Caros leitores, aconselho vivamente a leitura atenta da versão integral do discurso de Vladimir Putin em Munique, na sexta-feira. O texto em inglês pode ser encontrado no sítio abaixo citado:
www.kremlin.ru/eng/sdocs/speeches.shtml
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5 comentários:
inquietante...
Curiosamente, um discurso tão duro parece que não lançou grandes ondas de choque. Apenas li uma ou outra reacçao desvalorizata dos EUA, mas parece que desta vez Putin subiu mesmo a parada ou isto é mais para consumo interno?
Caro João Melo, não é só para consumo interno. A Rússia quer ter um papel mais importante nas relações internacionais, tanto mais que os Estados Unidos têm cometido, nos últimoa anos graves erros. Resta saber se Moscovo tem ou não um poderio económico suficiente para suportar o novo papel a que pretende ou não lhe acontecerá como a União Soviética. Nos anos 70 e 80 do séc. XX, o país gastou os enormes meios financeiros que ganhou com o preço alto do petróleo nos mercados internacionais em armamento, sem modernizar os restantes ramos da economia. A corrida aos armamentos e a queda brusca do preço do petróleo que veio a seguir levaram à ruína da URSS.
A história pode repetir-se...
José Milhazes
Caro José Milhazes, note-se, no entanto, as referências feitas por Putin a aspectos económicos. Nomeadamente ao investimento - por enquanto residual - das empresas russas no estrangeiro. Por outro lado note-se a preocupação com a diferenciação da origem das mais-valias económicas: petróleo, gás natural, venda de armamento, tecnologia nuclear (para fins civis), controlo de gasodutos, aço, etc.. Parece-me então que, desta feita, o Kremlin não se propõe cometer os erros anteriores. Sublinho ainda a questão do Kosovo. Putin mantêm uma atitude irredutivel e de força em contraponto com a NATO e UE. É assim claro, tal como afirma o José Milhazes, o objectivo de assumir um papel mais importante nas relações internacionais. O futuro sucesso de tal opção estratégica é bem patente, na minha opinião, nos grandes desenvolvimentos dos últimos dois anos.
Caro Ivo, a diversificação das mais valias económicas continua a ser apenas um sonho. Até agora, a Rússia continua a viver, como dizem os russos, "na agulha dos hidrocarbonetos", comparando este país a um toxicodependente.
Quanto à questão do Kosovo, estou de acordo com Putin quando afirma que se trata de um precedente perigoso se esse território for separado da Sérvia. Na Europa existe um grande número de regiões e países para os quais o Kosovo pode ser precedente. Desde o País Basco em Espanha, passando pela Córsega em França e a acabar no antigo espaço post-soviético: Abkházia e Ossétia do Norte na Geórgia; Nagorno-Karabakh no Azerbaijão; Transdnistria na Moldávia.
E o rol pode-se continuar com a questão da Crimeia (que passou da Rússia para a Ucrânia apenas em 1954) de parte significativa da Carélia, que até à 2ª Guerra Mundial pertenceu à Finlândia, etc., etc.
Porém, não posso estar de acordo consigo nos sucessos dos últimos dois anos, pois a Rússia tem somado derrotas importantes na espaço post-soviético: Ucrânia, Bielorrússia, Geórgia. Quanto ao resto, vamos ver se a direcção russa saberá gerir esta situação favorável.
Há outro factor que preocupa quanto ao futuro deste país: a crescente corrupção a todos os níveis, que não irá diminuir com a concentração dos principais sectores da economia nas mãos do Estado (leia-se, nas mãos do grupo ou grupos que controlam o Kremlin).
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