Já passaram quase dois anos da "Revolução Laranja", que trouxe para a Praça da Independência de Kiev centenas de milhares de pessoas. Foi esse mar de gente que lutou contra a falsificação dos resultados das eleições presidenciais por parte do então Primeiro-ministro, Victor Ianukovitch. Foram precisas três voltas, mas acabou por vencer aquele que a maioria dos eleitores apoiavam: Victor Iuschenko.
Tudo isto nos vem agora à memória por uma razão bem triste. Victor Ianukovitch não só não foi julgado por ter dirigido a falsificação do escrutínio, como pode voltar ao cargo de chefe do Executivo ucraniano na próxima semana.
As forças políticas pró-europeias pouco de positivo fizeram enquanto estiveram no poder e perderam a maioria do tempo a degladiar-se entre si. E o cúmulo da farsa começou em Março, quando as forças que fizeram a "Revolução Laranja": Bloco de Iúlia Timochenko, Partido Nossa Ucrânia e Partido Socialista, conseguiram a maioria dos votos nas eleições parlamentares, mas não souberam formar governo. Isto porque Alexandre Moroz, dirigente socialista, mudou de campo político a troco do cargo de Presidente da Rada Suprema (Parlamento) do país.
Agora existe uma nova coligação: Partido das Regiões, de Victor Ianukovitch, Partido Comunista e Partido Socialista, que propõe Ianukovitch para Primeiro- ministro . Neste caso, ficam várias interrogações no ar: como é possível que um político que falsifica eleições passe a chefiar o Executivo ucraniano? Como é possível que esse político, que foi condenado a pesadas penas de prisão na época soviética por crimes de pedofilia e violência, passe a ser um dos máximos representantes do segundo maior Estado europeu depois da Rússia?
Enquanto não recebemos respostas a estas perguntas, publicámos aqui imagens por nós captadas durante a "Revolução Laranja", quando os ucranianos acreditavam ainda que podem ter um país independente, próspero, europeu.
2 comentários:
Caro leitor, neste campo, estamos plenamente de acordo consigo: a Europa continua a não existir, principalmente no que respeita à política externa, mesmo dentro do próprio continente, como acontece com Ucrânia, Geórgia, Rússia, etc. Enquanto a barriga está gente, não se quer pensar... JMilhazes
"como é possível que um político que falsifica eleições passe a chefiar o Executivo ucraniano?"
??? Isto só prova que a Ucrânia é um país moderno e europeu... não sei onde está o espanto... parece que coisas destas não acontecem noutros lados...
(consultar por exemplo os resultados dos referendos para adesão à União Europeia nalguns países de leste)
"Como é possível que esse político, que foi condenado a pesadas penas de prisão na época soviética por crimes de pedofilia e violência"
??? Como é? Agora a justiça soviética já é fiável?
É que se a pessoa agrada as perseguições de que foi alvo nos tempos da antiga União Soviética foram manifestamente perseguições de ordem política a um defensor da liberdade mas, se não agrada, então já não houve perseguição, houve somente justiça!
Meu caro José Milhazes, esta dualidade de critérios não é bonita.
"Europa continua a não existir"
????
A Europa claro que existe, a Europa é um continente e até à próxima catástrofe geológica existe e existirá.
Creio que se queria dizer era União Europeia...
Ora esta existe e existe até demais.
E nós portugueses temos perfeita noção disso pois a exploração a que Bruxelas nos sujeita lançou o país na sua maior crise desde as guerras liberais no século XIX!
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