Quando nos telefonaram para comunicar que Valentin Ivanov, o russo que arbitrou o Portugal-Holanda no Campeonato do Mundo, concordou em dar uma entrevista ao Público, decidimos não perder essa oportunidade. Tanto mais que este árbitro não é muito dado a entrevistas e era importante ouvir o que ele tinha a dizer sobre todos os momentos atribulados de um dos jogos mais complicados e dramáticos desse campeonato.
Tivemos de sair de Moscovo para ir até à datcha (casa de campo) de Ivanov, situada a cem quilómetros da capital russa. Mas valeu a pena. Encontrámos um homem aberto, bem disposto e pronto a responder a todas as perguntas. Na cozinha (na Rússia, a cozinha é um lugar muito importante, sítio de longas conversas), onde decorreu a entrevista, vimos, em lugar de destaque, um galo de Barcelos, recordação da passagem de Ivanov pelo Campeonato da Europa de Futebol de 2004, também como árbitro.
"Meu Deus, como consegui levar o jogo até ao fim!" - declarou Ivanov ao Público, reconhecendo que o jogo Portugal-Holanda foi o mais difícil da sua carreira, mas que não se arrepende de nenhuma das decisões tomadas.
O texto da entrevista será publicado um dia destes no Público, mas não podemos deixar de contar uma passagem curiosa da entrevista. Quando ela estava a chegar ao fim, Ivanov ausentou-se uns minutos e, quando regressou, trouxe nas mãos duas cartolinas: amarela e vermelha. Nós fomos agraciados com a vermelha, devidamente autografada por um dos melhores árbitros da Rússia. Não ficamos nada indignados como Costinha ou Deco no jogo contra a Holanda, bem pelo contrário, uma recordação de uma entrevista agradável na aldeia de Alabino, a cem quilómetros de Moscovo.
2 comentários:
Caro José Milhazes,
Não dá para publicar aqui no seu blog a entrevista após a notícia ter sido publicada no Público?
É que não tenho por hábito comprar esse jornal: mantenho-me fiel ao JN.
Não admira ter sido o mais difícil jogo da vida do Sr. Ivanov, não é todos os dias que se é arbitro de uma batalha campal.
À luz das regras de fair-play patrocinadas pela FIFA, aquilo deveria ter acabado uns 7 contra 8, talvez a falta de capacidade do Sr. Ivanov foi não ter conseguido parar a escalada de violência, e quiça ainda mais acicatá-la.
Um amigo meu Russo disse-me que a impressa russa mostrou o Sr. Blatter a desdizer as acusações que fez ao Sr. Ivanov, reconhecendo que afinal, perante o que aconteceu, até foi uma arbitragem boa e justa. José Milhazes, confirma isto?
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