O vice-ministro da Defesa da Geórgia, Batu Kutelia, reconheceu, numa entrevista concedida ao The Financial Times, declarou que o seu país não estava preparado para a forma como a Rússia respondeu às acções militares georgianas na Ossétia do Sul.
Segundo ele, Tbilissi decidiu atacar Tskhinbali, não obstante o governo georgiano não dispôr de forças suficientes para enfrentar as consequências.
Estas declarações vêm ao encontro da ideia revelada pelo embaixador norte-americano na Rússia, John Beierly (na foto), que declarou hoje que as tropas russas tiveram razões para responder ao ataque de forças armadas georgianas contra a Ossétia do Sul
“Vemos que as tropas russas tiveram toda a razão ao responder ao ataque (do exército georgiano) contra as forças de manutenção da paz da Rússia na Ossétia do Sul”, declarou o diplomata ao diário russo KommersantEste ponto de vista diverge da posição da Casa Branca, que considera que o conflito na Ossétia do Sul não passou de uma agressão militar da Rússia contra a Geórgia.
Se o vice-ministro da Defesa da Geórgia e o embaixador dos EUA em Moscovo não vierem agora dizer que os jornalistas não entenderam correctamente as suas declarações (coisa muito comum), conclui-se que Mikhail Saakachvili, não obstante todos os avisos em sentido contrário, decidiu envolver-se numa grande aventura, cujas consequências são bem conhecidas.
A oposição georgiana está à espera que as tropas russas se retirem do território da Geórgia para pedir contas a Mikhail Saakachvili e a factura, no mínimo, deverá ser a deminsão do cargo de presidente do país.
A Rússia poderá aproveitar mais estas declarações em favor das suas posições, mas, para isso, deverá retirar rapidamente do território georgiano (o que não está a acontecer) para tentar mostrar que a sua política não visa ocupar ou anexar territórios de outros países.
3 comentários:
É chato quando as verdades vêm ao de cima... isto, ainda por cima saído da boca de um embaixador, é uma bomba de alta potência!
Isto vem ao encontro das dúvidas do José Milhazes sobre não saber "quem é que tinha começado a guerra".
Se os russos souberem ser diplomáticos saberão capitalizar estas e outras declarações, saberão capitalizar os factos, e conseguirão com isso neutralizar a Geórgia no tabuleiro político caucasiano. Para prejuízo dos EUA e da NATO. E talvez, talvez, em benefício da UE.
Caro Pippo, vamos ver, mas, como você escreve, as verdades vêm ao de cima, e talvez ainda tragam muitas surpresas e novidades.
A Rússia tem oportunidade de ganhar pontos com este conflito, mas, pelo que vi até agora, a diplomacia russa não é forte.
A diplomacia russa nunca foi forte excepto entre as conferências de Teerão e Potsdam... O porquê disso? Não faço a mínima ideia...
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