Na sequência de uma questão colocada é abordada a questão da “centralidade da Alemanha” e da política externa da Rússia.
A questão da Alemanha vai depender muito da evolução da União Europeia. O futuro da União Europeia vai ditar o papel da Alemanha nas relações com a Rússia e mesmo com a própria União Europeia.
O Brexit é um desastre, e o futuro da União Europeia está por um fio, e se a União Europeia se começa a desintegrar, vamos assistir ao aparecimento de blocos dentro do continente, como já aconteceu no passado e, nesse sentido, podemos até pensar, Berlim-Moscovo um bloco, dando a Rússia à Alemanha o papel principal dentro da sua zona de influência europeia e a Alemanha reconhecendo a Rússia, porque efetivamente neste bloco há grandes interesses económicos, como a questão do gás. Claro que a Alemanha quer que seja acabado de construir o norte stream 2, porque a Alemanha renunciou à energia atómica, e por isso tem grandes necessidades de gás natural e a Rússia vê na Alemanha um forte parceiro em termos de fornecimento de tecnologia, e as empresas alemãs também estão interessadas nisso, claro que agora há sanções e as coisas são mais complicadas. Mas eu penso que as relações entre a Alemanha e a Rússia vão depender, muito, da evolução da própria União Europeia.
O que vai ser quando a Frente Nacional chegar ao poder em França? …por exemplo ou… O que vai ser com o aumento das chamadas forças de extrema-direita noutros países?
Tudo isto é que vai ditar o tipo de relações.
Antes da Crimeia, nós tínhamos as tais relações de que estava tudo a melhorar e cada um, à sua maneira, aproveitava a oportunidade para fazer negócio. No caso da Alemanha havia grandes possibilidades, porque tinha políticos como o senhor Schroden… que ainda ontem veio defender a reintegração da Crimeia, porque é um dos dirigentes da Gazprom, ou seja, a Rússia também tem os seus agendes de influência na Europa.
Efetivamente para muitas empresas europeias as sanções também prejudicam… e alguns países europeus, nomeadamente a Alemanha, tiveram que deixar de vender tecnologia para a Rússia.
Ou seja, a Alemanha e a evolução da política externa e das relações com a Rússia irá depender muito da situação da União Europeia.
Se a União Europeia se desintegrar, nós podemos começar a desenhar todo o tipo de eixos, possíveis e imaginários, que se começarão a formar em todo o continente. Não se sabe se se manterá a NATO, pode ser que se recue até ao ano de 1949 e acaba-se com o projeto europeu, mas mantém-se a NATO.
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