sexta-feira, novembro 15, 2013

Rússia à "conquista" de base militar no Egipto

Em política externa não existe vácuo e Moscovo mostra que não tem pejo em “entrar em qualquer buraco” para reforçar as suas posições internacionais.
Enquanto os EUA anunciam que está suspensa a cooperação militar com o Egipto devido ao golpe militar nesse país, a Rússia enviou, no dia 14 de Novembro, ao Cairo dois pesos-pesados da Defesa e da Diplomacia: Serguei Choigu, ministro da Defesa, e Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros. Estes encontraram-se com os seus homólogos egípcios: Abdal Fattah as-Sissi e Nabil Fahmi.
É de sublinhar que Abdal Fattah as-Sissi tem fortes possibilidades de vir a ser o futuro Presidente do Egipto.
Claro que o Kremlin “condenou” o golpe militar no Egipto e o derrube do regime da Irmandade Islâmica, mas isso foi apenas para inglês ver e para que os inocentes acreditem que Moscovo está contra qualquer mudança violenta de regimes democraticamente eleitos. Em política externa não há princípios, nem amigos, mas interesses.
Segundo foi tornado público, o Kremlin está disposto a fornecer armamentos ao Egipto no valor de cerca de 4 mil milhões de dólares, nomeadamente mísseis de médio alcance capazes de atingir alvos em qualquer país do Médio Oriente e no Irão. Além disso, esse dinheiro poderá servir para modernizar armamentos soviéticos das Forças Armadas egípcias e para adquirir aviões de combate modernos, meios de defesa anti-aérea.
A imprensa russa escreve que a Rússia está disposta a fornecer armamentos de alta precisão se o Egipto autorizar os navios russos a entrarem nos portos egipcíos ou a criar aí bases navais. Nos anos de 1960 e 1970, vigorou um acordo soviético-egípcio nesse campo e Moscovo gostaria de ver renovado.
Uma base naval no Egipto seria uma forte conquista da diplomacia russa, pois trata-se de uma região estratégica fulcral. Por enquanto, as autoridades egípcias rejeitam qualquer possibilidade nesse sentido, mas isto pode ser simplesmente uma forma de fazer aumentar o preço do futuro acordo.
Isso é tanto mais importante se se tiver em conta que Moscovo tem cada vez mais dificuldade em utilizar a sua base naval na Síria, devido à guerra civil nesse país.

O derrube de Muhamed Morsi do poder e o combate à Irmandade Muçulmana devem gozar do apoio de Moscovo, pois essa organização foi considerada extremista e apoiante dos separatistas islâmicos no Cáucaso do Norte. 

2 comentários:

  1. ...e para que os inocentes acreditem que Moscovo está contra qualquer mudança violenta de regimes democraticamente eleitos. Em política externa não há princípios, nem amigos, mas interesses...

    Meu caro,

    E qual é o fornecedor de armas que se preocupa com isso?

    E olhe que entre a mudança violenta do Egipto e a mudança violenta da Síria vão uns milhares de mortos.

    E estamos assistir a uma mudança de regime violenta com o apoio de democracias, que parece que tudo se justifica para implemntar a democracia num país, morra o que morrer.

    Em política externa como diz não há amigos, há interesses.

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  2. Mais do que uma base naval pode ser um controlo mesmo que dissimulado do Canal do Suez, a eterna busca da Rússia pelos "choke points" navais.

    Cumpts
    Manuel Santos

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