A morte do ditador cubano Fidel Castro foi utilizada por
algumas forças políticas para continuarem a alimentar mitos esfarrapados e que,
no máximo, não passam de meias verdades. Não nos vendam negócios puros e duros
por “internacionalismo proletário”
Nos últimos dias, um desses mitos foi múltiplas vezes
repetido pelo deputado comunista António Filipe, presidente do grupo
parlamentar de amizade Portugal-Cuba, e consistia em chamar a atenção para a
vinda de médicos cubanos para trabalharem no nosso país.
Para algumas populações, principalmente do interior do país,
isso é um factor muito positivo, tal como a vinda de médicos da vizinha
Espanha. Mas estes últimos não são alvo de atenção, porque, quando se ouve os
dirigentes comunistas e seus simpatizantes a falarem da vinda de médicos
cubanos para Portugal, parece até que eles estão aqui a trabalhar de graça, ou
seja, numa espécie de “internacionalismo proletário”.
Mas todos nós sabemos que não é assim, que a vinda de
profissionais médicos cubanos para Portugal, não passa de uma das muitas formas
de o regime comunista cubano ganhar moeda forte. Calúnia da reacção, dirão
dizer alguns, mas vejamos apenas os seguintes factos. Segundo noticiou a RTP a
30 de Maio de 2014 (http://www.rtp.pt/noticias/pais/medicos-cubanos-a-trabalhar-em-portugal-recebem-20-por-cento-do-ordenado_v741515), o Estado português paga 4000
(quatro mil) euros mensais por cada médico cubano que trabalha em Portugal. E
agora vem o mais importante, os doutores cubanos recebem apenas 20% dessa
quantia e o resto (80%) vai para o Estado Cubano. A mesma televisão pública diz
que o negócio se baseia num acordo secreto assinado entre o governo português,
chefiado por José Sócrates, e o regime cubano.
Opinião negativa face a esse “internacionalismo médico” tem a
Ordem dos Médicos: “Vários sinais
mostram como o Ministério da Saúde está a discriminar negativamente os jovens
Médicos portugueses e a empurrá-los consciente e determinadamente para a
emigração, ao mesmo tempo que mantém um numerus clausus para Medicina muito
acima do necessário e insiste em desperdiçar dinheiro no curso de Medicina de
Aveiro!
Este mês, na extensão de Saúde da Adémia, em Coimbra, a ARS
do Centro impôs a um especialista em Medicina Geral e Familiar (português, de
muita Qualidade e sem barreiras linguísticas e culturais) um contrato de avença
de 11 meses (aos cubanos é oferecido um contrato de 3 anos) a ganhar 1800 euros
brutos por mês (aos cubanos é oferecido um contrato secreto mas muito muito
superior; parece que o Governo tem vergonha de revelar esses contratos…), numa
extensão com 2800 utentes (muitíssimo acima das listas dos cubanos e da média
nacional), sem direito a férias, sem quaisquer garantias. Sobram 7,75 euros por
hora de trabalho de elevada responsabilidade, complexidade e qualidade!” (https://www.ordemdosmedicos.pt/?lop=conteudo&op=ed3d2c21991e3bef5e069713af9fa6ca&id=96671501524948bc3937b4b30d0e57b9).
A julgar por esta declaração, não foi só o governo de Passos
Coelho que mandou os jovens especialistas portugueses emigrar, parece que já
antes havia esse forte desejo, apenas não foi revelado.
Bem diz o nosso povo que “queijo grátis [aqui podia-se
substituir por “internacionalismo proletário”], só na ratoeira!”.
A mesma história se passa com o envio de doentes portugueses
a Cuba para tratamento. Se Havana tem formas de tratar algumas doenças que nós
não temos, é de saudar essa cooperação, mas não nos venham dizer que se trata
outra vez de “internacionalismo proletário”. Como é sabido, esses tratamentos
são pagos às entidades cubanas, nomeadamente pelas autarquias portugueses que
assinaram os respectivos protocolos de cooperação.
Poderão dizer que os tratamentos em Cuba são mais baratos e
deverão ser se, por exemplo, tivermos em conta que o salário médio de um médico
cubano varia entre os 19 e 34 euros por mês.
Em conformidade com a publicação de documentos após uma queixa na Comissão de Acesso aos
Documentos Administrativos (CADA), apresentada pelo jornal i, ficámos a saber
que desde o primeiro convénio, celebrado em Junho de 2009, era ministra Ana
Jorge e o último aditamento, acordado a 30 de Abril de 2014, ambos assinados em
Havana, o Estado português terá pago cerca de 12 milhões de euros aos Serviços
Médicos Cubanos (SMC).
Estes serviços são tutelados pela “Sociedade Mercantil Cubana
Comercializadora de Servicios Medicos Cubanos, SA”, através da qual os médicos
do país do castrismo (porque morreu um Castro, mas ficou outro para dar
continuidade ao regime) estabelecem contratos de prestação de serviços em
vários países, com particular incidência em África e na América do Sul.
De acordo com números das próprias autoridades cubanas de
2014, 64 mil trabalhadores, a maioria dos quais médicos, estão a trabalhar no
exterior, estimando-se que as receitas anuais deste tráfico humano se aproximem
dos seis mil milhões de dólares.
No já citado artigo da RTP, o bastonário da Ordem dos Médicos
falava numa espécie de "escravatura branca".
A lista das mentiras e meias-verdades poderia ser continuada,
mas apenas acrescento apenas mais uma também ligada ao Partido Comunista
Português, a força política portuguesa mais comprometida com os crimes do
regime cubano. No seu XX Congresso, Jerónimo de Sousa, afirmou orgulhosamente
que o património do seu partido se deve às quotizações e donativos, o que está
longe de ser verdade. Não se podia acreditar nisso nem quando o PCP dizia ter
mais de 200 mil militantes, nem agora que tem cerca de 50 mil. Já não é segredo
para ninguém que essa força política recebeu muitos milhões de dólares da União
Soviética e de outros países do “campo socialista” durante bastantes anos, pelo
menos até 1991. Para que serviu esse dinheiro? Não foi para enriquecer o património
do PCP?
Normalmente, respondem-me os comunistas que os outros
partidos também recebiam e recebem dinheiro do estrangeiro. Acredito que sim,
mas não se deve imitar os outros quando violam as leis do país. Por essa
lógica, só porque um rouba, todos os outros têm direito a roubar.
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