sábado, junho 14, 2014

De onde vêm as armas sofisticadas dos separatistas?

   
                (No filme, do lado esquerdo vê-se as luzes do avião e o clarão ao ser atingido)

Moscovo não se cansa de apelar ao fim da operação dos militares ucranianos no sudeste da Ucrânia, mas, por outro lado, os separatistas empregam armas cada vez mais sofisticadas nos combates, que recebem da Rússia.
Hoje, um avião de transporte IL-76 ucraniano foi abatido ao aterrar no aeroporto da cidade de Lugansk, tendo morrido cerca de 49 pessoas. Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, o aparelho foi atingido por fogo disparado de uma bateria anti-aérea e de metralhadoras pesadas.
Num momento em que as forças armadas ucranianas ganham terreno aos separatistas, estes recebem armas e equipamentos cada vez mais sofisticados da parte da Rússia. O Kremlin preocupa-se cada vez menos em esconder esse facto, pois, na semana passada, três tanques russos atravessaram a fronteira.
Além disso, não é segredo para ninguém que centenas de cidadãos da Rússia, na sua maioria com experiência militar em pontos quentes como Jugoslávia, Chechénia, etc., combatem ao lado dos separatistas pró-russos. Segundo a imprensa russa, já são muitos os que regressaram a casa num caixão, mas, neste caso, o Kremlin não tem pressa em convertê-los em heróis.
Quanto Petro Porochenko tomou posse do cargo de Presidente, ele propôs um cessar de fogo e mostrou-se disposto a começar conversações sobre a descentralização do poder, Moscovo saudou a proposta, mas os separatistas recusaram tal proposta, alegando que só aceitam conversações depois de Kiev reconhecer a independência das “repúblicas populares” de Lugansk e Donetzk.
Nesta situação, basta que o Kremlin encerre a sua fronteira com a Ucrânia ou obrigue os separatistas a sentarem-se à mesa das conversações para que o cessar de fogo se transforme numa realidade, mas a táctica parece ser outra.
É de assinalar que o conflito na Ucrânia começou quando o governo de Kiev se preparava para assinar um Acordo de Associação com a União Europeia contra a vontade de Moscovo. O Kremlin viu nessa aproximação uma ameaça à sua política de controlo do chamado “estrangeiro próximo”.
Agora que a Ucrânia se prepara para assinar o Acordo de Parceria com a UE, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, vem dizer que o seu país tem uma palavra a dizer nesse sentido. Numa conversa telefónica de Putin com Durão Barroso, realizada no dia 13 de junho, foram acordadas “consultas entre a Rússia, UE e Ucrânia, ao nível de peritos, no contexto da preparação da assinatura do Acordo de Associação entre UE e a Ucrânia”.
Claro que se pode tratar de uma coincidência, mas o derrube deste avião pode ser interpretado como um sinal da forma como o Kremlin pretende dialogar. Moscovo tenciona manter alavancas de influência e pressão sobre a Ucrânia e a instabilidade no país vizinho é uma delas.

Nesta situação, e tendo em conta as posições divergentes na UE face à Rússia, são muitos os ucranianos que receiam que o seu país continue a ser moeda de troca e alvo de acordos obscuros e nada transparentes entre Moscovo, Bruxelas e Washington. 

9 comentários:

Astromac disse...

O José Milhazes esqueceu-se da palavra "tanques" em "três russos". Parece que estes tanques foram roubados de bases ucranianas na Crimeia, para minimizar o escândalo óbvio de ter tanques claramente russos a invadir a Ucrânia. Mais um sinal das manipulações claras da Rússia de modo a, pouco a pouco, ir subindo a parada e asfixiando a liderança ucraniana.

Muito provavelmente a maioria dos comentadores aqui dirá que estes tanques, tal como o resto dos equipamentos militares, foram comprados no eBay pagos pelo próprio bolso por estes "voluntários ucranianos".

N. Amorim disse...

uraaaaaaaaaaa...voltamos a ter noticias do conflito.

Espera, foi um aviao Ucraniano abatido, confirma-se a dualidade do jornalismo Ocidente desejoso de caso beli.

Aqui tem material para outra peça "jornalistica"

https://www.youtube.com/watch?v=Dh4SU9fXml8

http://s5.pikabu.ru/post_img/2014/06/13/10/1402674282_1782723535.jpg

PS: Qual a definição que atribui aos ISIS ? Freedom fighters (na Siria) ou terroristas (no Iraque). E quem os armou ?

Anónimo disse...

O derrube de um lento avião de transporte em manobras de aterragens é como matar pardais com fisgas e isso fazia eu quando era criança.. Não passa pela cabeça de ninguém, com o minimo de conhecimentos militares, operar com meios aéreos numa zona de conflito volátil sem ter assegurado um perimetro de segurança á volta das zonas de aterragem.. Isto independentemente de toda a gente saber, que a Rússia, tal como qualquer potência, joga nos dois carrinhos. Apoio militar a insurgentes e manobras diplomáticas, com vista a obter vantagens e alcançar os seus objectivos politicos.

Unknown disse...

http://dinamicaglobal.wordpress.com/2014/06/14/sem-a-ajuda-do-kremlin-russos-atuam-na-ucrania/

Anónimo disse...

Qual a "arma sofisticada" que abateu o IL? Segundo informação do próprio ministério da defesa ucraniano, bastou o avião ser "tocado" por um simples disparo de metralhadora pesada. Tanto o avião como a metralhadora são de fabrico russo, como tudo na Ucrânia, mas de geração mais antiga. A guerra é a guerra, o adjectivos não a resolvem, por mais "sofisticados" que sejam.
Filipe Guerra

Anónimo disse...

Creio que a Rússia permite a passagem de combatentes e armas pela sua fronteira com a Ucrânia.

Nada de novo e nada de diferente.

Também Kiev conta com batalhões de combatentes estrangeiros para lutar contra os rebeldes.

Neo-fascistas vindos de diversos países, como a Rússia e Itália, como é visível nesta reportagem:

http://www.youtube.com/watch?v=UpKaoy35blc

Para além dos batalhões de milícias que lutam ao lado do exército de Kiev, existirão também mercenários estrangeiros contratados pelo oligarca mais rico da Ucrânia, fora os consultores militares americanos.

A guerra na Ucrânia começa a assemelhar-se à guerra civil espanhola em que combatentes, voluntários e ucranianos, engrossam as fileiras dos bandos e exércitos armados de cada facção.

Por isso não percebo a admiração ou o ultraje com que José Milhazes reage à existência de combatentes e armas vindos da Rússia, tanto mais que existem laços familiares, culturais e históricos entre os dois lados da fronteira, o que não sucede com alguns dos elementos milicianos de Kiev, que vêm de países ocidentais sem o mínimo de laço histórico com os povos da região.

É ver que existiram voluntários sérvios na Crimeia e existirão muito provávelmente no leste da Ucrânia, que para lá fora segundo uma antiga tradição de auxílio militar que remonta há séculos segundo uma profunda ligação histórica, cultural e religiosa que os une aos russos.

Há que levar em consideração estas antigas alianças e/ou solidariedades, assim como o código dos cossacos que os obriga a ir em auxílio dos seus povos-irmãos.

De resto, se o avião foi abatido com recurso a um sistema portátil de defesa terra-ar, obviamente que um sistema desse tipo só poderia vir da Rússia. Não da sociedade russa, mas sim do exército russo.

Agora, segundo informação dos media, o avião terá sido abatido por uma metralhadora anti-aérea de calibre pesado, quando voava a baixa velocidade e altitude em aproximação à pista.

Metralhadoras desse tipo abundam na região, pelo que não pode o José Milhazes vir dizer que se trata de uma arma sofisticada fornecida pelas autoridades russas e que se trata de um sinal inequívoco de uma política russa de apoio a rebeldes e fomento à desestabilização.

Merecedor de espanto em toda esta situação só vejo o amadorismo e aventureirismo das autoridades de Kiev que fazem uso de um aeroporto não seguro por um perímetro de segurança.

Quanto aos 3 tanques russos, parece-me que o José Milhazes aceita como bom e verdadeiro tudo o que seja notícia anti-russa que venha de Kiev e dos media ocidentais.

Também existem relatos que 2 tanques de Kiev passaram a fronteira e entraram na Rússia, onde terão sido interceptados pela guarda fronteiriça e nem por isso se pode afirmar que essa notícia seja verdadeira.

Pippo disse...

As "armas sofisticadas" podem ser perfeitamente as ZSU-23-2 que as forças ucranianas do Leste capturaram ao governo de Kiev.

Esta é uma delas:
https://www.youtube.com/watch?v=bFrmfzjyVSc

É sofisticadíssima. Estreou-se em 1960.

Mais umas vez, duas coisas surpreendem-me neste artigo:

1 - "na semana passada, três tanques russos atravessaram a fronteira" - Presumo que o JM tenha provas da sua afirmação, ou basta a palavra das autoridades de Kiev? Como os CARROS DE COMBATE (tanques são os de lavar roupa!)do tipo T-64 até eram fabricados em Kharkov e o Exército de Kiev começou recentemente a recondicionar centenas de carros que tinha em stock, a presença de três veículos na Ucrânia só pode ter mesmo origem em Moscovo...

2 - "Quanto Petro Porochenko tomou posse do cargo de Presidente, ele propôs um cessar de fogo e mostrou-se disposto a começar conversações sobre a descentralização do poder, Moscovo saudou a proposta, mas os separatistas recusaram tal proposta, alegando que só aceitam conversações depois de Kiev reconhecer a independência das “repúblicas populares” de Lugansk e Donetzk." O JM deve ter-se esquecido que o mesmo Porochenko impôs, como condição prévia, a deposição imediata das armas por parte dos separatistas ucranianos. Claro que o JM acha que é isso mesmo que eles deveriam fazer, mas esta rapaziada, obviamente, não é parva.

3 - "Nesta situação, basta que o Kremlin encerre a sua fronteira com a Ucrânia ou obrigue os separatistas a sentarem-se à mesa das conversações" Pois, pelos vistos, parece que têm sempre de ser os mesmos a ceder. Porque é que não há de ser Kiev a ceder? Porque é que não concedem a autonomia ou mesmo independência a Donetsk e Lugansk? Ou será que se beneficia Moscovo não pode ser coisa boa?

Anónimo disse...

A crise começou quando a Ucrânia tenciona assinar acordo com a UE?! Não foi ao contrário ( foi em Novembro que a crise começou e as pessoas ainda se lembram). A russia vê o Ocicente a cercar as suas fronteiras e o apoio aos manifestantes, que logo passaram a ser designados como democratas, foi imediato.
Gostaria de ver manifestantes numa capital europeia a insurgir-se contra um acordo internacional efectuado por um regime democraticamente eleito( tipo o nosso tratado orçamental) e os países vizinhos dizer que estavam a lutar pela sua liberdade.

O ocidente e o russos são farinha do mesmo saco mas neste caso parece que o saco ocidental cheira pior

Pippo disse...

Confirma-se, o avião foi abatido por um MANPAD 9K38 Igla (código NATO SA-16/18/24). Os SA-16/18 são usados por vários países, nomeadamente a Ucrânia.
Obviamente a gente já sabe que, obrigatoriamente, estes mísseis terão de ser provenientes da Rússia, mesmo que disso não haja provas...

Entretanto, as forças separatistas ucranianas emboscaram uma coluna de guardas fronteiriços perto de Mariupol, matando três guardas e ferindo quatro.

E na cidade de Gorlovka, as forças ucranianas, sob o comando do antigo tenente-coronel russo Igor Bezler, alegam ter abatido um caça-bombardeiro Su-25 das forças kievitas que estava a executar um ataque ao quartel das forças de auto-defesa locais.