quarta-feira, março 18, 2009

Uma no cravo, outra na ferradura...


A Rússia assinou um contrato de fornecimento ao Irão do sistema de defesa anti-aéreo S-300, mas ainda não forneceu, até hoje, mísseis a esse país, declarou às agências russas uma fonte anónima do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar da Rússia.
“Por enquanto ainda não foram entregues ao Irão os complexos S-300, fabricados no quadro do contrato assinado há dois anos atrás. Mas o contrato está a ser gradualmente cumprido”, disse a fonte.
“O posterior cumprimento do contrato dependerá em muito da situação internacional criada e da decisão da direcção do país”, acrescentou a fonte do serviço que controla a exportação de armas russas.
Segundo a fonte, “a Rússia está interessada no cumprimento deste contrato, avaliado em centenas de milhões de dólares”.
A suspensão da cooperação militar entre Moscovo e Teerão, nomeadamente no campo do fornecimento de armamentos modernos, é uma das condições avançadas pela nova administração norte-americana para rever a decisão de instalar elementos de um sistema de defesa anti-míssil na Polónia e República Checa.
Depois das declarações duras e agressivas de Dmitri Medvedev, pronunciadas ontem num encontro com generais russos, onde o Presidente russo prometeu “um forte rearmamento” das Forças Armadas da Rússia a partir de 2011, principalmente das forças nucleares estratégicas, como resposta ao alargamento da NATO, Moscovo dá hoje um sinal positivo.
“As revelações hoje feitas pela fonte anónima, que são credíveis porque estão a ser divulgadas pelas grandes agências oficiais de informações russas, visam desanuviar a situação nas vésperas do encontro de Medvedev e Obama”, declarou à Lusa uma fonte diplomática em Moscovo.
Os presidentes russo e norte-americano irão encontrar-se em Londres a 01 de Abril, à margem da reunião do G-20.

32 comentários:

Anónimo disse...

Francamente gostava de ver uma declaração oficial e clara em como foi feito um contrato em 2007 para entrega dos S-300.

Porque esta conversa aparece sempre todos os anos e já na venda do sistema Tor-M1, que salvo erro foi em 2005, se discutia que estes foram fornecidos porque a Rússia não estava a querer fornecer o sistema S-300, já nessa altura os TOR-M1 foram uma surpresa porque o que se esperava que fosse anunciado fosse o S-300.

E a venda do S-300 ainda recua para mais uns anos atrás.

A decisão da venda de um sistema destes ao Irão é política e dependerá do comportamento dos EUA na zona e também Israel, é bom recordar que estes ficaram muito mal na foto ao se constatar que forneceram equipamento militar à Geórgia.

Isto não é "uma no cravo e outra na ferradura", isto é demonstrar aos EUA, as váris opções que a Rússia possui neste momento, caso os EUA decidem avançar com o sistema antí-míssil.

MSantos disse...

Como PortugueseMan referiu, é evidente a jogada de xadrês russa em se munir de trunfos negociáveis (eventual venda dos S-300 ao Irão; rearmamento russo; bombardeiros na Venezuela) para conseguir pôr fim aos planos americanos do escudo anti-míssil na mesa das negociações.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Ó JM, eu não o entendo. Sinal positivo? Então ontem foi negativo? Reestruturar as FA é negativo? E hoje recuaram? Hoje avançaram, se não se importa, porque o contrato era especulação, só tinha sido confirmado com o Irão. Hoje sim, diz-se aos EUA: se fizeram trampa nas fronteiras russas, o contrato entra em vigor. Este contrato é uma arma de disuasão, muito bem usada até agora.Os iranianos querem misseis desse tipo e vão tê-los, portanto mais vale que seja a Rússia a facturar e isso já está garantido. Acho que têm andado bem.
E para quem tenha interesse, hoje Putin falou com pormenor dos fundos de pensões.

Anónimo disse...

Caros amigos,

O jogo estratégico é assim que funciona, em outras épocas os Estados Unidos ditavam que faziam e aconteciam e o urso ferido apenas rosnava sem poder se mover. Agora é diferente, pois a águia careca com as asas engessadas sabe que o antigo player voltou, e a Rússia o está fazendo conforme as regras. Por enquanto é só a guerra psicológica, de informações e a pressão com as promessas de instalações de bases (Síria, Venezuela e Cuba), sistemas ofensivos em kaliningrado, entregas ou não dos S-300 ao Irã, novo sistema de radar que torna descartável a utilização dos radares na Ucrania. Agora, que a entrega tenha sido atrasada por causa da reunião, é uma manobra provável mas pelas informações que possuo não são cartas de negociação em relação ao escudo. Se os EUA insistirem que eu duvido a resposta será o sistema Iskander em Kaliningrado e possívelmente a reativação dos Icms de médio alcance além de outras ações.

Gilberto disse...

O que os EUA mais querem é que a Rússia entregue esses mísseis ao Irã.

E o sistema vai sair de qualquer jeito. Modificado, para não ficar feio para a Rússia, mas vai sair.

Anónimo disse...

Uma notícia curiosa. Veterano da IIGM reencontra o seu velho tanque após décadas do fim da guerra.

http://englishrussia.com/?p=1948

Anónimo disse...

Engana-se Gilberto,

O sistema não sairá simplesmente da forma que você está dizendo e neste caso é uma análise militar, não minha, mas a de vários colegas em países distintos, inclusive dos EU, com os quais já tive a oportunidade de trabalhar. Os Estados Unidos e aliados sabem que não têm condições de continuar com este projeto, pois a retaliação russa causará mujito mais estragos do que o escudo.

Anónimo disse...

E mais,

Esta história que os Estados Unidos querem que entreguem os mísseis, você também está redondamente enganado, pois os mísseis são apenas mais um entrave. Hoje quem rosna são os Estados Unidos, pois com mísseis ou sem mísseis S-300 os Estados Unidos não atacarão o Irã, os tempos da coligação que invadiu o Iraque já ficou para trás, os tempos de Ieltsin já se foram, quem quiser que continue com suas análises de PIB, ou de "especialistas" "analistas" independentes que sequer são militares e continue acreditando. Os Estados Unidos são uma potência industrial, mas não conseguem nem recuperar uma cidade inundada, gostaria de ver a capacidade deles de desmontarem, transportarem e remotarem mais de 1600 fábricas debaixo de bombardeio e com suas maiores cidades destruidas. É confiar demais em uma nação que sozinha só enfrentou países pequenos e ainda levou uma surra de camponeses calçando sandálias e usando chapéus de palha de arroz.

Sérgio disse...

Wandard esqueceu-se do Afeganistão de final dos anos 90. Abraço.

Anónimo disse...

Um aparte,

Com esta coisa da Geórgia e a Eurovisão.

Temos algo parecido por parte da Rússia.

Um filme sobre o conflito do ano passado.

http://www.1tv.ru/promovideo/6684

José Leite disse...

É mesmo: uma no cravo e outra na ferradura, só pra inglês ver...

Felipe Pinheiro disse...

Pelo visto, a Guerra Fria ainda está longe do fim...

Anónimo disse...

Gostaria de dizer uma série de coisas mas, como sempre, o Manuel Santos e o Wandard anteciparam-se :o)

De facto, os EUA têm apenas revelado uma capacidade de derrotar pequenas nações (Granada, Panamá) ou "tigres de papel" (Iraque). E crescentemente, o pos-guerra tem-se revelado terrível, com graves consequências políticas (Sérvia, Bósnia, Kosovo, Iraque, Afeganistão) ou de desenvolvimento (Panamá, Sérvia, Iraque), com os EUA a perderem a face, quando não mesmo a guerra (politicamente perderam-na no Iraque, e no Afeganistão arriscam-se a perder não só politica mas também militarmente, o que pode ser uma humilhação extremamente perigosa, mais ainda do que a vitória dos mudjahidin sobre a URSS).
Aliás, mesmo episódios como o apoio aos mudjahidin afegãos, nos anos 80, revelou-se altamente pernicioso, piorando com o subsequente apoio aos Taliban via Paquistão.

Nas condições actuais parece-me lógico que a venda de material bélico por parte da Rússia sirva de moeda de troca para cedências por parte dos EUA e os seus aliados.
Claro que, na minha opinião, a venda de mísseis AA ao Irão é perigosa pois permite-lhe uma certa segurança face a um eventual ataque estratégico israelita às sua instalações nucleares. A nuclearização do Irão é um risco, sobretudo para Israel. Mas isso é indiferente para a Rússia, pois do Irão não lhe provêm qualquer ameaça directa.

A+

MSantos disse...

Pippo

Não concordo com o que referiu, relativamente a ser indiferente para a Rússia um Irão nuclear.

Apoiar ou vender armas, em especial de cariz mais estratégico como é o caso dos S-300 que cobrem grandes áreas a regimes como o iraniano ou os Talibãs do Afeganistão só porque não fazemos parte da sua lista(conhecida) de alvos pode ser muito perigoso.
A própria Rússia já sentiu no seu coração os atentados vindos do Cáucaso por fanáticos que também têm apoio destes regimes

Estes regimes são prigosíssimos dado o seu carácter ultra-fanático e medieval para qualquer civilização moderna.

O 11 de Setembro veio provar que os EUA deviam ter tido a coragem de cometer o paradoxo de nunca ter apoiado estes fundamentalistas no combate á URSS, assim como a Rússia de hoje terá a ganhar se apoiar os EUA no Afeganistão, única incursão americana justificada.

A ofensiva no Afeganistão está em risco devido ao factor paquistanês.

Aqui não se tratam de ideologias mas da nossa já conhecida guerra civilizacional.

Outro assunto: o PM Checo suspendeu o voto parlamentar da instalação dos radares americanos por saber de antemão que ia perder (in CNN)

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Caro JM:
amanhã começa a Primavera, é tempo de nós irmos pairar para outras margens.
Um conselho: veja sempre as duas faces da moeda. A liderança russa é do melhor que existe a nível mundial.
Boa sorte na divulgação do que é a Rússia neste blog e não só.
Saudações do ABC, do Kemlino e do feminino do Kremlino, que adora o ursinho do Kremlin. Ah, e a boazona Kremlina não se importava nada de ser cicerone de Putin.
Bye-bye all!

Anónimo disse...

Isto de tentar usar dois pesos e duas medidas para o mesmo caso só revela sectarismo ou má fé. Então a Rússia não pode servir-se da mesmíssima estratégia usada pelos demais?
Esse tempo das cedências a troco de uns copos de vodka já lá vai. Nisso Putin honra lhe seja feita tem sabido manter-se firme. A Rússia tem estado condicionada a arrancar com a Central Nuclear de Burchet no Irão por pressão dos países da NATO, deixou de vender mísseis antiaéreos à Síria por os mesmos motivos, agora não os pode fornecer ao Irão. Ninguém tem que impor condições àquilo que a Rússia deve ou não fazer na questão do seu rearmamento ou na venda de armas, na medida em que esses que criticam têm feito tudo a seu belo prazer e no seu interesse. Pisaram deliberações da ONU, invadiram, ocuparam e ameaçaram desrespeitando todas as normas do direito Internacional. Os países da NATO gastam somas astronómicas em armamento, provocam e ameaçam a Rússia ou quem se lhes opõe. E a Rússia não tem toda a legitimidade de se defender? Até este governo fétido que temos manda F16 vigiar as fronteiras Russas, em vez de se preocupar em resolver o problema dos mais de 2 milhões de pobres que há em Portugal.
Quem foi que exacerbou o fanatismo islâmico e com que interesses? O Irão foi durante muitos anos um exemplo de docilidade aos olhos Ocidentais! Adoptando o seu estilo de vida, abrindo as portas ao saque das suas riquezas pelas multinacionais. Questiono é se outros povos viessem impor os seus hábitos e as suas tradições aos Europeus qual seria a sua reacção?
Cin.naroda

Anónimo disse...

Manuel, equiparar o Irão aos Taliban não é muito correcto.

A sociedade iraniana é muito mais complexa do que à primeira vista nos é dado a conhecer: mais de metade da população universitária é feminina; ao nível cultural (sociologicamente falando) existem discrepância quase antitéticas entre as classes média/alta e as classes mais baixas; existe uma consciência de passado civilizacional; é xiita, o que implica uma maior ortodoxia doutrinal; etc.
O regime Taliban, esse sim, é medieval, retrógado e extremamente rigoroso, ao nível do fanatismo.

Não faz sentido, para o Irão, hostilizar a Rússia. Da Rússia não provêm qualquer ameaça, e não existem quaisquer questões (territoriais, económicas, políticas ou religiosas) que oponham os dois países. Nem sequer vejo qualquer razão para o regime iraniano apoiar, por exemplo, os rebeldes chechenos. Ter vizinhos fanáticos e sunitas mesmo ao pé não seria do agrado de Teerão, como a recente experiência afegã o demonstra.

Anónimo disse...

Amigo Sérgio,

Não esqueci, lembro-me bem quando meu pai recebeu a notícia. E o mesmo que pensei naquele dia tenho como opinião até hoje, foi uma grande burrada, um desgaste desnecessário, sofrimento para os pobres afegãos e muitas vidas perdidas para nada.

Caro Manuel,

Não concordo que o Afeganistão seja uma incursão justificada, a própria criação da ISAF, nada mais foi que uma manipulação para tornar a invasão e ocupação legal. Mesmo pobre em recursos naturais o Afeganistão sempre teve um certo valor, desde quando os impérios russo e inglês o disputaram, que é a sua posição estratégica. Quanto à justificativa do 11 de setembro e o próprio acontecimento, só tenho a dizer que quem acreditar, também terá que acreditar em duendes, ogros, trols......

Um país que ameaça atacar todos que se opoem a ele, tem bases espalhadas pelo mundo inteiro, possui um sistema de defesa estratégica como o NORAD, satélites espiões e não consegue lançar sequer um caça para interceptar um boeing acompanhado por 3 torres de controle aéreo civis, é brincadeira.

A Rússia não é um alvo do radicalismo islâmico, é certo que grupos separatistas no cáucaso, seguem esta linha e já ocorreram alguns atentados terroristas. Não vejo motivos para a Rússia voltar a fazer a besteira de se envolver com o Afeganistão, mas com certeza manterá forte observação no trânsito existente na Ásia Central, o detalhe é que para o abastecimento das tropas que ocupam o país depende-se da boa vontade da Rússia para o acesso, este envolvimento já pode ser negativo para os russos perante os muçulmanos.


Abraços

MSantos disse...

Pippo
Obviamente houve uma abordagem um bocadinho primária da minha parte.

O verdadeiro problema iraniano não é a sua sociedade ou o seu povo mas sim o governo e revolução islâmicas.

De todo o Islão, o Irão pode representar a maior esperança do renascimento da cultura islâmica dado a sua ancestralidade e sofisticação, como muito bem referiu.

No entanto temos de nos recordar dos ditames da revolução islâmica e da presente facção que ocupa o poder em Teerão para constatar os seus propósitos e ambições e consequentemente os seus perigos.

O regime iraniano apoia toda a luta armada islâmica contra o Ocidente, o que não seria inverossímel de todo as mílicias chechenas e outras fazerem parte dessa imensa irmandade.

Um perigo que ninguém fala seria um eventual cenário de fusão do estado iraniano com a imensa maioria xiita iraquiana criando um bloco fundamentalista islâmico de grande dimensão e com cerca de 70% das reservas petrolíferas mundiais nas mãos

Embora o contexto seja totalmente diferente, devemo-nos de lembrar do volte face que aconteceu em 1979 quando o grande amigo americano se tornou no Grande Satã da noite para o dia, demonstrando a grande imprevisibilidade dos persas.

Cumpts
Manuel Santos

J.BRASIL disse...

Se eu fosse russo não pensaria em abandonar a tecnologia militar conquistada. Todo poder militar em uma política externa sensata e de resultados positivos para o conjunto.

Acho que Pedro, o Grande, diria assim.

Anónimo disse...

Não sei se o Irão poderá potenciar o renascimento islâmico, dado que a Revolução tem um carácter radical. Mas a população do país, pelo que me é dado saber, poderá já estar um pouco farta do sistema controlado pelo clero. Refiro-me, naturalmente, à classe média, que as classes mais baixas são as mais conservadoras (e as que apoiam o Ahmadinejad). Ou seja, poderá até haver uma revitalização cultural, um maior encontro Oriente-Ocidente, mas de uma forma não só fragmentada (tal como a sociedade iraniana o é) como de uma forma um tanto ou quanto ambivalente, tipicamente persa.

É natural que o Irão se queira tornar numa potência regional. A sua dimensão assim o justifica. No quadro de uma Revolução Islâmica isso pressupõe hostilizar os dois grandes elementos "inimigos do Islão", Israel e os EUA. Daí a aliança com países ou movimentos anti-israelitas, mesmo sendo sunitas (Hamas e Síria), pois tudo está dentro do mesmo quadro estratégico.
Neste campo, a Rússia não apresenta qualquer ameaça aos interesses do Irão. Aliás, até não convém hostiliza-la pois não só está demasiado próxima como não tem pruridos politicamente correctos em responder pela força, de forma esmagadora, caso seja necessário. A História recente da Rússia assim o indica.

Abraço,

Anónimo disse...

Relativamento a interesses divergentes entre a Rússia e Irão, temos a partilha do Mar Cáspio.

Factor que neste momento é secundário, dado que ambos têm opositores comuns e que necessita de maior atenção.

Anónimo disse...

Tanto quanto sei, os dois países não têm problemas nesse campo. Existem possibilidades, isso sim, de haver fricções entre o Irão e o Azerbeijão. Tudo em nome dos hidrocarbonetos, é claro.

Anónimo disse...

bem feito pro Irão, quem mandou confiar na "honestidade" russa

Anónimo disse...

A divisão do Cáspio pelos países que estão à volta é problemático.

Os 2 maiores países que lá estão são a Rússia e Irão.

Todos sabem a enorme riqueza que está concentrada no local e todos querem obter o máximo que conseguirem.

Quem melhor está posicionado para isso é a Rússia, mas o Irão quer uma boa quota para si.

O problema é que entrou um novo oponente que foi os EUA através do Azerbeijão.

Os EUA são simplesmente o mais forte oponente que poderia aparecer em campo e não interessa nem à Rússia nem ao Irão, que eles se instalem lá.

A situação é tão grave que existia a possibilidade deste país entrar também na NATO, logo que a Geórgia entrasse. Assim seria feito um corredor até ao Mar Cáspio, onde todo o percurso do novo pipeline estaria protegido pela NATO. O BTC passa pelo Azerbeijão, Geórgia e Turquia e estaria assegurado por bases da NATO, conseguindo assim os EUA aceder ao Cáspio militarmente.

Seria uma reviravolta completa na zona, onde afectaria os interesses russos, iranianos e chineses (estes o maior potencial cliente de toda a energia disponível).

Devido à ameaça americana na zona, a Rússia e Irão aproximaram-se devido a um inimigo comum.

Mas a divisão do Cáspio não está clara, não ficou resolvida e ainda vai dar muita dor de cabeça.

Relativamente ao Azerbeijão e como curiosidade o presidente vai poder lá estar para sempre(foram ontem as eleições), o que é bom para os EUA, pois têm ali um aliado.

Por acaso pensei que o José Milhazes até colocasse um post em relação a isto.

Jest nas Wielu disse...

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A maneira russa de reconstruir a cidade de Tshinvali:
http://www.echo.msk.ru/blog/statya/579049-echo
os ossetas agora ficam pensativos, a Geórgia conseguia alojar todos os seus refugiados em 2 meses, os ossetas continuam a viver quase na rua, nas tendas, nos edifícios a cair...

Jest nas Wielu disse...

Ossétia do Sul, sete meses depois

Em Agosto de 2008, o território da Ossétia do Sul tornou-se o campo da batalha entre a República da Geórgia, que defendia o seu território nacional e as forças da ocupação russas, que pretendiam renovar a sua presença colonial na região. A capital da Ossétia, a cidade de Tshinvali foi duramente castigada pela guerra. Era aqui que o exército georgiano consegui resistir três dias ao avanço das tropas russas, eventualmente salvando a sua capital e o seu país da uma ocupação moscovita. E agora, sete meses depois, como vive a república separatista?

http://ucrania-mozambique.blogspot.com/2009/03/ossetia-do-sul-sete-meses-depois.html

Anónimo disse...

O tentar envolver o Irão com radicalismo e terrorismo Islâmico. Prova entre muitas outras coisas, duas mais visíveis. Má fé, ou fracos conhecimentos de história essencialmente dos acontecimentos dos últimos decénios. Como aqui já alguém frisou o Irão é uma sociedade muito complexa. Muito complexa mas fácil de decifrar. Senão veja-se; 98% da sua população professa o Islamismo, sendo destes 89% Chiitas, 9% Sunitas, os restantes 2% pertencem a vários credos, no entanto todos têm representação parlamentar. Além de ser um dos poucos países da área do Golfo que tem uma Constituição (com pendor religiosa obviamente) aprovada por voto popular, todos os restantes órgãos de soberania são eleitos pelo povo. O cargo de líder Supremo da Revolução embora não seja sufragado pelo povo, mas também não é hereditário nem vitalício, é eleito por um colégio de altas figuras da hierarquia religiosa. O que também não acontece em alguns países Árabes vizinhos, para não falar em todas as monarquias . Se analisar-mos em termos de legitimidade o actual presidente do Irão, somos obrigados a reconhecer que sua eleição é mais legitima que muitos dos lideres Europeus, na medida em que os actos eleitorais no Irão têm uma participação superior aos registados nos chamados países democráticos, que por vezes não ultrapassam os 40%. (isto para não falar da imposição de uma coisa que nos querem p´rá aí impor à força que se chama Constituição Europeia)
Além do mais temos que reconhecer a origem desse discurso de ódio ao Ocidente e os motivos que levam o Irão a procurar fortalecer-se militarmente.
Primeiro; Os Iranianos ainda não esqueceram a participação do Ocidente no derrube do governo de Mossadegh e a colocação do Shah Reza Pahlavi no trono, com a repressão que se seguiu às mãos da SAVAK policia politica do regime (em 1976 a Amnistia Internacional considerou o Irão como o país mais repressivo do mundo).
Segundo; é bom lembrar também “porque os Iranianos não esquecem” o incitamento e o apoio dado por o Ocidente a Sadam Hussein para atacar o Irão, que ainda se estava a refazer da revolução de 1979.
Os Iranianos agem desse modo porque pretendem preservar a sua cultura milenar. Se a Europeus e os americanos exaltam os seus valores. Os Iranianos não terão mais legitimidade de o fazer se a sua história e a sua cultura é a precursora da nossa? O que é a Yalda (nascimento) Zoroástrica celebrada no Solstício de Inverno senão as origens do Natal Cristão? Quantos mais contributos recebemos da civilização Persa?
Essa de tentar associar o Irão ao extremismo islâmico e ao apoio do terrorismo cai por terra com poucos argumentos. Utilizam este chavão porque lhes faltam meios credíveis para o fazer, em falta de tudo servem-se da mentira para diabolizar, manipulando a opinião publica, no sentido de justificar possíveis agressões. Ao mesmo tempo encobrem as suas próprias acções.
Vamos aos factos;___ Acusam o Irão de prestar ajuda ao Hezbolah e ao Hamas considerados movimentos terroristas. Mas estes dois movimentos não são obra de Israel e dos EUA para combater a Fatah de Yasser Arafat? Criaram os monstros agora têm o resultado! Depois da eliminação de Arafat a cúpula da Fatah foi tomada por um grupo fiel aos interesses de Israel e dos EUA, que tem aceite todas as cedências impostas por os inimigos do povo da Palestina. O Hamas venceu as eleições de uma forma limpa e democrática, porque motivo lhe foi de imediato imposto um boicote? Por não reconhecer o Estado de Israel! Mas Israel reconhece o direito à existência da Palestina? Portanto para se defenderem dessa agressão tiveram que pedir apoio. Foi o Irão e a Síria que lhes disponibilizaram ajuda, inimigos de Israel. E Israel não é inimigo deles? Vistas as coisas dispõem de todo o direito ético e moral de o fazer para assegurar a sua sobrevivencia! Também Israel não tem prestado ajuda e apoio militar em diversos países de vários continentes? O que é permitido a uns é vedado a outros! Porquê?
Essa pretensa ameaça não vem do Irão Shiita. A ala mais radical e extremista Islâmica está enraizada na corrente Sunita. Senão veja-se as acções violentas têm partido desse ramo com origem na escola Saudita. As cruzadas contra os Soviéticos no Afeganistão partiram e foram financiadas por quem? Arábia Saudita! A guerra na Tchetchenia teve o apoio de quem? Sauditas! As guerras dos Balcãs? Idem. O conflito sangrento no Tajiquistão. Idem. As milhares de mesquitas construídas por toda a Ásia Central. Também. Os financiadores dos ataques do 11 de Setembro quem foram? Idem! Quem pagou para o Paquistão se dotar da arma nuclear? Idem! A guerra da Eritreia? A guerra civil da Argélia foi provocada por quem? Os chamados Afegãos que tinham sido fanatizados e treinados, no Afeganistão!
É muita coisa para passar despercebida, mas ao analisar as opiniões dos cidadãos comuns fica-se com a impressão que ignoram estas realidades. Isto até ao dia que mais este monstro escape das mãos dos seus criadores e se volte directamente contra eles.
Temos que entender que o regime Saudita nada tem de democrático, é um sistema cruel do mais retrógrado que se possa imaginar. Ainda se rege por práticas medievais, como executar condenados em rituais públicos, o povo vive no mais profundo obscurantismo submetido aos ditames religiosos, a sua vida começa e acaba na religião não existe mais nada para além disso. Não dispõe de Constituição sequer, aplica a lei Islâmica (Sharia).
Portanto esse fantasma da ameaça Iraniana não é mais que uma pretensa busca de argumentos para angariar apoios de futuras agressões. Porque se analisar-mos seriamente o comportamento do Irão verificamos que não agrediu nem violou a soberania de qualquer dos seus vizinhos. Muito menos espalhou a sua revolução por qualquer meio como o têm feito os Sauditas.
Isso do Irão pretender adquirir armamento assiste-lhe o mesmo direito que qualquer outro país. Depois de Putin ter visitado a Arábia Saudita prontificando-se a vender centrais nucleares (para acalmar os demónios). Atrás não foi o Bush vender material de guerra sofisticado.
O grande perigo do fanatismo Islâmico não reside no Irão, mas sim na monarquia Saudita.
Cin.naroda

Jest nas Wielu disse...

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O Ano da Juventude na Rússia está a provocar as respostas dos jovens que não pretendem se aliar nas fileiras da juventude putleriana, gritando vivas ao putinomedved...

http://www.youtube.com/watch?v=unEBm5ie1Uo
http://www.youtube.com/watch?v=-MSqzZs8CrU
http://www.youtube.com/watch?v=eskDmNoFu0s

Jest nas Wielu disse...

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Os russo tropicalistas aforam falar sobre o futuro, onde a Rússia vencerá os EUA e como isso será bom e bonito para a UE e os europeus, vejam a capa de um livro russo (ficção não científica) e tentem perceber qual será a vossa posição, caso a Rússia vencer:
http://pics.livejournal.com/ariechka_ksusha/pic/00021hkr

Jest nas Wielu disse...

http://pics.livejournal.com/ariechk

a_ksusha/pic/00021hkr

MSantos disse...

Já o afirmei e torno a afirmar: duas coisas destintas são a sociedade iraniana, o seu povo com a sua ancestralidade e legado persas. Outra são os orgãos governativos iranianos de carácter fundamentalista islâmico.

O Senhor Ahmadinejad é um líder de cariz apocalíptico-messiânico (tal e qual um recente ocupante da Casa Branca) bem como todo o concelho religioso que orienta a direcção política/governativa da República Islâmica. A perigosidade da arma nuclear nas mãos desta gente será a mesma de todo o aparato militar norte-americano nas mãos do Sr Bush

A par da aberração saudita de esquartejar crianças em público por pequenos delitos, obrigar a casar á força meninas de 10 anos com homens de 50, o Irão também impõe uma ditadura religiosa cruel e desumana sendo aparente a liberdade das mulheres dado uma médica ou uma empresária terem de acompanhar sempre o seu marido uns passos atrás, olhos no chão e o inevitável tchador.

Além do factor saudita, muito bem referido, existe ainda o também explosivo factor paquistanês que neste momento é a grande incógnita do caldeirão islâmico.

Na análise "o inimigo do meu inimigo meu amigo é" temos de ser mais analíticos e rigorosos com os nossos princípios ou então combateremos asssassinos ao lado de outros asssassinos.

Um exemplo concreto costuma ser uma facção da esquerda muito politicamente correcta, tão observadora e tão crítica com qualquer posição mais retrógada da Igreja Católica, uma instituição da qual não compartilho a mesma visão, e tão benevolente e permissiva com este tipo de "democracias" islâmicas.

Cumpts
Manuel Santos