Moldávia pode seguir o exemplo
O Parlamento da Geórgia aprovou uma resolução que ordena a saída das tropas de paz russas das regiões separatistas georgianas da Abkházia e Ossétia do Sul. O documento, que tem carácter vinculativo para o Governo, foi aprovada por 144 votos a favor e nenhum contra, numa votação em que não participaram os grupos parlamentares da oposição.
O Parlamento da Geórgia ordena também ao Governo denunciar os respectivos tratados internacionais e evacuar imediatamente os contingentes de paz russos da Geórgia. Os parlamentares, que não fixaram prazos ao Governo para o cumprimento da resolução, apelaram ao Executivo alterar o "formato de manutenção da paz" com o emprego de "forças policiais internacionais" em ambas as zonas de conflito
A resolução dos deputados sublinha que "a actuação das forças armadas russas na Abkházia e na antiga região autónoma da Ossétia do Sul é uma das grandes barreiras na via rumo à solução pacífica dos conflitos". Guvi Targamadze, dirigente do Comité Parlamentar de Defesa e Segurança Nacional, avisou da tribuna de que, caso as forças de paz russas não cumpram as exigências de pôr fim às operações, "serão declaradas fora da lei e consideradas tropas de ocupação".
A Abkházia e a Ossétia do Sul separaram-se de facto da Geórgia no início dos anos 90, após guerras civis que fizeram milhares de mortos e a fuga de dezenas de milhar de refugiados. As forças de paz russas foram instaladas na Ossétia do Sul em 1992 devido a um acordo bilateral russo-georgiano e, dois anos mais tarde, já com o mandato da Comunidade de Estados Independentes, na Abkházia.
A Geórgia acusa a Rússia de apoiar os regimes separatistas da Abkházia e Ossétia do Sul e de levar a cabo uma política de "anexação silenciosa" mediante a concessão massiva da cidadania russa aos habitantes dessas duas regiões. Se um russo quer regressar ao seu país de algumas das antigas repúblicas soviéticas, não consegue receber a cidadania da Federação da Rússia sem pagar subornos e bater em mil portas e passar por humilhações, mas quase 100% dos habitantes da Abkházia e da Ossétia do Sul receberam o passaporte da Federação da Rússia sem qualquer tipo de problema.
O Kremlin considera a exigência das autoridades georgianas uma "provocação" e responde que, antes de tomar uma decisão sobre a retirada das suas tropas, irá "consultar a outra parte do conflito".
As autoridades da Moldávia exigem também a retirada das tropas russas da linha que divide este país da Transdenístria, território separatista, pois consideram que Moscovo também apoia os seccionistas.
Os problemas agudizam-se quando os dirigentes da Geórgia e da Moldávia manifestam intenções de sair da órbitra russa e aproximar-se da União Europeia e da NATO. Por isso, não será grande surpresa se na Ucrânia ganharem nova força movimentos separatistas.
Depois do referendo sobre a independência do Montenegro e da possibilidade de realização de outro sobre o estatuto do Kosovo, Moscovo considera que os abkhazes e ossetas também têm direito à autodeterminação que, no fundo, significará uma adesão à Federação da Rússia. Na Transdenístria, com o consentimento tácito do Kremlin, mas contra a vontade da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa , as autoridades separatistas decidiram marcar para Setembro um referendo sobre o futuro desta região da Moldávia.
Sem comentários:
Enviar um comentário