quarta-feira, julho 30, 2014

A vingança serve-se a frio



Segundo artigo escrito para www.observador.pt

Principalmente hoje, devido aos graves acontecimentos na Ucrânia, há muitos que defendem um isolamento político, económico e financeiro total da Rússia. Não concordo, sou absolutamente adepto de uma integração cada vez maior desse país na comunidade internacional. Esta é uma das formas capazes de obrigar o Kremlin a cumprir o Direito Internacional. A não ser que Moscovo esteja mesmo interessado em isolar-se do mundo e continue a violar as leis internacionais sempre que ache por bem. Quando é preciso (matança da Chechénia pelas tropas russas), o Kremlin defende o direito à integridade territorial, mas quando é preciso ocupar partes de países vizinhos (Ossétia do Sul, Abkházia ou Crimeia), aí já vai pelo direito dos povos à autodeterminação.
Por exemplo, na segunda-feira, 28 de Julho, a imprensa russa anunciou que o Tribunal Arbitral de Haia obrigou a Rússia a pagar uma indemnização de 50 mil milhões de dólares até 15 de Janeiro de 2015 aos ex-accionistas da YUKOS, petrolífera que foi confiscada a um dos oligarcas russos Mikhail Khodorkovsky e transformada na empresa “publica” Rosneft, dirigida pelo silovik Igor Setchin, um dos braços direitos de Putin.
Mikhail Khodorkovsky e o seu sócio Platon Lebedev, num processo judicial claramente político, foram condenados a 10 anos de prisão, pena cumprida quase na íntegra.
Como se costuma dizer a vingança serve-se fria e parece ser o que Lhodorkovsky e Lebedev estão a fazer, em nome do que eles consideram ser a justiça.
Os ex-accionistas da YUKOS tinham pedido uma indemnização de 114 mil milhões de dólares, mas o tribunal de Haia reduziu-a quase a metade. Mesmo assim, 50 mil milhões de dólares é muito para um país cujo orçamento anual ronda os 370 mil milhões de dólares. Além disso, Moscovo deverá pagar as custas do preço, que serão mais uns milhões de dólares.
Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, prometeu que Moscovo “ irá lançar mão de todos os meios jurídicos a fim de defender os seus interesses no processo instaurado na base da demanda dos antigos accionistas da YUKOS e Haia”.
Pois bem, é o direito da Rússia de recorrer a sentenças desfavoráveis, mas, se perder, terá de desembolsar quantia tão significativa. Caso não o faça, os seus bens no estrangeiro podem ser arrestados.
O Kremlin já teve essa triste experiência nos anos 90.


15 comentários:

ANTI-COWBOY disse...


Acho que o "Diário da Rússia" de 29/7/2014 caiu na armadilha ao anunciar que "Piloto do caça SU-25 da Ucrânia assume ter derrubado Boeing da Malásia".Esse piloto em entrevista ao site alemão (Verdade para a Alemanha) assume a responsabilidade pela queda do avião da Malásia,o Boeing 777.
Esta notícia é,como parece evidente,infantil.Então vem agora um piloto ucraniano dizer "fui eu".Trata-se de mais uma manobra do poder ucraniano,não sei se em articulação com os EUA,que são férteis nestes infantilismos de tentar fazer crer que os russos arranjam argumentos inacreditáveis, que só os desprestigiariam,com arranjos tão mal sustentados.Enfim.
Agora outro assunto.Com esta história do reforço das sanções contra a Rússia,de que não tenho dados para concluir dos efectivos resultados práticos a longo e mesmo a médio prazo,gostaria de ler,sobre este assunto,de alguém deste blog mais conhecedor destas questões,um artigo que nos pudesse esclarecer com alguma profundidade estas matérias inter-económicas e até financeiras.
Pode haver apenas o dado evidente de se tentar mostrar à população ocidental em geral a enorme força do ocidente sobre a fraca e débil economia russa.Para além de sabermos o que isto revela de medo enorme de uma hipotética resposta militar russa na Ucrânia,porque só ataca quem tem medo ou se sente fraco,e é nesse sentido que se costuma dizer que a melhor defesa é o ataque,há sempre uma possibilidade da situação se deteriorar de tal maneira que sejamos atirados para um conflito generalizado que terá a Europa por vítima principal mais uma vez, porque não consegue libertar-se da América,não sei muito bem porquê,mas revelando,a meu ver,uma falta de visão geoestratégica até por razões geográficas mas não só.A Rússia pode fornecer à Europa material pesado e infraestruturas energéticas enquanto a Europa pode fornecer à Rússia essencialmente bens de consumo corrente a todos os níveis.Seria uma dupla imparável ainda para mais com uma China muito mais parceira.Mas a Europa como barata tonta não sabe para onde se deve virar porque perdeu a última guerra,e ainda bem,mantendo contudo o cordão umbilical a uma América que com alguma facilidade se poderia isolar como potência que teria que praticar uma política isolacionista que aliás tem defensores nos próprios EUA já há umas décadas largas.
A Europa sabe que é produto da barbárie ainda.Essa circunstância é bem visível até com o recrudescimento dos nacionalismos após a queda da URRS,a oriente,mas mesmo a ocidente.Vemos a Espanha,um autêntico mosaico de Nações,a Suiça,os Balcãs e a Própria Bélgica dos flamengos e valões e a dificuldade em construir-se uma Europa Federal em que já ninguém acredita.A última guerra foi ganha pela URSS,EUA e Inglaterra ainda assim, porque não a perdeu completamente e na prática nunca foi verdadeiramente Europa assumida, principalmente depois da 2ª guerra mundial.A falta de visão estratégica da Europa de hoje aflige-me de facto.Para a criação de uma Euroasia que partilho com a política russa era uma boa aposta da Europa que afastaria de todo, sempre uma possibilidade de invasão futura por parte da Rússia conjuntamente com a China com a capacidade,como aqui,neste blog, já o referi de, em situação de extrema necessidade, poder mobilizar 200/250 milhões de pessoas para uma possível guerra,o que tornaria impossível uma resistência da Europa e da América no terreno.Falo de uma guerra clássica porque outra seria completamente impensável.Mas, infelizmente, esta Europa para lá caminha e a passos mais largos do que se pensa com esta política de enfeudamento completo aos EUA.E isto toca-nos a todos nós e teremos e devemos ser parte da solução e não do problema,e já não se trata de ideologias,trata-se de subsistência para nós e para os nossos filhos.

ANTI-COWBOY disse...

Não consegui enviar-lhe o texto todo porque tinha caracteres a mais JM.Mas sobre o seu artigo, concordando com as primeiras linhas,gostaria apenas de lhe dizer que nunca existirá isolamento da Rússia.Basta observar o que se passa com a nova evolução tão importante dos BRICS e com a disposição da Rússia se abrir ao mundo e à economia global fazendo tudo para ser uma potência efectivamente cooperante.Aliás esta circunstância é bem visível para todos.Mas se o ocidente não quiser o futuro grande pólo de desenvolvimento deslocar-se-à inexoravelmente para oriente e isso será muito mau para a Europa e portanto para todos nós como julgo ter explicado na última intervenção.

Paulo disse...

A Russia seria bem vinda ao concerto das nações como o foi a Alemanha Federal e a REpública Italiana.

Mas ao mesmo tempo, nunca seria aceitável que ingressasse nesse grupo de nações, um país como a Alemanha de Hitler ou como a Itália de Mussolini.

O estado russo, infelizmente, por causa dos sonhos de grandeza de um antigo agente da PIDE russa, tem-se vindo a transformar num estado proto-fascista, com todos os tiques e características da Itália fascista de Mussolini. Estado forte, sistema judicial de fachada, imprensa completamente controlada, assassinato de opositores políticos e um sistema parlamentar, onde todos os representantes são vistoriados pelo grande líder.

A Russia, dá mais importância aos BRIC que qualquer outro país do mundo, para dar a impressão de que não está isolada.

Na realidade os BRIC são uma invenção americana, que é inconciliável. A China e a Russia são impérios agressivos, a India é uma democracia condicionada por uma inacreditável diversidade étnica e o Brasil, é uma democracia, que aceita os BRIC, enquanto o partido dos trabalhadores estiver no poder.

A única coisa que une os BRIC é o fanatismo anti-americano de uns e a irritação com o fato de os americanos continuarem a mexer os pauzinhos em muitos lugares.

A Russia é um país xenófobo e voltado para dentro por natureza. Eles olham-se como o centro do mundo e dividem os outros em dois grupos:

Os macacos inferiores: Sul americanos, asiáticos, árabves.

Os cães arrogantes: Americanos, europeus e japoneses

Tanto é assim, que até a versão estalinista do comunismo, implicava que a URSS seria o centro do mundo, ou a luz do sol na terra, como lhe chamava o Cunhal

Não há volta a dar à realidade. A imagem internacional da Russia condiciona tudo. E essa imagem internacional nunca esteve tão baixa.

Bastaria lembrar que, por espantosa coincidência, o país asiático onde a Russia tinha melhor imagem, ERA, repito ERA a Malásia.

O polo de desenvolvimento do mundo já se deslocou para a Ásia à muito tempo, mas esse desenvolvimento faz-se no Pacifico e no Indico e não passa pelas desoladas estepes da Sibéria.

Por razões geográficas, mas também por razões culturais, a Russia está isolada do mundo.

Na Ásia, a Russia é um país minusculo com 7 milhões de habitantes. A Russia existe na Europa, onde se encontra a esmagadora maioria da sua população.

E por muito que custe ao Putin, ao Alexander Dugin e aos muitos proto-fascistas do império, Berlim, fica a 1600km de Moscovo. Pequim fica a 5800

antónio m p disse...

O José Milhazes está em condições de confirmar que o Partido Comunista da Ucrânea que tinha cerca de 13% nas eleições anteriores, foi agora proibido no país? E qual é a explicação legal e democrática?!

José Manuel disse...

A ler com atenção:

http://blasfemias.net/2014/07/30/destrocos/#comments
by Gabriel Silva
"A situação interna ucraniana é ela mesma um verdadeiro destroço. Dadas as dificuldades sentidas no desenrolar da guerra civil em curso, o Parlamento da Ucrânia aprovou uma lei de mobilização militar parcial, de modo a garantir vir a ter tropas frescas. Sob pena de todo o esforço militar colapsar por falta de meios, pois prossegue a conquista e bombardeamento das pequenas aldeias em redor de Donetsk.

Por outro lado, procurando silenciar sinais contrários à verdade oficial, o mesmo Parlamento aprovou a dissolução do grupo parlamentar do Partido Comunista, no ambito de um processo em curso que visa a sua ilegalização.

E para rematar, o governo chefiado por aquele tipo que chamava aos seus concidadãos de língua russa como sendo «sub-humanos», colapsou face à retirada de apoio de dois partidos. É que o figurão já terminou o seu papel útil, que era conseguir o grosso cheque da UE para os próximos anos. Agora é tempo de repartir o bodo. Algo complicado, tantos os grupos a satisfazer. As eleições gerais que aí virão (e que a UE tanto queria evitar) já permitirão mostrar a verdadeira face dos grupos que tomaram o poder revolucionariamente em fevereiro passado."

Anónimo disse...

Ó pró dr. Milhazes tão contente...
Nem cabe em si de tanto contentamento...

Ele que até se vangloriou aqui de pagar impostos em Portugal e lamentou que o seu tributo tivesse financiado o exercito ucraniano pela simples e exclusiva razão de este ser tão ineficaz a matar gente (como se o contribuinte português não tivesse preocupações mais nobres e humanas para mais quando o seu país está falido).

A "comunidade internacional"? O "direito internacional"?

ahahahahaha...que risota!

Que piada ver como alguém com um feitio azedado por um pessimismo,cepticismo e negativismo aflitivos decide ser e mostrar-se ingénuo quando tal satisfaz as pulsões dos seus desafectos indisfarçaveis.

Que piada ver alguém com a barba já integralmente branca fazer-se de menino d'avó nessas ocasiões.

A "comunidade internacional"? O "direito internacional"?

E mantém sempre a cara séria e o tom grave.

Impagável.

Anónimo disse...



Bem;

Em termos de incumprimento do direito internacional, massacres, ocupações, intromissão e desrespeito nos assuntos de outros países a Rússia em comparação a esses pode ser considerada um bebé de berço.


No entanto nada disso perturba a consciência do José Milhazes.


Sim ; e qual a credibilidade que merecem esses ditos Tribunais Internacionais ?


O José Milhazes pode considerar-se um sortudo por a tolerância permitida por as autoridades Russas às campanhas verrinosas de propaganda, desinformação e falsificações que está a mover contra o Estado Russo.

Porque nenhum outro país permitia tais desmandos por parte de um cidadão estrangeiro.


Eu próprio já me começo a sentir incomodado como cidadão livre e consciente com a difusão de tanta mentira, gosto de ser informado, mas rejeito veementemente ser aldrabado por propaganda mediocre e rasteira.


Pode ter a certeza se não moderar essa flagrante falta de respeito para com os cidadãos Russos eu próprio irei apresentar queixa ao Ministerio dos Negócios Estrangeiro Russo.


Porque já começo a sentir-me ofendido e perturbado com tanta mentira, na medida em que o José Milhazes com as suas atribulações propagandisticas não está só a faltar ao respeito a um país que o acolhe como também a quem aqui o vem ler .



Aviso-o não me pense em cortar os comentários.

Informo-o ainda, que sou casado com uma Russa natural de uma cidade não muito distante de Moscovo, Aliás como já tive ocasião de lhe dizer em tempos.

Dito isto e como "profundo conhecedor" da realidade Russa como é seu costume alardear com pompa e prosápia , julgo que é suficiente aquela máxima "para bom entendedor meia palavra basta".



Cumprimentos.

Sou o Cin Naroda que o aturou aqui durante algum tempo.


Como o informei também na altura não fui para a União Soviética por conta de qualquer partido ou fração politica, ainda menos fui obter estatuto ou quisquer outras benesses à custa do povo povo Soviético (dos comunistas) como é o seu caso.

Fui trabalhar para a União Soviética por conta de uma firma Italiana.

Ao contrário da sua pessoa que foi estudar gratuitamente numa universidade, condição que o seu país lhe negou.

A diferença entre nós começa precisamente aí.

Fui trabalhar, ajudar a produzir riqueza, enquanto o senhor foi consumir aquilo que acusa que os pobres dos Soviéticos eram carentes.

E quando se tem consciência que se está a consumir aquilo que falta a outros essa atitude tem um nome.

Chama-se: PARASITAR.

Quere que repita? Um parasita ingrato e mentiroso.









PortugueseMan disse...

Artigo interessante, sobre possíveis negociações para resolver o problema ucraniano.

http://www.independent.co.uk/news/world/europe/land-for-gas-secret-german-deal-could-end-ukraine-crisis-9638764.html

Unknown disse...

É interessante trazer o caso da Yukos à baila. Principalmente sabendo como foram constituídos aqueles enormes patrimónios oligárquicos. Foram o resultado de pilhagens ao património do povo Russo. E agora Haia condena a Rússia a pagar aos pilhadores, por ter tornado a empresa propriedade dos pilhados? O que diz este acto do tribunal de Haia? Tudo!

Não esqueçamos que este é o mesmotribunal que nunca condenou qualquer israelita pela prática de crimes contra a humanidade. É o mesmo tribunal que não condenou qualquer americano pelo genocídio de Hiroshima e Nagasaky. Portanto, caro Milhazes, aquilo a que chama comunidade internacional que ajudaria a civilizar a Rússia, nada tem de civilizado. Cada vez mais é a voz do imperio e dos grandes grupos económicos, nomeadamente os americanos. É a isto que chama civilização? Só na aparência e na superfície se pode dizer que isto é melhor do que o modelo Russo. Ainda bem que falou da Yukos... Esclarece muita coisa.

Anónimo disse...

E mais dr. Milhazes:

Coloca a Rússia como réu culpado aos olhos dos tribunais e do direito da "comunidade internacional" e fala numa vingança servida a frio.

Das duas uma:ou é justiça ou é vingança.

Claro que não é justiça,como lhe fugiu a boca para a verdade.

Mas isso parece lhe importar pouco ou nada, talvez por não ser contribuinte russo e não ser posto perante o ultraje de ter de indemnizar bandidos como os da Yukos.

MSantos disse...

É incrível como alguém que se diz amigo e admirador do povo russo se pode vangloriar com o facto de um tribunal externo e parcial deliberar em timing inegável e desavergonhado, um veredicto de vingança e retaliação para espoliar o povo russo para ressarcir ladrões que os roubaram em tempos de fragilidade.

Inqualificável.

MSantos disse...

Hugo Dionisio, o Dr José Milhazes nunca assumirá o que realmente defende.

Cumpts
Manuel Santos

Paulo disse...

Aparentemente há um camarada glorioso, filho da terra sagrada dos amanhãs que cantam (e dos campos de concentração, genocidios étnicos e repressão brutal, mas isso agora é melhor não lembrar) que pretende censurar este blog.

A tática dos proto-fascistas ou neo-fascistas, ou apenas FASCISTAS é sempre a mesma.

Descontentes com a verdade, acusam quem diz a verdade de manipular.

Lembra o vergonhoso caso Magniotsky em que os criminosos fascistas russos, acusaram o advogado dos crimes que a própria máfia russa (estado) tinha cometido.

A Russia transformou-se num estado fascista, por culpa deste tipo de irracionalidade a roçar o nacionalismo ao estilo hitleriano.

É um problema velho e não tem necessáriamente que ver com a Russia, e tem muito mais que ver com o problema da fé ortodoxa, e à desconfiança que os ortodoxos têm dos católicos.

Mas perante a montanha de desinformação parasita, criminosa, obscena e quase pornográfica que a imprensa russa tem fornecido sem pinga de vergonha e com uma pútrida satisfação, é quase anedota ver um protos-fascista pedir que este blog se modere.

Os proto-fascistas russos já parecem os salazaristas portugueses.

O camarada uns posts asima, ameaçou o Milhazes com uns safanões.

Os velhos hábitos não se perdem. Na brutalidade obscena dos defensores do terror e das ditaduras, a verdade tem que ser morta, custe o que custar.

ANTI-COWBOY disse...

Muito bem,completamente de acordo consigo, Hugo Dionísio, pelo comentário das 13.54

Unknown disse...

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_02/Minist-rio-da-Defesa-da-R-ssia-analisou-imagens-de-sat-lite-publicadas-pelo-Servi-o-de-Seguran-a-da-Ucr-nia-3709/

Nao necessito falar mais nada certo ?