É
sabido que o Presidente russo Vladimir Putin não olha a meios para
atingir fins, mas, no caso do separatismo em casa alheia, o feitiço
pode virar-se contra o feiticeiro.
No
dia 20 de Setembro, no meio de um clima de secretismo, reuniram-se em
Moscovo organizações separatistas dos mais longínquos cantos do
mundo: Estados Unidos, Espanha, Saara Ocidental, Irlanda,etc.
Isto
não teria grande interesse se a propaganda do separatismo não fosse
punida por lei na Rússia e se a reunião não tivesse sido
financiada pelo Kremlin.
Este
encontro de separatistas foi organizado pelo “Movimento
Anti-globalista da Rússia”, financiado pelo Kremlin e que tem
entre os seus membros honorários Bashar Assad, Presidente da Síria,
e Mahmud Ahmadinejad, ex-Presidente do Irão. O lema do encontro foi:
“Diálogo das Nações. Direito dos Povos à Autodeterminação e
Construção de um Mundo Multipolar”.
Os
Estados Unidos são o país “mais representado” com Texas
Nationalist Movement, Nation
of Hawaiʻi e um movimento pela independência
de Porto Rico. A Catalunha está presente com a coligação Junts
pel Sí, a Irlanda com o Siin Féin. Ao todo, estiveram presentes
representantes de nove países.
Escusado
será dizer que entre os delegados não havia qualquer representante
de chechenos, daguestaneses, tártaros ou outros povos da Federação
da Rússia que possam alimentar sonhos de autonomia. Talvez para não
irritar os maiores aliados de Moscovo: Síria e China, ficaram de
fora os curdos e os tibetanos.
Os
cidadãos da Federação da Rússia que façam apelos públicos que
visem a violação da integridade territorial podem ser condebados a
4 ou 5 anos de prisão. Por exemplo, no passado dia 15 de Setembro,
começou a ser julgada Daria Poliudova, acusada de “separatismo”
e “extremismo” por ter tentado organizar uma “Marcha pela
Federalização de Kuban”, região do Sul da Rússia.
Por
isso, este encontro “anti-globalista” não passa de mais uma
tentativa de apoiar focos de separatismo no terreno dos potenciais
adversários. À excepção do caso do Saara Ocidental (onde penso
não se tratar de separatismo, mas de uma luta por um território
ocupado por países vizinhos que é reconhecida por muitos países e
organizações), os restantes movimentos seccionistas encontram-se na
Europa e nos Estados Unidos. Porém, tendo em linha de conta o que
aconteceu com a União Soviética, num país multinacional como a
Federação da Rússia, onde vivem mais de cem povos e etnias, o
feitiço pode-se virar para o feiticeiro.
Vladimir
Putin parece convencido de que controla o país que dirige, mas isso
pode ser uma ilusão. Na semana passada, a polícia russa deteve
praticamente toda a direcção da República dos Komi, no Norte da
Rússia, por “crime organizado” e “corrupção”. E quando for
preciso pôr atrás das grades dirigentes regionais como Ramzan
Kadirov, líder da Chechénia?
O
Kremlin gosta de criticar a política de “dois pesos e duas
medidas”, mas, neste caso, realiza-a claramente. No Direito
Internacional, existem dois princípios que estão em permanente
choque: o direito dos povos à autodeterminação e o direito à
inviolabilidade de fronteiras. Putin reconhece o primeiro para os
outros e o segundo para si.
P.S.
Para os leitores que irão comentar que os países ocidentais fazem o
mesmo, respondo: os erros dos outros devem servir para aprender e não
para se repetir.
7 comentários:
Os nazis made-in-USA provocaram holocaustos massivos em Identidades Autóctones.
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Os USA (e a Europa) têm sido um 'guarda chuva' (digamos assim)... mas isso não lhes confere o direito de serem nazis!
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NOTA: Nazismo não é o ser 'alto e louro', bla bla bla,... mas sim... a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!
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Quando se fala no (LEGÍTIMO) Direito à Sobrevivência de Identidades Autóctones [nota: Inclusive as de 'baixo rendimento demográfico'... Inclusive as economicamente pouco rentáveis...] nazis made-in-USA - desde há séculos com a bênção de responsáveis da Igreja Católica - proclamam logo: «a sobrevivência de Identidades Autóctones provoca danos à economia...»
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P.S.
http://separatismo--50--50.blogspot.com/
De facto, a RT enfatiza muito as notícias relacionadas com as tendências separatistas da Catalunha, assim como fez uma cobertura intensiva dos antecedentes do referendo para a independência da Escócia, parecia um canal de televisão nacionalista escocês.
Basto
Sou brasileiro e sei da famosa síndrome de vira-latas que sofremos, brasileiros, portugueses e espanhóis! Os sintomas dessa síndrome, entre outros, é achar que tudo o que é dos EUA são os melhores, infalíveis... Sem questionar, achamos que tudo o que eles fazem está correto e é o melhor que existe! Afinal, eles são os "defensores" da liberdade e democracia! Agora, cá entre nós, até hoje não entendi porque esse José Milhazes tem tanto ódio da Rússia!! Nunca li uma única linha dele falando mal dos EUA!! Uma sequer. Esse sim, sofre verdadeiramente dessa maldita síndrome. Será que os irmãos portugueses passaram, geneticamente, essa síndrome para nós brasileiros?
Jair, você está profundamente enganado. Confunde Putin com a Rússia, ora são coisas diferentes, a Sra. Dilma não é o Brasil. Você não leu uma linha porque talvez não leu com atenção. Se for ver o que eu escrevi sobre a Síria e o Iraque, verá que não tem razão. É verdade que pouco escrevo sobre os EStados Unidos e ainda menos dobre o Brasil, porque o me blog chama-se darussia. Escrevo sobre o que conheço e sei. Cumprimentos.
Putin e Assad empurram os refugiados para estoirar com a UE. Porque não vão para a aliada Rússia?
Afinal «a polícia russa deteve praticamente toda a direcção da República dos Komi, no Norte da Rússia, por “crime organizado” e “corrupção”». E eu a julgar, pelas "notícias" de J. Milhazes, que Putin controlava tudo, desde as polícias aos jornalistas... Sobre os jornalistas já tinha suspeitado do exagero a avaliar pela liberdade com que o José circula e conspira em território russo.
oh Anonimo das 17:47, voce é uma besta ignorante, se pensa que estes refugiados são todos eles Sirios. Isto não é uma crise Syria.
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