quinta-feira, agosto 21, 2008

O mal será dos tradutores ou das linhas telefónicas?


“A Rússia não chegou a acordo sobre a subsitituição das forças de manutenção da paz russa por forças da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, mas apenas manifestou estar pronta para interacção”, afirma o centro de imprensa do Kremlin.
Desse modo, Moscovo vem desmentir o texto publicado pela presidência francesa de que Nicolas Sarkozy e Dmitri Medvedev tinham “concordado com a urgência da entrada em funcionamento de um mecanismo internacional controlado pela OSCE que substitua as patrulhas russas na zona de segurança a sul da Ossétia".
“Durante a conversa telefónica de Dmitri Medvedev e de Nicolas Sarkozy, não se falou da substituição das forças russas de manutenção da paz na zona de segurança por forças da OSCE”, sublinha-se no comunicado publicado pelo Kremlin.
Esta é a segunda vez que o Kremlin vem desmentir o conteúdo de conversações entre Medvedev e Sarkozy realizadas por telefone.
No passado dia 18 de Agosto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia desmentiu a notícia difundida pelas autoridades francesas de que Nicolas Sarkozy “teria prevenido o Presidente D.A. Medvedev das consequências pesadas” para as relações entre a Rússia e a União Europeia” se Moscovo não começasse a retirar as tropas da Geórgia.
“Esse tema nem sequer soou na conversa telefónica entre os presidentes”, lê-se numa nota publicada hoje na capital russa.
Segundo a diplomacia russa, “a União Europeia foi recordada apenas uma vez nas palavras de N.Sarkozy, que disse que gostaria de começar as conversações sobre as relações Rússia-UE e que a Rússia e França não devem ter divergências devido a extremista.


Caros leitores, não acham que este tipo de desencontros já é rídiculo? Isto é tanto mais grave quando se trata de um estado de guerra.

4 comentários:

Anónimo disse...

Viva José,

Não só considero ridiculo como vergonhoso. O que vale é que o povo - em qualquer parte do mundo - já está habituado aos desencontros politicos... O problema aqui é o impacto geopolitico que um conflito de disse/não disse pode ter...

No entanto, considero mais vergonhosa a confusão que o mundo viu desde o inicio do conflito alimentado pelos Media. Creio que a imprensa tem tido / vai ter um papel gigantesco no rumo deste conflito. Neste momento ainda não compreendi, por exenplo, a quem se pode acusar determinado número de mortes (civis / militares) tanto do lado da Georgia como do lado da Russia, em território da Abcacia, Ossétia do Sul ou Georgia; é uma enorme confusão.

Ainda para mais, se ouvir as entrevistas dadas à Russia Today (http://streaming.visionip.tv/Russia_Today) pelo povo da Ossétia do Sul, eu realmente compreendo menos este conflito; so ouço pessoas a queixarem-se do ataque Russo e a pedirem para a Russia não saír da Ossétia do Sul... Compreendendo até que este organismo noticioso é muito influenciado pelo governo russo (como referido pelo recem ex-reporter da RT, William Dunbar), mas não posso deixar passar em branco tais testemunhos dos Sul-Ossetas.

Aproveito para lhe pedir a sua opiniao sobre esta temática.

Muito Obrigado.

Anónimo disse...

PS: no comentario anterior, relativamente à Russia Today, onde digo "so ouço pessoas a queixarem-se do ataque Russo", pretendia dizer "do ataque Georgiano".

Fica a correcção.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

O canal Russia Today é controlado pelo poder russo, mas, como é pensado para o estrangeiro, não faz a campanha anti-georgiana de forma tão grosseira como os restantes órgãos de comunicação controlados pelas autoridades russas.
Claro que os ossetas do sul têm motivos de sobra para se queixarem, trata-se de uma guerra longa e onde foram cometidas patifarias de parte a parte. Não considero, nem nunca considerei, Mikhail Saakachvili um estadista sábio ou minimamente inteligente. A forma como conduziu os acontecimentos deu os resultados que deu, mas isso não justifica a política russa na região.
O problema é que os dirigentes das três partes do conflito: russos, ossetes e georgianos, têm outros interesses que não a defesa e a protecção dos seus cidadãos, mas as suas ambições políticas.
As autoridades russas justificaram a invasão da Geórgia com o pretexto de defender os ossetes, mas como tratam eles os caucasianos no seu território. Reduziram a Tchetchénia a ruínas e os originários do Cáucaso são considerados, em Moscovo e noutras cidades russas, "cús pretos".
Iúri Lujkov, Presidente da Câmara de Moscovo, marido da mulher mais rica da Rússia (!) e grande "defensor" dos povos oprimidos até inventou um novo conceito rácico: "pessoa de nacionalidade caucasiana", com uma conotação fortemente negativa, claro está.

Anónimo disse...

Viva José,

É de louvar que hajam repórteres e estudiosos de auto gabarito que não só saibam ler como também saibam responder com qualidade ás duvidas de quem vê o mundo de uma forma distante.

Obrigado pela resposta; Obrigado por um serviço público cultural gratuito!