há interesses.
Mais do que uma base naval pode ser um controlo mesmo que dissimulado do Canal do Suez, a eterna busca da Rússia pelos "choke points" navais.
ResponderEliminarCumpts
Manuel Santos