Por enquanto, ainda é difícil fazer previsões de como esta nova crise política na Ucrânia irá acabar. Todas os partidos envolvidos afirmam que não pretendem recorrer à força para resolver o problema.
O Governo da Ucrânia, reunido esta noite em sessão extraordinária, decidiu não obedecer ao decreto do Presidente ucraniano, Victor Iuschenko, que dissolveu ontem à noite a Rada Suprema (Parlamento).
A favor dessa decisão votaram todos os ministros do Gabinete de Ministros, à excepção dos titulares da Defesa, Anatoli Hritsenko, e dos Negócios Estrangeiros, Aresni Yatseniuk, que segundo a legislação do país foram nomeados para os seus cargos pelo próprio Presidente.
O Governo, formado por uma coligação das forças da oposição a Iuschenko que detém uma maioria simples na Rada, decidiu obedecer apenas às decisões do Parlamento, que, por sua vez, considerou o decreto presidencial “anticonstitucional”.
Os deputados da Rada reuniram-se hoje de manhã e aprovaram uma decisão de enviar o decreto de Iuschenko para o Tribunal Constitucional, que se deverá pronunciar sobre a constitucionalidade do documento. Nesta reunião não participam os partidos que apoiam o Presidente: Nossa Ucrânia e Bloco de Iúlia Timochenko.
Caso o Tribunal Constitucional chumbe o decreto, a oposição não descarta a possibilidade de dar início ao processo de afastamento de Victor Iuschenko do cargo de Presidente.
O primeiro-ministro Victor Ianukovitch, rival derrotado de Iuschenko nas presidenciais de 2004, instou o Presidente a anular o seu decreto e a “sentar-se à mesa de negociações” com a maioria parlamentar “para não permitir a desestabilização do país”.
“O Presidente cometeu um erro e devemos ajudá-lo a sair desta situação” – concluiu.
O decreto de Iuschenko foi publicado na página da Presidência na internet e numa edição especial do “Boletim Oficial do Presidente da Ucrânia”, o que formalmente faz dele lei. Os jornais oficiais controlados pelo Governo recusaram-se a publicar o documento.
A decisão de Iuschenko de dissolver a Rada e convocar eleições para 27 de Maio foi saudada pelos seus aliados da Revolução Laranja de 2004, entre os quais está a ex-primeira-ministra Iúlia Timochenko.
A oposição ao Presidente montou tendas e barracas junto do edifício do Parlamento e hoje começaram-se a concentrar milhares de pessoas, vindas do Leste da Ucrânia, onde o primeiro-ministro tem forte influência.
Durante a madrugada, na Praça da Independência tiveram lugar confrontos entre manifestantes rivais, mas a polícia conseguiu dominar rapidamente a situação.
O ministro da Defesa declarou que “as Forças Armadas actuarão dentro da legalidade e só cumprirão as ordens do Presidente e comandante supremo”.
A crise política na Ucrânia começou na semana passada quando
Iuchtchenko acusou o seu rival, o primeiro-ministro Viktor Ianukovitch, de romper os compromissos do acordo assinado entre eles para repartir o poder e de tentar conseguir mais poder "roubando" deputados aos grupos que o apoiam.
O Presidente está preocupado com o facto de Ianukovitch poder fortalecer a sua maioria na Rada até aos 300 parlamentares num Parlamento com 450 assentos, o que lhe permitiria anular os vetos presidenciais e fazer alterações à Constituição.
3 comentários:
Por que é que tantos deputados estão a mudar de partido? E por que é que Yanukovich parece confiar tanto na decisão do tribunal constitucional?
Lá terá Viktor Iuchtchenko de tomar mais uma dose de veneno para tentar voltar à mó de cima. Será que a cara do Viktor aguenta outra dose?
Caro José, os deputados mudam de partido porque se vendem. Num país tão corrupto como a Ucrânia, pode-se comprar com muito dinheiro, o que não se pode comprar com pouco. Ianukovitch confia no TC, porque, segundo os observadores, tem o apoio da maioria. No entanto, chamo a atenção para as pressões que ele fez para que o Presidente do TC apresentasse a sua demissão.
Quanto ao que escreve o leitor Diogo, acho que não merece comentários. Cumprimentos
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