(foto retirada da página do CPPC)
O Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) estava
muito preocupado com os resultados que pudessem sair da Cimeira NATO em
Varsóvia, mas esconde as verdadeiras razões que levam a Aliança Atlântica a
reforçar as suas posições no Leste da Europa, ilibando Vladimir Putin de
qualquer responsabilidade.
Num comunicado publicado pelo CPPC no facebook, lê-se, entre
outras coisas, que: “Como os próprios
responsáveis da NATO o admitem, a Cimeira tem como objectivo central o
considerável reforço da presença de forças militares da NATO no Leste da
Europa, particularmente na Polónia e nos Estados bálticos, ou seja, junto da
fronteira da Federação Russa. No imediato, é anunciada a instalação de quatro
batalhões multinacionais, ditos «robustos» – para citar o Secretário-geral da
NATO, Jens Stoltenberg”.
No entanto, essa organização, antigamente financiada pela
União Soviética, não escreve uma palavra sobre o que levou a NATO a mudar de
política, ou seja, sobre a invasão da Crimeia e do Leste da Ucrânia pelas
tropas de Vladimir Putin em 2014. Ao que consegui apurar, o CPPC não publicou
qualquer nota de protesto contra essa grosseira violação do Direito Internacional,
nem quando tropas russas ocuparam o um terço do território da Geórgia em 2008.
Conclui-se por isso que este Conselho tem dois pesos e duas
medidas ao abordar a Paz e a Cooperação no mundo.
Vejamos outro trecho do comunicado: “Na sua expansão para o
Leste da Europa e estratégia de provocação à Rússia, a NATO conta com o
concurso de governos, forças e grupos paramilitares de extrema-direita. São os
casos, entre outros, do governo ucraniano, colocado no poder na sequência de um
golpe apoiado pela NATO e a União Europeia, e que se sustenta em forças onde se
incluem abertamente grupos neo-fascistas; ou da Polónia, onde está em criação
uma força paramilitar (assumida pelo governo como uma componente das Forças
Armadas), cujos membros são recrutados em grupos de extrema-direita, conhecidos
pela sua xenofobia”.
Não se pode negar que existem grupos neo-fascistas e de
extrema-direita, por exemplo, na Ucrânia, mas o CPPC não se preocupou em
consultar os resultados das eleições parlamentares realizadas após a queda de
Victor Inukovitch, que deram resultados residuais às forças extremistas, nem se
preocupa em ver que, à medida que as forças armadas ucranianas se tornam melhor
organizadas, a influência dos grupos extremistas diminui.
Mas o mais surpreendente é que o CPPC não dá conta que
Vladimir Putin, ao mesmo tempo que aumenta fortemente o carácter repressivo do
seu regime (criação da Guarda Nacional, aumento do número de polícias em mais
40 mil agentes, perseguição e assassinato de opositores, etc.), financia forças
de vários extremos políticos na Europa. Estou convencido de que marine le Pen,
líder da extrema-direita racista e xenófoba francesa, assinaria este mesmo
documento. A argumentação do CPPC e da Frente Nacional é muito semelhante no
que respeita à NATO e à Rússia. Marine le Pen faz por milhões de euros, e o
CPPC? Como já escrevi várias vezes, citando documentos soviéticos, o Conselho
Mundial para a Paz, onde estava e está integrada a respectiva secção
portuguesa, recebiam avultadas somas do regime soviético. Citando Anatoli
Chernaev, alto funcionário da Secção internacional do Comité Central do Partido
Comunista, essas quantias não chegavam “porque, todos os anos, terminam com
deficit… Os combatentes profissionais pela paz estoiram-nas em amantes,
diferentes “iniciativas”, viagens e vida de luxo”.
Quanto aos orçamentos militares, o CPPC constata que: “Os
países membro da NATO, com destaque para os EUA, são responsáveis pela maior
parte das despesas militares no mundo e pela corrida a cada vez mais
sofisticados armamentos, incluindo armas nucleares. A NATO pressiona os seus
membros a aumentar os orçamentos militares. Para a NATO não falta dinheiro para
a guerra, enquanto, simultaneamente, são promovidas políticas contra os
direitos e condições de vida dos trabalhadores e dos povos em muitos dos seus
países membro”.
Porém, evita falar do aumento brutal do orçamento militar
russo. Quando Putin chegou ao poder em 2000, a Rússia, segundo dados oficiais,
gastava 9 228 000 de dólares em armamento, mas, em 2016, esse número subiu
para 87 837 000, sendo o terceiro maior do mundo. Tendo em conta as
dificuldades económicas que atravessa a Rússia, não acredito que sejam
promovidas políticas a favor dos trabalhadores.
Fica-se com a impressão de que os apoiantes do Conselho
Português para a Paz e Cooperação equiparam a política externa de Putin à
política de “defesa da paz” da URSS. Talvez tenham razão. Nenhuma delas conduz
à paz e muito menos ao socialismo e ao comunismo.
3 comentários:
«Estou convencido de que marine le Pen, líder da extrema-direita racista e xenófoba francesa, assinaria este mesmo documento.»
A Marine Le Pen está apenas a defender a sua Pátria contra os sabujos e lacaios do Mundialismo que desejam destruir a Europa e a França.
Marine Le Pen racista e xenófoba?!? O professor José Milhazes por favor pense duas vezes! Racistas e xenófobos são os que abriram as fronteiras da Europa a uma autêntica invasão islamo-africana, com o intuito único de exterminar os europeus na sua própria terra, esses é que são os verdadeiros racistas e xenófobos. Essa gente há-de acabar toda a ser julgada por genocídio, tal como se fez aos nazis:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2016/04/o-que-os-politicos-portugueses-estao.html
Diz o José Milhazes pela boca de terceiros: "Os combatentes profissionais pela paz estoiram-nas (as ajudas que recebem) em amantes, diferentes “iniciativas”, viagens e vida de luxo".
Esta pérola de Milhazes emparelha bem com o comentário de J. J. H. Nobre, segundo o qual "Marine Le Pen está apenas a defender a sua Pátria".
Estamos esclarecidos!
O Herdogan, o Trump, o Putin, dão um jeito para resolver "coisa"...
O Grande Estado Islâmico, do Mar Negro ao Golfo de Aden entra em funções com a queda da Síria e dos Faiçal.
Estamos todos a um passo de termos que nos virar 5 vezes por dia para a cidade de Meca!
Enviar um comentário