Aqui fica uma ilustração publicada no semanário nacional-comunista russo "Zavtra", onde no plano dianteiro se vêm os ícones de Nicolau II e Estaline. Se os leitores que sabem russo estão interessados em ler o texto que acompanha este desenho, deixo o sítio: http://www.zavtra.ru/.
Para a maioria dos meus leitores, esta mistura ideológica pode parecer monstruosa, mas ela existe e tem numerosos seguidores, nas livrarias pode-se encontrar dezenas de obras onde se elogiam os grandes feitos do generalíssimo Estaline, ou os milagres do último czar russo. Muito mais raras são as obras onde se faz uma análise fria, equilibrada, ponderada, do passado russo. O resultado está à vista.
12 comentários:
É óbvio que mesmo estando no papel, o comunismo ainda não deixou a Rússia.Isso deverá gerar muitos problemas futuros, tanto internos quanto de relações internacionais.Afinal, será que existe mesmo democracia lá, ou é apenas fachada?E que absurdo é esse de eleger ditadores como santos?O pior de tudo é ignorar todas as mortes "ah isso é passado, o que importa foi o que fez de bom"...Claro, porque não foi um parente dele que foi assassinado,expulso,perseguido.Enfim,excelente blog, bastante informativo e atualizado.
A canonização de "Santos" dependeu sempre das conjunturas e históricas eculturais de cada tempo e cada época. Normalmente não tem a ver com a bondade ou a maldade dos canonizados.
O"Santo" é uma personagem que pelo seu percurso se tornou um modelo a seguir e a imitar pela restante sociedade. Houve uma época em que os santos secaracterizavam por virtude bélicas e de extermínio dos "infiéis" (como o nosso Santiago Mata-Mouros). Depende um pouco das conjunturas em que as nações e instituições vivem.
Caro José Manuel, estou de acordo consigo só que, no séc. XXI, esses não devem ser os parâmetros para canonizar alguém. Tanto mais que as igrejas têm muito mais cuidado a gerir esses processos. Repito que propostas de canonização de Estaline acontecem, porque, na Rússia, as consequências do comunismo não foram analisadas seriamente. O mesmo diz respeito à canonização do último imperador russo.
Claro que o assassinato da família real russa pelos comunistas é hediondo, tanto mais quando foram fusiladas crianças. Mas isso não é suficiente para fazer de Nicolau II um santo. Ele foi um dos monarcas russos mais medíocres e incompetentes.
É lamentável quando a igreja, qualquer que seja, mistura religião com política para fins duvidosos.
Pergunto quem poderá patrocinar, ou melhor quem poderá tirar dividendos deste tipo de campanha? Quando ouvia falar sobre os problemas da Rússia com a Geórgia, imediatamente pensava, à laia de brincadeira, que poderiam advir de ressentimentos por esta República do Cáucaso ter dado ao mundo o futuro Santo Estaline.
O paradigma de que “ a História se repete” é verdadeiramente assustador nos tempos que correm. Será a questão nuclear entre Israel e o Irão será o próximo assassinato do arquiduque Francisco Fernando? As tensões sociais e os nacionalismos exacerbados pairam no ar e, em casos como este penso sempre que há alguém poderoso e interessado em manipular o povo desinformado e desafortunado. Muitas vezes os mesmos que depois de deitarem à casa, apresentam uma solução milagrosa para o problema.
Com pessimismo ou não, tenho a tendência para levar a sério este tipo de acontecimentos.
Caro Carlos Tomás, na Rússia, há uma propaganda muito intensa de que este país só pode ser governado com "mão de ferro". Os ideólogos chamam a isso "democracia soberana", ou seja "à la russe", quando em nome dos interesses do Estado se pode sacrificar os direitos dos cidadãos. Talvez aqui resida uma das razões da popularidade do estalinismo. Outra é certamente o facto de a Rússia, nos anos 90 do século passado, ter passado por uma fase de anarquia, de pilhagem.
De facto, é muito duvidoso que algum dia a Russia possa ser governada segundo os mesmos parâmetros democráticos do ocidente. Todas a as tentativas no sentido de impor o nosso modelo em países com uma hisória e cultura específicas estão condenadas ao fracasso. Pelo contrário, o que se verificará é o contínuo ressurgir das antigas formas de domínio. Não é por acaso que alcunharam Estaline de "O Czar Vermelho". Que outra forma de Governo se poderia implementar no colosso euroasiático, a não ser um modelo extremamente centralizado? Isto, e claro, se a Russia quer sobreviver como Esatdo unificado. A Russia bolchevique foi governada de forma ainda mais repressiva que a Russia czarista. Pior, as metanarrativas bolcheviques mais não foram do que uma tentativa de romper com o passado e com a cultura russa. A questão que eu coloco é: será que algum dia a Russia será um país aceitávelm do ponto de vista governativo, aos nossos olhos? Mais, será que isso é o melhor para os russos?
Caro leitor Luciano, apenas posso responder que sou historiador e jornalista, mas não bruxo. Se os actuais dirigentes russos conseguirem uma verdadeira modernização económica, tecnológica e social, talvez a Rússia se transforme num país mais justo e mais democrático.
Caro Senhor
Não sou leitor do seu blogue.
Não pude, no entanto, de vir aqui levado pelo destaque que o jornal, para quem trabalha, lhe deu.
Espantosa a notícia que refere! Mas, permita-me, ainda mais espantosa a sua apreciação que cito: "Claro que o assassinato da família real russa pelos comunistas é hediondo, tanto mais quando foram fusiladas crianças. Mas isso não é suficiente para fazer de Nicolau II um santo. Ele foi um dos monarcas russos mais medíocres e incompetentes."
De facto, perante tão "hediondo" revisionismo histórico, quer quanto ao assassinato por comunistas (?) da ex-família imperial quer quanto ao papel interno do estadista Nicolau, o mínimo que lhe posso afirmar é que continuarei a não ser leitor do seu blogue.
Um muito bom dia para si.
Caro António Carvalho, claro que você lê o que quiser e não o obrigo a ler este blog. Mas, se, por acaso, ler este comentário, pedia-lhe que me explicasse em que consiste o meu revisionismo "hediondo". No mínimo, é preciso fundamentar as suas palavras. Talvez você saiba mais do que eu e, por isso, estou aberto a críticas e adendas fundamentadas. Para isso é que existem os blogues.
As notícias que vão chegando ao Ocidente da Rússia, a que tenho vindo a prestar mais atenção recentemente, soam sempre um pouco ao mesmo: um espírito russo muito próprio, muito virado para uma "ditadura", a escolha de uma forma de governar com pulso de ferro.
Longe de mim ser a favor da repressão "cega", seja ela de que forma for. Mas um pouco mais de sentido de estado no nosso cantinho à beira-mar plantado não nos faria mal algum.
Obrigado pelas belas leituras que faço no seu blog. Deixo só uma ressalva: "fusilar" não existe em Português de Portugal, existe sim "fuzilar".
Caro Tiago, obrigado pela achega. Vou emendar
enfiem o estaline e o comunismo nas nalgaaas
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