As relações entre a Rússia e a Grã-Bretanha estão a deteriorar-se a olhos vistos, mas a guerra não deve ir além das expulsões mútuas de diplomatas, restando apenas saber qual será o número total de vítimas.
Nesta disputa, a Rússia está numa situação desvantajosa por várias razões. O Kremlin afirma que não pode ir ao encontro das autoridades inglesas e extraditar o cidadão russo Andrei Lugovoi, presumível assassino do antigo agente secreto russo Litvinenko, porque a Constituição da Rússia não o permite.
Isso seria aceitável se os dirigentes russos se orientassem sempre pela Lei Suprema do país, mas tal não acontece frequentemente. Há uns anos atrás, o Kremlin extraditou para a Turcoménia, então governada pelo ditador Saparmurat Niazov, pessoas com cidadania dupla, uma das quais era russa.
O Kremlin exige que a Grã-Bretanha extradite para a Rússia o magnata russo Boris Berezovski e um dos chefes da guerrilha separatista tchetchena, Akhmed Zakaev, acusados de terem cometido graves crimes nesse país.
Estou longe de simpatizar com qualquer um dessas personagens. Como é sabido, Berezovski foi dos oligarcas que mais roubou na Rússia e fez enormes estragos à democracia russa, nomeadamente quando fez avançar Vladimir Putin para a sucessão de Boris Ieltsin.
Mas não quero acreditar que a Grã-Bretanha os entregue à Rússia, pois, como é sabido, eles não terão direito a defesa, mas sim serão vítimas de justiça sumária ou talvez mesmo de linchamento.
O magnata Khodorkovski é um exemplo acabado da "justiça" russa e um dos dirigentes da guerrilha tchetchena, Salman Raduev, foi captado vivo pelas autoridades russas e acabou por morrer misteriosamente numa prisão de alta segurança.
Se a Rússia enveredar pela via das sanções económicas, arrisca-se a ter mais um azar. É verdade que a Europa Ocidental terá grandes dificuldades em viver sem o petróleo e gás russos, mas também é verdade que se a Europa Ocidental não comprar esses hidrocarbonetos, Moscovo não terá mercados de escoamento alternativos. Além disso, é difícil imaginar como é que os novos russos conseguirão sobreviver sem os Bentley, Rolls-Royce, etc.
Este conflito, a agravar-se, poderá também envolver Portugal enquanto presidente da União Europeia. Vamos acompanhar o desenrolar da crise e ver quantos diplomatas britânicos serão expulsos de Moscovo: 4+x.
4 comentários:
Creio q mais uma vez o caro Jose Milhazes, frisou q o mais importante nisto, e q nao se pode confiar na justica russa, e enquanto ela for parcial, nao havera hipoteses de uma cooperacao entre a Russia e o Reino Unido, e memso da Uniao Europeia.
Moro no Reino Unido e a maior parte da opiniao publica ca foi favoravel a extradicao desses diplomatas, entretanto espera-se com alguma expectativa, que retaliacao os russos farao, mas nao se cre, como hj se lia no "Guardian" que a Russia responda da memsa maneira, mas sim, com a suspensao temporaria de fornecimento de Energia, o que aqui e visto como uma "meninice" dos russos.
Quando este conflito terminar, creio q mais uma vez a "vitoria" sera para o Reino Unido, e a derrota para a oligarquia Russa (mais uma vez)
PS: Desculpem a falta de pontuacao nas palavras, mas os teclados ingleses nao permitem palavras ricas em acentuacao.
O que mais me choca nestas coisas é a retórica arrebatada de parte a parte. Da frente Russa, vem sendo hábito; da frente Britânica, vai piorando. E vendo bem, não creio que nenhuma das partes tenha qualquer tipo de legitimidade para se queixar.
Lembra-me uma cordial discussão que aqui decorreu acerca das "lições de democracia": todos acusam os outros com o maior desplante, e são incapazes de ganhar vergonha na cara e admitirem que fazem tão mal ou pior...
Uma coisa é ficar desencantado com, digamos, os candidatos à CML. Outra é ver atitudes destas vindas de quem tem realmente muito poder e pouco discernimento a usá-lo.
100 papas e 100 medo - mais uma vez a "vitoria" sera para o Reino Unido:
TV Blogo – Os atentados de 29 de Junho de 2007 em Londres
Keith Olbermann, no programa COUNTDOWN da MSNBC, convidou Larry Johnson, ex-oficial da CIA, e ex-oficial do contra-terrorismo, para comentar os «atentados» de 29 de Junho em Londres:
Larry Johnson: E, claramente, os tipos que fizeram isto, são terroristas yuppies no mínimo. Tinham dinheiro para um Mercedes, mas não tinham dinheiro suficiente, para aprenderem a fazer uma bomba decente que realmente explodisse. Graças a Deus!
Keith Olbermann: Onde, para além de si, estão os cépticos que sabem do que é que estão a falar? Existe algum problema com opiniões na televisão sobre o terrorismo, em que nove em cada dez tipos que vêm à televisão têm todo o interesse em que seja terrorismo, porque de outro modo as suas personagens e as suas companhias nem sequer existiam?
Vídeo legendado em português
O meu último comentário foi apenas para realçar que os tipos que estão à frente da «democracia» inglesa têm alguma coisa de sinistro. Um «je ne sais quoi".
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