sábado, agosto 19, 2006

Olhares divergentes sobre Agosto de 1991


Os cidadãos da Rússia continuam a avaliar de várias formas os acontecimentos de Agosto de 1991, quando um grupo de dirigentes comunistas tentaram desalojar pela força Mikhail Gorbatchov dos cargos de Presidente da União Soviética e de Secretário-geral do Partido Comunista.
Segundo uma sondagem do Lavada-Tsentr, 39% dos respondentes caracterizaram esses acontecimentos como "luta pelo poder nas mais altas esferas do país"; 36% consideram que se trataram de dias tràgicos, com consequências funestas para o país. 13% dos habitantes da Rússia avalariaram esses acontecimentos como "vitória da revolução democrática" e 12% tiveram dificuldade em responder.
Este estudo mostra também que a diversidade de opiniões depende significativamente da idade. Apenas 21% dos respondentes com menos de 25 anos consideram os acontecimentos de 19 de Agosto de 1991 "trágicos, com consequências funestas para o país", enquanto que esse número sobe para 46% entre as pessoas com mais de 55 anos de idade.
Segundo esta sondagen, actualmente, tal como há 3 anos atrás, quase metade dos inquiridos (44%; em 3003 - 47%) considera que a Rússia, depois de Agosto de 1991, não está a avançar pelo caminho certo. O ponto de vista contrário tem o apoio de 30% dois respondentes (o mesmo número de há três anos).
12% dos inquiridos recordaram que, em Agosto de 1991, apoiaram os golpistas, 22% estiveram contra e 32% reconheceram que não tiveram tempo para compreender o que se passava. Os restantes ou eram crianças e não compreendiam a situação (20%), ou pessoas que não se recordam a posição que então tomaram (14%).
O estudo revelou também que, presentemente, 13% dos inquiridos consideram que os golpistas tinham razão, 12% pensam que a razão estava do lado dos democratas, 52% afirmaram que nenhuma das partes tinha razão e 23% tiveram dificuldade em responder.
Mikhail Gorbatchov, antigo Presidente soviético, considera que "o desenvolvimento da nossa história mostrou que as conclusões ainda não foram tiradas até ao fim".
"A política de traição de Gorbatchov conduziu a União Soviética ao limiar da catástrofe e a direcção do país agiu correctamente ao manifestar-se contra essa política. Não havia outra saída" - declarou o general Valentin Varennikov, um dos militares mais activos na luta contra Boris Ieltsin e Mikhail Gorbatchov em Agosto de 1991.
Mas, por muito paradoxal que possa pareça, embora não seja, Gorbatchov e Varennikov têm uma posição comum: ambos apoiam calorosamente a política do actual Presidente da Rússia, Vladimir Putin. O primeiro, por oportunismo, para que a sua Fundação não tenha problemas com as autoridades. O segundo, porque vê no actual Presidente russo o político capaz de devolver a "imperialidade" à Rússia e, ao mesmo tempo, por oportunismo. O partido político que o ajudou a eleger deputado do Parlamento: Ródina (Pátria) não passa de uma criação do Kremlin para criar um ambiente de pluralismo no país.
Quanto aos "russos simples", alguns vão participar, hoje e amanhã, em manifestações pró ou contra os resultados dos acontecimentos de Agosto de 1991. Mas deverão ser muito poucos, pois a esmagadora maioria prefere continuar a gozar o Verão, que na Rússia já vai a caminho do fim.

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