Saidulaiev estaria a preparar "actos terroristas" durante a cimeira do G-8, em São Petersburgo. Já tem sucessor designado: Doku Umarov, um dos comandantes mais radicais do separatismo tchetcheno
O Governo pró-russo da Tchetchénia anunciou ontem a morte, durante uma operação especial, do chamado "presidente" da Tchetchénia separatista (Itchekéria), Abdul-Halim Saidulaiev. Um emissário tchetcheno já anunciou que o novo líder é Doku Umarov (na foto).
"O líder terrorista foi eliminado na cidade de Argun durante uma operação especial. Os terroristas estão decapitados, pois sofreram um golpe de que jamais recuperarão", anunciou Ramzan Kadirov, primeiro-ministro e homem forte de Moscovo na Tchetchénia.
Saidulaiev foi detectado na terceira cidade tchetchena e sua terra natal e morreu num tiroteio com as tropas leais a Kadirov, constituídas por antigos guerrilheiros que passaram para o lado russo.Kadirov declarou ainda que Saidulaiev chegara a Argun há uma semana "para aí realizar actos terroristas no período em que decorrerá a cimeira do G-8 em São Petersburgo", ou seja, em meados de Julho.
Abdul-Halim Saidulaiev tinha sido eleito dirigente da guerrilha separatista tchetchena depois da morte de Aslan Maskhadov, líder da Tchetchénia independente inicialmente reconhecido, mas mais tarde deslegitimado pelo Kremlin, a 8 de Março de 2005, durante uma operação dos serviços secretos russos.Novo líder"Podemos dizer que a partir de hoje, o presidente da República da Tchetchénia é Doku Umarov", disse à rádio russa Echo o "ministro dos Negócios Estrangeiros" independentista, Akhmed Zakaiev, refugiado em Londres. Umarov, vice de Saidulaiev, é considerado opositor a qualquer negociação com o Kremlin mas próximo de Chamil Bassaiev, incontestável "número um" da luta contra as forças russas. Chegou a ser declarado morto em 2000, mas em 2002, Maskhadov nomeou-o "comandante da Frente Oeste". Os sites de Internet rebeldes mostraram Umarov de barba curta, ao lado de Bassaiev, numa zona de montanhas.Maskhadov, que sempre condenou as actividades terroristas da ala radical islamista da guerrilha tchetchena e apelou ao diálogo com Moscovo, caiu numa cilada ao acreditar que se dirigia para conversações com mediação europeia.
Com esta operação, Ramzan Kadirov obtém não só uma vitória sobre a guerrilha separatista, mas também vinga a morte do pai, primeiro dirigente pró-russo da Tchetchénia, assassinado em 2004. Reforça ainda as suas posições face ao actual Presidente tchetcheno pró-russo, Alu Alkhanov.
A liquidação de Saidulaev é mais um êxito da política de "tchetchenização" do conflito, levada a cabo pelo Presidente russo, Vladimir Putin. Porém, o Kremlin foi obrigado a ceder a Kadirov poderes com que Maskhadov não poderia sonhar. Ele rodeou-se de uma "guarda pretoriana", acusada de fazer maiores barbaridades do que as tropas russas ou os terroristas islâmicos. A classe política russa congratulou-se por mais esta operação contra os separatistas, mas assinala que Saidulaiev não passava de "um peão utilizado pelos comandantes operativos", antes de tudo pelo verdadeiro dirigente rebelde, Chamil Bassaiev, "terrorista número um do país".
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