
Vladimir Putin, Presidente da Rússia, considera que o seu país deve ter um papel maior e real na resolução dos problemas globais, mas reafirma que Moscovo não tem ambições neo-imperiais.
Relações com Estados Unidos
Numa reunião com o "estado-maior" do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e todo o corpo de embaixadores, o dirigente do Kremlin lançou um apelo aos Estados Unidos para impulsionar o processo de desarmamento nuclear e iniciar negociações para substituir o Tratado START de redução de armas estratégicas, que expira em 2009. "A Rússia está preocupada com a paragem que de facto existe no âmbito do desarmamento" - disse Putin, acrescentando que "é preciso ter consciência de que, não obstante todos os esforços, o potencial de conflitos no mundo continua a aumentar".
Putin constatou que "depois da destruição da ordem bipolar, mantém-se, em grande medida, o carácter imprevisível do desenvolvimento global", acrescentando que "actualmente estamos num momento em que se moderniza toda a arquitectura da segurança global", e advertiu: "se se cair na inércia das velhas políticas, o mundo afundar-se-á novamente num confronto estéril".
No seu discurso, o dirigente russo destacou a importância das relações entre Moscovo e Washington para a estabilidade mundial: "Temos ainda muito que mudar nas nossas relações [com os EUA]. Mas para que as mudanças sejam positivas, os políticos de ambos os países devem aprender como axioma que as relações entre potências mundiais como a Rússia e os Estados Unidos só podem basear-se em condições de igualdade e respeito mútuo .
Tendo em vista o "problema nuclear iraniano", o chefe de Estado sublinhou que o seu país não apoiará propostas de soluções para problemas relativos à não-proliferação de armas de extermínio em massa que contenham ultimatos. "Volto a sublinhar: não fazemos intenção de nos juntarmos a qualquer tipo de ultimato, que só leva a situação a um atoleiro e constitui um golpe no prestígio so Conselho de Segurança da ONU" - reafirmou Putin.
Renascimento da "soberania limitada"
O dirigente russo, que no seu discurso abordou os aspectos principais da política externa da Rússia, mostrou-se surpreendido pela reacção no estrangeiro à decisão de Moscovo vender aos países vizinhos gás a preços de mercado. "Custa compreender por que é que a decisão, natural e transparente, de passar para tarifas de mercado na venda de gás a alguns dos nossos vizinhos provocou uma reacção exaltada, em alguns casos" - declarou ele, acrescentando que chegou a hora de as relações da Rússia com os restantes países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) se basearem nos "princípios que regem a economia e o comércio mundial".
Vladimir Putin não põe em dúvida "o direito dos países da CEI de actuar por conta própria, tanto no seu território, como na política internacional, mas isso significa que nós também temos o direito de eleger o nosso próprio caminho". Segundo ele, em alguns países da Comunidade observam-se "tentativas de procurar protectores longínquos, de ignorar vínculos de secúlos, que transportam a ameaça de que surjam Estados fracos e dependentes".
Um recado claro para países como a Ucrânia, Geórgia e Moldávia, que não escondem a sua política de aproximação da NATO e da União Europeia, que envenena fortemente as relações entre esses países e a Rússia.
"As nossas respostas baseam nos verdadeiros desejos dos povos que vivem nos países da CEI e que são a cooperação em pé de igualdade e de boa vizinhança" - declarou Putin, sublinhando que a Rússia "não tem ambições neo-imperiais".
O dirigente do Kremlin também declarou que não renunciará a "participar activamente na solução de uma série de conflitos e continuaremos a cumprir a nossa missão pacificadora, não obstante as provocações que enfrentamos".
A Geórgia pediu a retirada das forças internacionais de paz nas zonas dos conflitos separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, pois considera que a Rússia, que tem um papel determinante nessas forças, apoia os separatistas.
Putin defendeu também o aumento das relações da Rússia com a China e a Índia e a pretensão do seu país "participar realmente na solução dos problemas globais mundiais".
"Com a Rússia actual é mais vantajoso ser amigo e mais seguro cooperar" - conclui Putin, reafirmando que o seu país "não irá fazer chantagem energética".
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