A propaganda de Vladimir Putin dirigida aos estrangeiros deve
pensar que são todos completamente ignorantes. Não perde qualquer oportunidade
para levar a "água ao seu moinho", principalmente com a ajuda de
"especialistas estrangeiros". Desta vez foi buscar um francês para
nos fazer crer que a Rússia venceria os Estados Unidos numa guerra nuclear,
quando qualquer pessoa minimamente informada sabe que não haverá vencedores,
nem vencidos num tipo de guerra desse. O órgão de propaganda em
português:“Sputnik” (https://br.sputniknews.com/defesa/20150417790401/) escreve que “o editor do portal
francês Europesolidaire, Jean-Paul Baquiast, afirmou que uma potencial guerra
nuclear entre EUA e a Rússia teria consequências fatais para os
norte-americanos, cujo território, segundo ele, seria completamente destruído
em caso de uma troca de mísseis”.
Os propagandistas do Kremlin estão com falta de originalidade
nas suas tentativas de amedrontar o mundo ou, na realidade, julgam que somos
todos atrasados mentais. Podiam aprender com a propaganda soviética que partia
do princípio que uma guerra nuclear seria a última. A destruição total do
Planeta Terra estará dezenas de vezes garantida.
Será que os dirigentes russos, que têm muitos dos seus filhos
e familiares a viverem à grande e à francesa no Ocidente, que têm fortunas nos
países ocidentais, querem destruir tudo isso? E, mesmo que sobrevivam nos
subterrâneos construídos na era soviética, onde irão buscar os caros vinhos
franceses, da Madeira ou do Porto, o patê de fígado de pato ou os maravilhosos
queijos europeus?
A não ser que Putin evolua na mesma direcção que o actual
dirigente norte-coreano e mesmo assim!..
Compreendo que Putin queira mostrar aos seus concidadãos e ao
mundo que o seu país é uma superpotência, mas da pior forma. Seria melhor
publicar artigos sobre os êxitos da ciência e da cultura russas dos últimos
anos, ou sobre o que realmente foi feito em prol da modernização da Rússia. Por
exemplo, porque é que nenhum cientista russo ganhou prémios Nobel no campo das
ciências este ano? No ano passado, ganharam, mas vivem algures no Ocidente.
Por isso, surpreendem-me algumas análises sobre a
"evolução vertiginosa" dos BRICS e a Cimeira de Goa. Torna-se cada
vez mais evidente que essa organização não passa de uma forma da China
conseguir alcançar os seus objectivos hegemónicos no mundo na Ásia e no mundo.
Exceptuando a China e a Índia, em que estado se encontram países como o Brasil,
Rússia e África do Sul? Atravessam pesadas crises económicas, sociais ou
políticas.
Considero que o mundo abandona a unilateralidade
norte-americana e o enfraquecimento da Europa é cada vez mais evidente, mas não
tenho a certeza de que isso possa conduzir a um mundo multipolar. Muito
provavelmente, voltaremos ao bipolarismo, em que Pequim e Washington serão os
dois polos. Os presentes e futuros membros dos BRICS não passarão de muleta da
China nesta disputa.
Se Putin continuar a sua política actual na Rússia, ele não
só pode deixar de sonhar com a hegemonia mundial, mas também conseguir a perda
da hegemonia regional. A China afirma-se cada vez mais na Ásia Central,
tradicional zona de influência russa, Moscovo não tem meios tecnológicos,
económicos e financeiros para manter militarmente o Presidente sírio Assad no
poder, para conseguir vergar a Ucrânia pela força das armas, para realizar
as promessas de reabertura de bases militares em Cuba e noutros países. Como se
costuma dizer em português, aqui há "muita garganta".
Neste sentido, é ridículo falar em parceria em pé de
igualdade entre Moscovo e Pequim e, dentro em breve, entre a Rússia e a Índia.
Moscovo está a ser utilizado como um instrumento da luta pela hegemonia mundial
e é cada vez menos um jogador influente no tabuleiro mundial.
P.S. Quanto às declarações de Lavrov: http://www.dn.pt/mundo/interior/o-momento-em-o-mne-russo-faz-veterana-jornalista-perder-o-controlo-5438951.html, apenas repete o calão do dono. Esse ministro torna-se cada vez mais semelhante a Molotov em relação a Moscovo. Putin começou a utilizar cada vez mais calão e os servos seguem-lhe o exemplo.
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