domingo, fevereiro 01, 2009

Eleição de Patriarca Ortodoxo 9


As campanhas e os ataques contra a Igreja Ortodoxa e o clero originaram uma nova tendência de protesto na União Soviética: “a dissidência ortodoxa”. No interior da Igreja Ortodoxa Russa formou-se um grupo de sacerdotes e crentes que começou a chamar a atenção da opinião pública internacional para as perseguições na URSS, bem como para protestar contra a colaboração da direcção da Igreja Ortodoxa Russa com o Estado comunista e com instituições odiosas como o KGB (35).
É curioso assinalar que deste meio saíram dois “dissidentes ortodoxos”: o sacerdote Glev Iakunin e o historiador e filósofo Lev Reguelson, que, durante o PREC em Portugal, decidiram enviar um “Apelo ao Povo Português” para que não se deixasse enganar pela propaganda do Partido Comunista Português (36).
“Imploramo-vos que, ao definir o vosso comportamento na Vossa edificação político-social do novo Portugal, não se esqueçam da trágica e edificante experiência do nosso país.
Se os comunistas, a título excepcional, podem chegar ao poder por via pacífica e democrática, eles, nem na teoria, nem na prática, admitem a possibilidade de ceder esse poder por via pacífica. Isso significa que a sua vitória fecha a via a qualquer desenvolvimento político posterior, a qualquer criatividade política. Quando chegam ao poder, eles ignoram a vontade do povo se ele estiver contra eles. Na Rússia, em 1918, depois de não conseguir impôr a maioria nas eleições para a Assembleia Constituinte e impôr-lhe o seu programa, os comunistas-bolcheviques dissolveram-na imediatamente” – escreviam eles no apelo publicado a 3 de Abril de 1975 (37).
“Quando lemos um livro político do Vosso líder comunista Cunhal, a quem, na prisão de Salazar, facultavam materiais para a sua escrita, pensamos com perplexidade e ironia azeda: se ele chama “fascismo” a essa ordem, liberal segundo as nossas medidas, então onde encontrar na linguagem humana palavras para descrever dignamente a nossa realidade?” – interrogam.
Glev Iakunin e Lev Reguelson recordam as palavras de Fátima na Cova da Iria: “Se as pessoas ouvirem as minhas palavras, a Rússia voltar-se-á novamente para Deus e a paz reinará na Terra. Caso contrário, ela difundirá as suas pseudo-doutrinas por todo o mundo, provocando guerras e perseguições contra a Igreja, muitos justos sofrerão...”(38).
“As nossas gerações foram testemunhas da realização dessa profecia. Com tristeza e preocupação, dirigimo-vos a vós com a pergunta: será que a alma popular de Portugal sofreu uma fractura tão profunda que a Praça Branca de Fátima irá parar às mãos dos inimigos da Igreja, será que os portugueses permitirão fazer sangrar uma vez mais o Coração Imaculado de Maria?” – perguntam os dois ortodoxos soviéticos(39).
“Encontrando-se numa encruzilhada histórica, o Vosso país pode tornar-se para o totalitarismo a chave da Europa, mas pode ser para ele o fatal ponto de viragem, se o Vosso povo recusar, com uma decisão profunda do coração, a tentação que Vos é proposta e travar a marcha triunfal do mal de que falou a Imaculada Conceição em Fátima” – concluem.
Na União Soviética, a campanha anticlerical abrandou depois de Nikita Khrutchov ter sido substituído por Leonid Brejnev no cargo de Secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética, em Outubro de 1964, mas apenas temporariamente.

2 comentários:

Jacob disse...

Ao acabar de ler este tópico deparei-me, em outro local, com a notícia da nova casa do Bispo Edir Macedo, o criador da igreja brasileira da prosperidade: "quanto mais a pessoa entregar a deus, mais perto estará do reinos dos céus".
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Não resisti e voltei para comentar.
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Vejam a suntuosidade:
http://ricardobraida.wordpress.com/2007/12/28/nova-mansao-de-edir-macedo-e-avaliada-em-6-milhoes/

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Jacob, infelizmente, há muitos vendedores da banha da cobra que são capaz de macular a melhor das fés e ideologias