Dizem que o regime político russo é um regime
presidencialista tão centralizado que é difícil compreender como é que ele consegue dirigir a
Rússia e ainda ter tempo para nadar, pescar e dormir.
Desta vez, o dirigente russo, reza o jornal Kommersant,
decidiu pôr ordem no sector funerário, onde - e parece que não só na Rússia -
tem uma forte vertente mafiosa. As autoridades russas calculam que, na economia
paralela ligada aos funerais, circulam de 120 a 150 mil milhões de rublos
(qualquer coisa como 18 a 20 milhões de euros)
Segundo o dito diário, o Presidente considera que não existem
padrões únicos, as leis são caducas e há descoordenação na actividade dos
órgãos do poder.
Actualmente, o subsídio pago pelo Estado para um funeral é de
cerca de 100 euros. E as formas de ajuda na hora da despedida não são iguais em
todas as regiões da Rússia. A direcção de controlo da Administração do
Presidente russo constata: “na República dos Komi, nos distritos de Syktyvkar,
Sosnogorsk e Ukhta, [as autoridades locais] dão um caixão de madeira sem forro
de tecido, enquanto que nas regiões de Priluzki e Ust-Kulomskii dão um caixão
de madeira forrado de tecido”.
Claro que iniciativas destas deviam partir do governo ou do
primeiro-ministro Dmitri Medvedev, mas este é notícia cada vez mais raramente.
Isto tem uma explicação. Segundo a maioria dos analistas, Vladimir
Putin voltará a ser reeleito Presidente nas próximas eleições de Março de 2018
[antecipadas para coincidirem com a data da ocupação da Crimeia pelas tropas
russas], mas é preciso excluir surpresas, por isso esta "preocupação permanente"
pelo povo.
Mas, por outro lado, os anos vão passando e os cidadãos da
Federação da Rússia devem ver que o tempo e a intensa actividade presidencial
não deixam sequer marcas na preparação física do Presidente Putin. Por isso, é
necessário renovar as imagens do “macho eslavo” à pesca em tronco nu ou os
mergulhos nas frias águas da Sibéria para pescar lúcios e outros peixes de
pequena e média dimensão: várias câmaras de televisão e máquinas fotográficas
não podiam deixar escapar este momento “histórico”.
Alguns defensores de Putin afirmam que, desse modo, o
Presidente faz publicidade do turismo interno. Verdade seja dita, a imensa
Rússia tem belezas para todos os gostos, mas não é esse o objectivo. Os russos
optam a viajar para países exóticos porque os voos de avião e os hotéis são bem
mais baratos. Por muita publicidade que se faça a favor do turismo russo para a
Cimeia, são mais os que optam pela Turquia ou Montenegro. Os preços e serviços
são mais apelativos.
Ninguém duvida do patriotismo dos russos, mas também ele tem
limites. É por isso que muitos russos preferem descansar no estrangeiro ou
ficar-se pelas suas datchas nos arredores das cidades onde vivem.
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