Todos os anos, milhares de russos recorrem ao Tribunal
Europeu de Direitos Humanos e a outras instâncias judiciais internacionais em busca
da defesa que não encontraram nos tribunais russos, mas o Presidente Putin
decidiu privá-los desse direito ao assinar um decreto que determina que as
decisões de tribunais internacionais não serão de cumprimento obrigatório se
“entrarem em contradição com a Constituição da Rússia”.
Em 2014, 8 952 cidadãos russos apresentaram queixa no
Tribunal Europeu de Direitos Humanos depois de terem esgotado todas as
possibilidades de defesa no seu país.
Na maioria dos casos, trata-se de cidadãos comuns que só aí
encontraram defesa. Por exemplo, familiares de vítimas ou as próprias vítimas
de atrocidades das tropas russas na Chechénia.
A decisão de Putin vai claramente contra o artigo 15 da
Constituição da Rússia, que reza o seguinte: “Os princípios e normas universais
do Direito Internacional e os tratados internacionais da Federação da Rússia
são parte constituinte do seu sistema jurídico. Se um tratado internacional da
Federação da Rússia prever normas diferentes do que as previstas na lei, são
empregues as regras do tratado internacional”.
Porém, uma das principais razões da violação flagrante da lei
suprema do país reside no facto de os tribunais internacionais terem obrigado a
Rússia a pagar pesadas multas pela confiscação ilegal da petrolífera Yukos pelo
Estado. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos decidiu que Moscovo deveria
pagar uma indemnização de 1,8 mil milhões de euros e o Tribunal de Arbitragem
de Haia, mais de 50 mil milhões de dólares.
Isto poderá provocar graves conflitos internacionais, pois as
vítimas começam a exigir o congelamento de activos russos no estrangeiro, e,
além disso, não melhorará as já deterioradas condições de investimento
estrangeiro na Rússia.
Em geral, isto é mais uma prova de que a Rússia é cada vez
menos um Estado de direito e rapidamente se transforma num regime totalitário e
autocrático.
Mas há mais. As autoridades russas começaram a expulsar
estudantes turcos do país sob os mais variados pretextos ou até sem eles. Três
alunos turcos do Instituto de Engenharia e Física de Moscovo receberam a ordem
para abandonar a Rússia até 12 de Dezembro. Essa ordem foi dada pelos Serviços
de Migração, mas sem qualquer tipo de justificação.
Em Voronej, cidade situada a Sul de Moscovo, vários
estudantes turcos do Instituto de Altas Tecnologias foram “convidados” a
assinar um papel em que concordavam “deixar por vontade própria” de frequentar
esse instituto. Verdade seja dita, a direcção da escola superior deu uma
justificação, alegou que não podia garantir a segurança dos alunos turcos. Um deles
recusou-se a assinar o documento, mas foi expulso por “excesso de faltas”.
No campo das relações russo-turcas, está-se a assistir a uma
campanha histérica dos dois lados que poderá ter resultados imprevisíveis. O
ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia afirmou que se pode ocupar a
Rússia “em menos de sete dias graças à NATO”, o Kremlin não descarta a
possibilidade do emprego de armas nucleares no combate ao terrorismo.
Na era soviética, a propaganda incutia na cabeça das pessoas
que o emprego de armas nucleares num conflito significaria o fim da Humanidade,
os dirigentes da URSS juravam que não seriam os primeiros a empregar essas
armas, mas hoje, na Rússia, em talk-shows televisivos admite-se a possibilidade
de “ataques nucleares pontuais”, Putin e o seu ministro da Defesa, Serguei
Choigu, admitem recorrer a armas nucleares “se a segurança da Rússia estiver
ameaçada” e sublinham que 95% das rampas de lançamento desse tipo de armas
estão permanentemente em serviço.
Claro que isso é feito para provar que “a Rússia deixou de
estar de joelhos” e readquire o seu orgulho e a sua força no palco
internacional. Este discurso é feito numa altura em que o preço do petróleo e
do gás cai nos mercados internacionais, colocando a economia russa numa
situação complicada. Ele é necessário para desviar as atenções da sociedade
russa da degradação do seu nível de vida, mas esse tipo de discurso banaliza o
emprego de armas de destruição em massa, deixando passar a ideia de que a
utilização de armas nucleares não significará o fim da Humanidade.
2 comentários:
Este milhazes é um porco nojento. Só espuma raiva pela boca. Cala-te porco sujo imundo.
A américa é que cumpre a lei internacional é?
Badalhoco.
Ou o Sr. Milhazes OU ignora a história recente/recentíssima de outros países democratas e ocidentais, sobre tais matérias OU, nem comentários merece. Mas ainda recentemente veio comentar num dos canais de televisão em Portugal ...
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