sábado, agosto 09, 2014

A espiral de sanções sem fim



Foto tirada na sexta-feira em Moscovo pelo meu amigo André Nóbrega

A guerra de sanções entre o mundo ocidental e a Rússia aumenta de intensidade e se o primeiro chama as coisas pelos nomes, a segunda prefere falar em “medidas económicas para defender a sua segurança”.
No passado 28 de Julho, Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, declarou a propósito das sanções ocidentais: “Não tencionamos agir segundo o princípio do “olho por olho”. Nós temos políticos que apelam a isso. Nós queremos olhar para isso com a cabeça fria. O presidente já disse que não podemos deixar de ter isso em conta, mas não vamos cair em histerias, isso é indigno de um grande país”.
O Kremlin, a fim de evitar dissabores na Organização Mundial do Comércio, já veio dizer que não se trata de sanções económicas, mas de “medidas a que fomos obrigados”. No entanto, essa explicação parece pouco convincente.
A última dose de “medidas económicas para defender a segurança da Rússia”: que proíbe a importação de numerosos produtos alimentares da UE, Estados Unidos, Canadá e Austrália, só não corresponde ao princípio do “olho por olho”, porque a Rússia não tem capacidade de responder exactamente com a mesma moeda. Este país importa mais de 40% dos alimentos que consome e não será fácil substituí-los por produtos nacionais ou importados de outras regiões. Por exemplo, a lista das proibições não inclui “alimentos infantis”, campo em que a UE tem fortes posições no mercado russo, porque isso iria criar graves problemas às famílias russas, nem azeite, pois a indústria conserveira precisa dele.
Ao que tudo indica, a espiral das sanções irá continuar, sem fim à vista. Ninguém quer fazer figura de fraco, os combates na Ucrânia continuam e a ameaça de Moscovo enviar tropas para o país vizinho continua a ser real, a pretexto de “fins humanitários”.


21 comentários:

Unknown disse...

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_09/A-Ucr-nia-vai-nos-ser-extremamente-dolorosa-3022/

Unknown disse...

http://noticia-final.blogspot.com.br/2014/08/otan-precisa-desesperadamente-de-guerra.html?m=1

N. Amorim disse...

voce parece um disco riscado.

a Russia vai ficar isolada, é uma potencia regional...bla bla bla. Colocou sanções pela 1ª vez (agricultura - nenhum pais gosta de ver os seus agricultores em demosntrações) e colocou metade da Europa a pedir compensações e outra metade a dizer que vai queixa á WTO...

Caro JM, depois deixe-nos um post sobre a qualidade da carne Argentina ou Brazileira em relação á Romena.

Anónimo disse...

Uma empresa fabricante de sucos na Finlandia já mandou 800 trabalhadores pro olho da rua ontem. Como se vê, o capitalista nunca perde, só o trabalhador.

PortugueseMan disse...

Sanções? quais sanções?

Putin, launching US-Russia oil project, touts 'pragmatism'

President Vladimir Putin said Russia is still open for business with Western companies despite sanctions as he ceremonially launched a joint US-Russian oil exploration project in the Arctic.

"Despite the difficulties of today's political context, pragmatism and common sense prevail, and that is very satisfying," Putin said as state-owned Rosneft and US oil giant ExxonMobil began exploring for oil in the Kara Sea off the northern coast of Siberia...


https://news.yahoo.com/putin-launching-us-russia-oil-project-touts-pragmatism-142945279.html

PortugueseMan disse...

...só não corresponde ao princípio do “olho por olho”, porque a Rússia não tem capacidade de responder exactamente com a mesma moeda...

Um único país, responde com sanções aos EUA, UE e ainda mais uns países, e você acha que não tem essa capacidade?

E que outro país conseguiria fazer o mesmo?

Gostei da foto deste artigo, daqui a uns dias, vai ter com certeza vários amigos a enviar-lhe fotos, de prateleiras com um único produto e russos a lutarem para o conseguir.

Vamos ter umas fotos interessantes de russos subnutridos, magros e um programa de combate á fome da ONU, afinal estão privados de 40% dos alimentos.

coitadinhos, ainda vamos ver russos a andar de canoa pelo o mar negro a tentar chegar a um país com melhores condições.

mas depois chegam ao mediterraneo, e têm que competir com os africanos.

triste fado...

Unknown disse...

http://www.planobrazil.com/maidan-2/

Anónimo disse...

Nao sou favorável a Putin, mas fazer Russos de demônios impondo sanções devido à Crimeia e falsas provas de queda de de avião é no mínimo vergonhoso. O uso da mídia para isso então é pior, como se o mundo virasse uma grande Hollywood. espero que os Russo aguentem firme e espero que as demais nações destituam os EUA de serem xerifes do mundo...

Unknown disse...

http://www.planobrazil.com/efeitos-adversos-de-uma-guerra-comercial/comment-page-1/#comment-173918

karlos disse...

http://www.jn.pt/opiniao/default.aspx?content_id=4071974

Anónimo disse...

"Por exemplo, a lista das proibições não inclui “alimentos infantis”.
O autor se esquece que a Suíça (Nestlé) se recusou a ser pau mandado de Washington. Aliás, a Estônia está criticando duramente os suíços por sua neutralidade.

Pippo disse...

Turkish list of food suppliers to Russia to be ready soon

Turkey has promised to Russia’s veterinary watchdog Rosselkhoznadzor that it will soon give it the list of food suppliers to Russia, the agency said on Friday.
After talks between Rossekhoznadzor head Sergei Dankvert with Nihat Pakdil, Deputy Undersecretary of Turkey’s Ministry of Food, Agriculture and Livestock (MFAL), the agency said that it might include these enterprises in the corresponding register under guarantees of the Turkish veterinary service.
This measure should considerably and quickly boost food supplies from Turkey, Rosselkhoznadzor said. Russia is interested not only in Turkish fruit and vegetables, but also in fish and seafood, as well as meat and dairy products.
Mutual partnership is creating highly favourable conditions for the Turkish economy, ensuring stability of food manufacturing, the Russian veterinary watchdog said. “Irrespective of the tourist season demand in Turkey, the manufactured products will be sold on the Russian market,” the agency said in a press release.
Russia’s imports of Turkish food products in 2013 ACCOUNTED for $1.755 billion. Russia’s food exports (mainly grain) to Turkey accounted for $1.721 billion.

http://en.itar-tass.com/economy/744154

Unknown disse...

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_11/Redator-chefe-do-Handelsblatt-N-o-devemos-permitir-nos-encarar-a-R-ssia-aos-olhos-dos-EUA-4012/

Unknown disse...

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_11/Porque-esta-Obama-nervoso-e-Putin-calmo-9917/

Anónimo disse...

Quanto a estantes vazias nos supermercados como o José Milhazes pavorosamente mostra quero lembrar que isso nem sempre é sinónimo de fome, Portugal país governado por políticos com que o José Milhazes garbosamente se identifica apesar de ter as estantes dos supermercados sempre a abarrotar de tudo e mais alguma coisa, a fome é uma realidade que devia envergonhar qualquer cidadão decente. Portanto nem tudo o que parece é.


Por outro lado as “preocupações” do José Milhazes acerca do impacto que as sanções à Rússia vão ter na economia do país deixam qualquer cidadão minimamente informado sobre aquilo que pretende.

Basta fazer uma análise mesmo que superficial ao sentido das palavras do José Milhazes que é fácil perceber que não se trata de uma preocupação mas sim de um instrumento de propaganda de desinformação que afina com total perfeição na vasta campanha politica que está ser movida contra a Rússia (de Putin) por os países da NATO seus aliados e vassalos.

E nesse sentido o José Milhazes está a desempenhar com mestria e perfeição o oficio de desinformar quem o lê.

Isto porque não é preciso ser-se especialista na matéria para perceber que esta guerra desencadeada por aqueles países que provocaram a crise na Ucrânia é uma espada de dois gumes, que certamente vai deixar os dois contendedores mal tratados. Mas uns mais que outros, claro.


Não devemos ser ingénuos ao ponto de defender que as sanções impostas por os países da EU/NATO/ EUA e seus aliados não vão provocar estragos na economia Russa (destinam-se a isso mesmo) : Mas essa situação só se irá verificar a curto prazo.

No entanto no mundo globalizado actual, a longo prazo quem vai sofrer as maiores consequências são os países que impuseram essas sanções com finalidades claramente politicas.

Aos oligarcas Russos (e demais, todos) tanto lhe faz, colocarem o dinheiro em Nova Iorque, Paris, Singapura ou Hong Kong.




Cont....

Cin Naroda

Anónimo disse...


Além do mais, é do conhecimento geral, os produtos manufaturados e tecnologia de informação que a Rússia carece podem ser adquiridos noutros mercados com a mesma qualidade e aos mesmos preços.

A Europa na conjuntura presente precisa da Rússia como de pão para a boca, na medida em que não dispõe de alternativas ao fornecimento de energia e matérias primas que a fazem funcionar.

Não devemos descurar que a Rússia tem sido quase como uma colónia de matérias primas da Europa. Ou seja; tem fornecido quase todo o “peixe” para a economia Europeia se alimentar , mas eles querem tudo . Pretendem assenhorear-se do rio do barco da rede da cana e escravizar o pescador.

Mas isso com a presente crise vai mudar. A China tem capacidade de absorver tudo que a Rússia possa vender e vice versa.

Tanta arrogância e bastou um pequeno espirro da Rússia para contaminar as economias da Europa e daqueles países que impuseram sanções.



Por exemplo; na Alemanha estão em risco de momento mais de 20 000 postos de trabalho no setor agro alimentar.

A Austrália como servo obediente perdeu de vender dezenas de milhares de toneladas de carne (56 000 toneladas, parece). Que irá ser substituída por carne de muito melhor qualidade dos países da América do Sul, Brasil, Uruguai, Paraguai.

Os criadores de aves dos EUA perdem de exportar centenas de milhares de toneladas de carne para a Rússia, os criadores de aves do Brasil prontificaram-se de imediato aumentar a produção em mais 150 000 toneladas para satisfazer todas as necessidades do mercado Russo.

Os produtores de citrinos de Espanhóis (Levante) estão em pé de guerra , exigindo ser compensados por as perdas que vão sofrer. Quem vai beneficiar? Cuba, Brasil, Argentina, Marrocos, A. do Sul, Chile.

E em Portugal também já se começou a levantar o borburinho por as perdas que os agricultores vão sofrer, o presidente da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal, organização com grande poder de pressão politica) já veio publicamente exigir compensações por as perdas que se vierem a verificar resultantes do embargo Russo aos produtos agrícolas Portugueses (pagos com os nossos impostos claro).

Talvez para salvar a situação lá terá a amiga do José Milhazes, Assunção Cristas ter que ir promover os presuntos e os enchidos Portugueses na Arábia Saudita, como fez em Moscovo recentemente.

Portanto e ao contrário daquilo que afirma o José Milhazes não se trata de nenhuma catástrofe para os consumidores Russos, não faltam fornecedores de bens alimentares ansiosos por vender tudo quanto a Rússia necessita. Talvez ainda saiam a ganhar.

Porque não existe comparação possível entre a carne de gado bovino Brasileira e a Australiana.

Temos que entender que os desejos do José Milhazes nada têm que ver com a realidade. São cartadas politicas tendenciosas.

Depois há outra situação que se vai verificar num futuro já muito próximo. A falta de solidariedade dentro na UE (prefiro Comunidade porque de União não tem nada) vai levar a uma disputa desenfreada entre os diversos Estados. Portanto quem vai sofrer as consequências destas politicas tresloucadas dimanadas do directório Americano com objetivos exclusivamente geoestratégicos são os países com economias fracas do Sul/Sudeste da Europa.

Aliás que já estão mergulhadas num pântano económico e social há muito tempo.


Cumprimentos.

Cin Naroda

Unknown disse...

http://noticia-final.blogspot.com.br/2014/08/tecnicas-de-punicao-dolorosa.html?m=1

Cancaseiro disse...

O problema que se põe é que ande a Rússia por onde andar vai ter que importar produtos. A questão é que o mercado irá recuperar do choque e encontrar novos fornecedores. Chegados a esse ponto o mercado da UE vai ter depois de fazer um grande esforço para recuperar o seu lugar na Rússia quando as relações voltarem ao normal. E no entretanto vão sofrer mais os produtores agrícolas da Europa do que os consumidores da Rússia. A única hipótese de as firmas europeias não sofrerem tanto é transferir a sua produção para fora da UE, inclusive para a Rússia. Lá se vão os postos de trabalho.
É esse o caso da Valio. Deixará de produzir na Finlândia para exportar para a Rússia e passará, provavelmente, a produzir na Rússia para a Rússia.
Transcrevo:
"OOO Valio is in charge of the sale, marketing, import and delivery of Valio products in Russia. There is also a plant for producing processed cheese and a logistics centre in Odintsovo, near Moscow. Valio products are sold especially in the largest cities like Moscow and St. Petersburg, with Valio Viola®, Valio Oltermanni® and Valio butter leading the sales. In Russia, Valio employs 504 people."

Anónimo disse...

E o que diz o ex-comunista José Milhazes do interesse dos países da América Latina em ocupar o lugar deixado vago pelos países europeus, no campo da exportação de produtos agrícolas? Afinal, a Rússia pode causar dano e, mais uma vez, os líderes europeus foram apanhados em contrapé,com esta entrada em cena dos países latino-americanos.
Esqueceu-se o José, nostálgico da Rússia de Ieltsin, humilhada e pronta a ser retalhada pelos insaciáveis oligarcas internos e as corporações internacionais,de que a Europa não é o centro do mundo. Certamente, dirá o José que a acção desses países do continente sul da América é ilegal, uma grosseira violação da lei internacional, está-se mesmo a ver!

Barazov

Anónimo disse...

E o que diz o ex-comunista José Milhazes do interesse dos países da América Latina em ocupar o lugar deixado vago pelos países europeus, no campo da exportação de produtos agrícolas? Afinal, a Rússia pode causar dano e, mais uma vez, os líderes europeus foram apanhados em contrapé,com esta entrada em cena dos países latino-americanos.
Esqueceu-se o José, nostálgico da Rússia de Ieltsin, humilhada e pronta a ser retalhada pelos insaciáveis oligarcas internos e as corporações internacionais,de que a Europa não é o centro do mundo. Certamente, dirá o José que a acção desses países do continente sul da América é ilegal, uma grosseira violação da lei internacional, está-se mesmo a ver!

Barazov

Anónimo disse...

É interessante verificar que se a Rússia de hoje se tornou um Estado essencialmente exportador de matérias-primas, tal é consequência do triste legado das políticas de Ieltsin, tão incensadas pelo José Milhazes.
As tais políticas que provocaram uma hemorragia de cientistas e outras profissões qualificadas, cuja saída era a emigração ou a senda da miséria, que, na Rússia de Iletsin só havia lugar para oligarcas mafiosos. Esse processo foi em parte travado por Putin (de quem não gosto), que percebeu que o caminho da liberalização selvagem iria levar à decomposição social da Rússia. Será o José Milhazes amante dos processos de decomposição? Temos niilista!

Bazarov