A popularidade da vodka aumenta na Europa e no mundo, estando o mercado dessa bebida alcoólica avaliado em cerca de 10 mil milhões de euros. Daí a denominação do produto estar a ser alvo de fortes polémicas no interior da União Europeia, que deixou de fora a Rússia, o país onde mais se consome tal "nectar".
A vodka dividiu a UE em dois campos antagónicos. De um lado, estão a Finlândia, Suécia, Polónia, países do Báltico, produtores tradicionais dessa bebida alcoólica; do outro, os novos produtores: Grã-Bretanha, França e Itália. O pomo da discórdia consiste em definir a partir de que produtos fabricar álcool étilico, componente fundamental na preparação da vodka.
Segundo os tradicionalistas, o álcool para a vodka só deve ser preparado a partir do trigo e da batata, enquanto que os novos produtores defendem uma definição mais ampla: “a vodka é uma bebida feita de álcool étilico extraído de produtos agrícolas”. Ou seja, será correcto produzir vodka a partir da beterraba açucareira, milho ou citrinos?
Os peritos da Comissão Europeia estudaram essa questão durante cinco anos e concluíram que, historicamente, no Velho Continente se faz vodka a partir dos mais variados produtos agrícolas e, por conseguinte, os produtores tradicionais não têm razão.
Mas como a Finlândia preside à UE, finlandeses e suecos lançaram um contra-ataque para defender a receita tradicional, apresentando o exemplo do whiskie, que tem um modo de produção bem definido, mas os novos produtores falam em “concorrência desleal” e “tentativa de monopolização do mercado”.
A discussão continua acesa, mas sem a participação da Rússia, um dos primeiros e maiores produtores desta bebida alcoólica forte. Até porque os polacos já conseguiram convencer os europeus de que a palavra “wodka” aparece pela primeira em documentos do seu país no ano de 1405, como medicamento.
Nos anais russos, essa bebida alcoólica aparece apenas em 1553 para definir uma mistura “vodka de vinho de cereais”, ou seja, álcool dissolvido.
Enquanto bebida, tal como é conhecida actualmente, a vodka aparece num decreto da Imperatriz Catarina I, datado de 8 de Junho de 1751 e que regulava o funcionamento das destilarias de álcool.
Nem todo o álcool origina vodka
Enquanto a União Europeia discute a “essência da vodka”, a Rússia enfrenta um gigantesca onda de intoxicações alcoólicas. Nos últimos dias, em apenas três regiões da Rússia, cerca de 500 pessoas foram internadas devido ao consumo de vodkas fabricadas “a martelo”, tendo falecido algumas dezenas.
Quando as pessoas não têm acesso à aquisição de vodka legal devido ao seu alto preço, recorrem ao chamado “álcool industrial”, metílico, comprando, nas lojas e supermercados, todo o tipo de produtos químicos que contêm esse líquido: águas de colónia baratas, produtos para limpar vidros, etc.
Além disso, nos circuítos legais, é vendida grande quantidade de vodka produzida por grupos criminosos. Aparentemente, em nada se distingue da vodka legal: a garrafa e etiquetas são iguais, até a cor da bebida não édiferente, só que o conteúdo pode provocar morte imediata, ao contrário da vodka legal, que prejudica a saúde mais devagar.
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