Foto: Ria/Novosti
Gostaria muito de me enganar, mas a Rússia irá passar pela mesma situação que se encontram a Itália ou a Espanha.
Por enquanto, os dados oficiais sobre o coronavirus são: 2337 infectados, mais 500 do que no dia anterior; o número de vítimas mortais subiu de 9 para 17.
Vladimir Putin afirma que a situação esteve e está controlada.
Nikolai Boyko, principal epidemiologista do Ministério da Saúde da Rússia, afirma que o país atingirá o pico da pandemia dentro de alguns dias e que depois os números começarão a descer.
Mas há fortes suspeitas de a realidade não ser bem essa. À excepção do encerramento da fronteira sino-russa em 23 de Março, as autoridades russas pouco ou nada fizeram até ao fim de semana passada. Por exemplo, só ontem, segunda-feira, é que Putin veio ordenar o aumento da realização de testes (o baixo número de testes realizados é uma das razões dos números optimistas revelados pelas autoridades); só ontem ele veio a exigir a inventariação de ventiladores, camas, hospitais e centros de diagnóstico no país; só ontem ordenou a criação de reservas de medicamentos e o pagamento atempado dos salários de médicos e auxiliares.
Ou seja, só agora é que as autoridades russas começam a tomar medidas sérias para travar o coronavirus, que poderão vir tarde demais. Tanto mais que entre os infectados não estão apenas russos vindos do exterior e, no fim de semana passada, os russos não ficaram em casa, mas utilizaram o bom tempo para fazer churrascos, para ir às casas de campo ou passar férias na Crimeia e em Sochi. As consequências desta e de outras irresponsabilidades ainda estão para vir.
Se o pico está próximo e a situação controlada, para que foi criado o Presidium do Governo, órgão que reúne os ministros russos mais importantes e que visa coordenar a luta contra o coronavirus?
Numa situação crítica como esta, seria importante que as autoridades não mentissem, mas, como já mentiram muitas vezes (e não foram só as russas), as pessoas têm dificuldade em acreditar, e isto é um grande perigo no caso da pandemia.
A última sondagem realizada pelo Levada-Tzentr na semana passada, mostrava que a confiança dos russos em Putin desceu muito: 61% dos respondestes defendem que Putin não se deve recandidatar a Presidente da Rússia em 2024, enquanto que apenas 31% têm opinião contrária.
Desejo todos os sucessos aos russos neste combate contra o coronavirus.
P.S. Depois da superação da crise, os sobreviventes devem pensar bem na qualidade e competência das suas elites políticas. Esta situação extrema está mostrar quem é quem. Quem é Jair Bolsonaro, Donald Trump, Boris Johnson, etc. , etc.
Se não for feita uma limpeza profunda da incompetência no poder, arriscado-nos a ver a proliferação de regimes extremistas (de direita e esquerda) no mundo.
Dois extremistas discutiam. Um dizia que 2+2=4 enquanto o outro dizia que isso era um disparate pegado, porque a opinião dele é que 2+2=6. Entretanto chega um moderado e diz que todos os extremismos são maus e por isso 2+2=5.
ResponderEliminarO valor de um político e/ou ideia não sê pelo facto de ser extremista ou não.
Acabar com a escravidão foi uma ideia extremista, uma lei moderada seria dar alguns direitos aos escravos. Felizmente em relação à escravidão ganharam os extremistas e ela foi abolidada.