sábado, julho 05, 2014

Rússia à beira da intervenção militar na Ucrânia?


As tropas ucranianas ganham terreno aos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia. No sábado, desalojaram os milicianos da cidade de Slavyansk, uma das suas mais fortes fortalezas. Os militares tentam fechar a fronteira com a Rússia e os separatistas estão cada vez mais encurralados e com dificuldade em receber homens e armas da Rússia.
O avanço das tropas ucranianas está a complicar a política de Vladimir Putin face à Ucrânia. A vitória dos militares ucranianos fará gorar a política de desestabilização do Kremlin no leste da Ucrânia. As autoridades de Kiev prometem descentralizar o poder, mas continuam a recusar a ideia da federalização.
Por outro lado, os separatistas começam a acusar Putin de os ter traído, pois, segundo eles, tinham recebido de Moscovo garantias de apoio. 
Oleg Tzariov, um dos dirigentes separatistas, declarou no Sábado:"não podemos combater com um punhado de menores,  de oficiais na reserva e, desculpem, criminosos, que trairão a qualquer momento por tostões".
E acrescentou, em tom de ameaça: "Espero que o presidente Putin não seja quem é considerado na Ucrânia".    
"De facto, Vladimir Putin deixou de cumprir as suas promessas dadas ao povo de Donbass. Não precisamos de tanques e drones, precisamos de guerreiros que defendam os habitantes pacíficos dos agressores de Kiev. Precisamos de todo o poderio do exécito russo... Se continuarem a fornecer-nos tanques e uma ajuda de cêntimos, a República Popular de Donetsk e Lugansk cairão sob a pressão das "forças fascistas", continuou o dirigente separatista. 
"Vladimir Putin deve defender Donbass, porque, de outro modo, perderá a Rússia! Vladimir Vladimirovitch prometeu a mim, a VIctor Fiedorovitch [Ianukovski] e ao povo da Ucrânia que nos defenderia. Mas não vemos essa defesa, hoje estamos abandonados face à ameaça militar. Precisamos de tropas da Rússia", frisa.
Já não bastava o envio de homens e armas da Rússia, que o Kremlin sempre negou fazer, agora pede-se a intervenção militar directa.
A opinião pública russa, envenenada pela propaganda belicista e anti-ucraniana e embalada pelas altas expectativas criadas com a ocupação da Crimeia, também irá ficar desiludida se a "junta de Kiev" dominar a situação e Putin mostrar que, afinal, o poderio russo tem limites..
Neste contexto, alguns órgãos de informação russos não excluem a possibilidade de Putin intervir militarmente no Leste da Ucrânia nas próximas 48 horas, o que iria agravar seriamente a situação.   
Na direcção russa, há políticos que defendem a intervenção militar, mas são cada vez mais os que compreendem que isso seria um suicídio político para Putin e o seu clã. A anexação da Crimeia está a exigir fortes esforços económicos da Rússia e a intervenção militar poderá ser insuportável, porque, além das despesas económicas, há também o problema das baixas militares. As forças armadas ucranianas já não são o que eram quando os "homens verdes" ocuparam a Crimeia.
E as sanções económicas contra a Rússia já prejudicou os negócios de homens próximos de Putin e a agudização do conflito apenas irá aumentar o isolamento do país e afectar os bolsos dos banqueiros do Kremlin.
Na Ucrânia, são também muitos os que exigem que o Presidente Petro Porochenko leve o conflito até às últimas consequências, ou seja, um confronto militar aberto com a Rússia. Mas, por enquanto, parece ser sua intenção não permitir a desintegração da Ucrânia. 

17 comentários:

Unknown disse...

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_05/Os-crimes-de-guerra-dos-militares-ucranianos-5719/

Unknown disse...

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_06/Guarda-Nacional-est-montando-provoca-o-em-povoados-lim-trofes-com-R-ssia-6891/

Unknown disse...

http://en.itar-tass.com/opinions/1820

Unknown disse...

http://undhorizontenews2.blogspot.com.br/2014/07/putin-sob-pressao.html

ANTI-COWBOY disse...

Não acredito nalguma tentativa de invasão da Ucrânia por parte da Rússia.Poderia ser um suicídio político e até económico.A Rússia deu a sua resposta ao golpe de Estado a que assistimos em Kiev com a tomada da Crimeia que lhes interessava sob o ponto de vista estratégico.Cheguei mesmo a dizer que esta invasão da Crimeia nunca teria sido feita se não tivesse havido o golpe de Estado que referi.Conhecemos todos os contornos que foram sendo tratadas neste blog com alguma inteligência e até elevação sobre este assunto.Não conhecemos o que se passa ao nível de outras situações complicadas muito especialmente o que se passa na Síria e os acordos que existem entre os EUA e a Rússia sobre esta questão e provavelmente outras que de todo nos escapam.Penso que em relação à Ucrânia há uma aposta da Rússia em deixar cair de podre a situação económica na Ucrânia que não costuma pagar as suas dívidas e também as não vai pagar quer ao BCE,quer ao FMI.A Europa sabe disso e vai ter as maiores cautelas.A Rússia também não quer enterrar dinheiro na Ucrânia nesta fase do campeonato.O ocidente também não está em condições de perder dinheiro.A Rússia sabe bem disso e a única coisa que não quer é a Nato em território ucraniano e essa circunstância deve já ter sido devidamente acautelada com os EUA.É essa a minha opinião.Aguardemos contudo os novos acontecimentos.Há sempre a questão de não perder totalmente a face.Veremos.Hoje em dia com o poderio militar existente de ambos os lados do Atlântico tudo deve ser escalpelizado até aos mais ínfimos pormenores nos areópagos políticos internacionais.

Anónimo disse...

Jonata Souza, vc poderia idicar sites mais imparciais e de opiniao confiavel.

EJSantos disse...

Desejam um confronto directo com o exercito russo? Mas essa gente sabe no que se está a meter?

Anónimo disse...

Louvo o senhor José Milhazes por finalmente reconhecer a existência do "povo de Donbass". De finalmente aludir à existência desse povo ou dessa nação.

Curioso que só o faça no momento da aparente derrota do povo de Donbass.

Essa aparente derrota só serve para tirar algumas ilações e reconhecer algumas realidades, algumas das quais, como a existência do povo do Donbass, simplesmente sonegava e deliberadamente omitia até ao presente momento.

Essa aparente derrota também deveria ter servido ao Senhor José Milhazes para dar a mão à palmatória e reconhecer que o Kremlin nunca executou uma política de apoio efectivo à luta
do povo de Donbass.

Isto, porque se o tivesse feito, como os americanos fazem agressivamente em países como a Síria, Líbia e afins, a Ucrânia estaria a dizer adeus ao Donbass e, quem sabe, a todo o seu território a Sudoeste, coincidente com a antiga Novorossiya do antigo império russo.

É que, contrariamente ao que o senhor José Milhazes aqui escreve, o "exército ucraniano" é de uma força e eficácia risíveis e desprezíveis, até porque verdadeiramente não é um exército.

Basta ver no youtube os vídeos desse suposto exército e das suas operações para vermos que estamos diante milícias recém-formadas de voluntários provindos dos sectores mais nacionalistas e radicais dos militantes que usaram da violência a ocidente e na praça Maidan.

Instruídos à pressa, sem formação, ração e armamento que permita fazer face a uma oposição minimamente tenaz.
Tirando uns poucos pilotos e artilheiros, o grosso das fileiras que combatem a mando de Kiev são forças que num verdadeiro conflito seriam carne para canhão.

Se a Rússia tivesse prestado efectivo apoio às milícias do Donbass, fornecendo artilharia, tanques e armamento ligeiro e mercenários experientes, as milícias de Kiev não teriam agora obtido qualquer vantagem militar, simplesmente porque não teriam capacidade para o fazer.

Tirando promessas e garantias de apoio diplomático, humanitário e, em última ratio, militar, o Kremlin nada mais fez do que não estancar as suas fronteiras ao trânsito de voluntários e armas, sem que alguma vez alguém tenha conseguido demonstrar que tais armas eram fornecidas e que tais homens eram instruídos e mandatados pelo Kremlin.

Valerá a pena recordar a falácia de certas fronteiras e a permeabilidade dessas linhas que só dividem algo no papel, pois as populações de ambos os lados estão unidas por laços que as compelem a irem em auxílio dos seus "irmãos", levando em mãos armas que recolheram em paióis e quarteis militares abandonados pelo governo de Kiev.

O Kremlin não intervirá na Ucrânia porque nunca foi essa a sua intenção, mas há quem não queira ver nem acreditar nisso.

Há quem prefira alimentar o clamor e insista numa tese infundada e carente de prova de que existe uma forte ingerência do Kremlin na desestablização política e militar da Ucrânia. E o faça sem nunca se referir à conversa da senhora Nuland, à consultoria de oficiais de topo da presidência americana e dos serviços secretos americanos assiduamente presentes em Kiev, etc.

Há quem só se sirva de determinados eventos para agoirar perigos e abismos para a Rússia e o seu governo, quando quem verdadeiramente está em perigo e à beira do abismo é a Ucrânia. Certamente não é a Rússia e quem agoira o contrário mais não faz do que projectar os seus secretos anseios e desejos numa suposta realidade.

Para Kiev poderá ser fácil ganhar a "guerra", mas será muito mais difícil ganhar e manter a paz, por razões de diversa ordem.

nuno_inzaghi disse...

caro JM isto e suposto ser um blogue que fala sobre a russia ou um blog anti russia? o JM desde fevereiro ou marco que anda a dizer que a russia vai invadir a ucrania e ainda nao vi nada! bem sei que nao anda nisto ha meia duzia de anos no jornalismo por isso mesmo se pedia um pouco mais de isencao! e ja agora comeco a achar que a russia deveria ajudar as milicias pro russas mesmo que fosse a descarada ja que os EUA vao dar 500M de dolares aos terroristas na siria em armamento nao sei que moral teem para criticar os russos!!

PortugueseMan disse...

Ainda acerca do South Stream, a visita à Bulgária, o país que está a sofrer a maior pressão para interromper a construção do South Stream:

Bulgaria PM to Russian Foreign Minister: South Stream among top projects

...Bulgarian Prime Minister has stressed that the South Stream gas pipeline is one of the most important projects on the territory of the country...


http://www.focus-fen.net/news/2014/07/07/341876/bulgaria-pm-to-russian-foreign-minister-south-stream-among-top-projects.html

Mais um pouco de pressão, para que se avance com o pipeline.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Nuno, se você nã viu nada, o problema é seu. A anexação da Crimeia não existiu!

Unknown disse...

Não porque o que é confiável para VC pode não ser confiável para mim se acha que estes sites não tem credibilidade não os siga simples assim OK.

PortugueseMan disse...

Um artigo que dá uma perspectiva sobre o sonho da Ucrânia querer entrar na UE e que promete ser complicado.

Tanto pela realidade ucraniana, como pela realidade europeia.

Coloco dois parágrafos, que me chamaram mais a atenção, onde me identifico com esta linha de pensamento.

Is the European Union to Die For?

...Turkey concluded its association agreement with the European Community more than 50 years ago and submitted its application for full membership more than 25 years ago. It’s still waiting. Ukraine may be standing at the altar for a similar length of time...

...Ukrainians are not the only ones who are dying to get into Europe. Of the million or so new immigrants to Europe every year, approximately 100,000 try to get in illegally over land or by sea. Over the last two decades, as many as 20,000 people have died in their attempts to slip into Europe from the south...


http://www.theepochtimes.com/n3/790216-is-the-european-union-to-die-for/

nuno_inzaghi disse...

JM nao houve nenhuma invasao houve sim um referendo que e bem diferente

antónio m p disse...

Considerando as conversações de Putin com o presidente de facto da Ucrânia; considerando que “os separatistas começam a acusar Putin de os ter traído”, e considerando que “ hoje estamos (forças separatistas) abandonados face à ameaça militar (de Kiev)”, o José Milhazes não conclui que Putin não pretende ocupar a Ucrânia, mas sim que “o poderio russo tem limites…” e uma intervenção na Ucrânia lhe sairia financeiramente cara. Entretanto, para que o fantasma resista à realidade, vai usando o “diz que diz-se” dentro e fora.

O que tem limites é a manipulação da informação – ou deveria ter.

Unknown disse...

http://port.pravda.ru/russa/02-07-2014/36968-russia_recuar-0/

Unknown disse...

O problema do Putim é clinico, é um líder doente.