Texto enviado pelo leitor António Campos:
"Alegando falta de fundos por “dificuldades financeiras devido à crise internacional”, a administração russa adiou para depois das próximas eleições presidenciais a realização do censo populacional geral. Na quarta-feira passada, Alexander Surinov, director-adjunto do Rosstat, afirmou aos jornalistas que “está a ser preparada uma decisão destinada a adiar o censo até Outubro de 2010". O Ministério do Desenvolvimento Económico desse à Gazeta.ru que a nova data para a realização do censo não foi ainda determinada, mas que nunca será antes do período de férias de 2012”. Note-se que a data prevista para as próximas eleições presidenciais é Março de 2012.
Yevgeniy Gontmakher, director-adjunto do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia afirma que “o problema é que os líderes do país não compreendem a importância do censo nacional”[…]”Um censo proporciona informações únicas acerca da situação de um país. A indisponibilidade de alguns milhares de milhões de rublos resultará em perdas de muitos milhares de milhões em resultado de projecções incorrectas. Quando chegarmos a 2012, a discrepância relativamente ao censo anterior ter-se-á tornado crítica, uma vez que este está já desactualizado, não podendo sequer ser usado nas projecções do ano que vem ou do ano seguinte”.
Contudo, o Partido Comunista e outras forças da oposição manifestaram a opinião de que existem motivações políticas por detrás do adiamento. Por exemplo, o deputado do PCFR, Vadim Solovyev afirmou, em declarações à Gazeta.ru, que “por um lado, a ausência de dados actualizados simplifica a manipulação de listas eleitorais e, por outro, o governo evita assim a utilização pela oposição de publicidade negativa relativamente aos resultados das suas políticas”.
Com efeito, há outros indícios das razões pelas quais a administração russa pretende sacrificar a obtenção de dados estatísticos precisos sobre o país durante mais quatro anos. Um exemplo é a intervenção na semana passada de Vitaly Kolbanov, director do Departamento de Análise do Ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social, numa conferência sobre “A Saúde da Nação e a Política Demográfica Estatal”, na qual afirmou que “a Federação Russa não está a atravessar uma crise demográfica”.
Fontes:
op.rbc.ru/society/18/09/2009/330217.shtml
www.kommersant.ru/doc.aspx?DocsID=1239706
http://www.gazeta.ru/politics/2009/08/12_a_3235678.shtml "
"Alegando falta de fundos por “dificuldades financeiras devido à crise internacional”, a administração russa adiou para depois das próximas eleições presidenciais a realização do censo populacional geral. Na quarta-feira passada, Alexander Surinov, director-adjunto do Rosstat, afirmou aos jornalistas que “está a ser preparada uma decisão destinada a adiar o censo até Outubro de 2010". O Ministério do Desenvolvimento Económico desse à Gazeta.ru que a nova data para a realização do censo não foi ainda determinada, mas que nunca será antes do período de férias de 2012”. Note-se que a data prevista para as próximas eleições presidenciais é Março de 2012.
Yevgeniy Gontmakher, director-adjunto do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia afirma que “o problema é que os líderes do país não compreendem a importância do censo nacional”[…]”Um censo proporciona informações únicas acerca da situação de um país. A indisponibilidade de alguns milhares de milhões de rublos resultará em perdas de muitos milhares de milhões em resultado de projecções incorrectas. Quando chegarmos a 2012, a discrepância relativamente ao censo anterior ter-se-á tornado crítica, uma vez que este está já desactualizado, não podendo sequer ser usado nas projecções do ano que vem ou do ano seguinte”.
Contudo, o Partido Comunista e outras forças da oposição manifestaram a opinião de que existem motivações políticas por detrás do adiamento. Por exemplo, o deputado do PCFR, Vadim Solovyev afirmou, em declarações à Gazeta.ru, que “por um lado, a ausência de dados actualizados simplifica a manipulação de listas eleitorais e, por outro, o governo evita assim a utilização pela oposição de publicidade negativa relativamente aos resultados das suas políticas”.
Com efeito, há outros indícios das razões pelas quais a administração russa pretende sacrificar a obtenção de dados estatísticos precisos sobre o país durante mais quatro anos. Um exemplo é a intervenção na semana passada de Vitaly Kolbanov, director do Departamento de Análise do Ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social, numa conferência sobre “A Saúde da Nação e a Política Demográfica Estatal”, na qual afirmou que “a Federação Russa não está a atravessar uma crise demográfica”.
Fontes:
op.rbc.ru/society/18/09/2009/330217.shtml
www.kommersant.ru/doc.aspx?DocsID=1239706
http://www.gazeta.ru/politics/2009/08/12_a_3235678.shtml "
12 comentários:
Eu sinceramente, não vejo a situação tão grave como o artigo aparenta.
Alguém que me corrija se estou enganado, mas até hoje só existiu um censo, foi no 1º mandato de Putin e foi em 2002/2003?
Nós cá em Portugal ao que sei, fazemos de 10 em 10 anos, na União Europeia nem sei se já temos acordo para qual deve ser o periodo para o espaço europeu.
Aplicando a lógica Portuguesa, a Rússia faria o 2º censo em 2012/2013.
Confesso também não saber para quando estava previsto o 2º censo na Rússia e se já está definido qual deve ser a periodicidade dos censos na Rússia.
Colar isto isto a decisões políticas sobre eleições em 2012, parece-me francamente forçado.
Alguém me pode elucidar sobre o que está actualmente definido para os censos na Rússia? periodos, anos etc?
Caro PM, a Rússia segue as normas internacionais de realização de um censo cada dez anos. O último teve lugar em 2002.
O próximo censo estava previsto para 2010, mas foi adiado para 2013.
Caro JM,
Obrigado pelos esclarecimentos.
Reparo que faz referência sobre que o último foi em 2002. Pela lógica dos 10 anos existiu algum nos anos 90?
Tinha a ideia que esse foi o 1º desde a formação da Federação Russa.
"a Rússia segue as normas internacionais de realização de um censo cada dez anos. O último teve lugar em 2002.
O próximo censo estava previsto para 2010, mas foi adiado para 2013"
Portanto 2002 + 10 = 2010 ? Ou será2012.
É que em 2012 acaba o Mundo, Portanto que sentido faz fazer um censo. Assim depois do holocausto de 2012 é mais facil conta-los (são menos)
O censo de 2002 sofreu uma série de problemas que fizeram com que os resultados não ofereçam muita confiança: o analista político Mikhail Tulsky afirma que, mesmo tendo instruções para visitar todos os lares na Rússia, os censores visitaram apenas 59% dos mesmos (em Moscovo, somente 34%). Os restantes resultados foram compilados com base em entrevistas telefónicas, conversas com amigos e parentes ou, o que introduziu maiores distorções nos resultados, dados de registos oficiais, o que tendeu a sobrevalorizar alguns grupos (tais como os indivíduos de etnia russa, que estavam a diminuir) em detrimento de outros (os não russos), que estavam em crescimento.
Por exemplo, num bairro de Moscovo, apenas 1500 pessoas foram contactadas, mas os censores preencheram 10500 formulários, sem qualquer indicação clara de como os dados foram obtidos.
Outras fontes de distorção foram as administrações regionais, cujo financiamento é realizado numa base per-capita, tendo sofrido um incentivo para inflacionar os valores fornecidos.
É por isso que Yevgeny Gontmakher pergunta: “como é que é possível planear se ninguém sabe nada de preciso sobre a população?”
Por outro lado, partindo de uma base enviesada, os erros tendem a acumular-se com o passar dos anos, uma vez que todos os valores subsequentes são baseados em projecções.
Em boa verdade, o último censo populacional russo digno de confiança é o de 1989.
O problema é tão grave que fez o director do Rosstat, Vladimir Sokolin, apelar, em finais de Maio, para a manutenção da data prevista (2010) apesar das dificuldades, afirmando ao mesmo tempo que quaisquer atrasos na sua realização dariam ao governo a oportunidade para manipular os números dada a ausência de informação fiável.
António Campos
"O censo de 2002 sofreu uma série de problemas que fizeram com que os resultados não ofereçam muita confiança: o analista político Mikhail Tulsky afirma que, mesmo tendo instruções para visitar todos os lares na Rússia, os censores visitaram apenas 59% dos mesmos (em Moscovo, somente 34%). Os restantes resultados foram compilados com base em entrevistas telefónicas, conversas com amigos e parentes ou, o que introduziu maiores distorções nos resultados, dados de registos oficiais, o que tendeu a sobrevalorizar alguns grupos (tais como os indivíduos de etnia russa, que estavam a diminuir) em detrimento de outros (os não russos), que estavam em crescimento."
De onde tirou o sr oposicionista russo-não russo esses dados tão precisos?
"o analista político Mikhail Tulsky afirma que, mesmo tendo instruções para visitar todos os lares na Rússia, os censores visitaram apenas 59% dos mesmos (em Moscovo, somente 34%)"
Será que alguem sério é capaz de ter esta estatistica tão precisa sobre as falhas do censo? Duvido. Quem contava o que os que faziam o censo não contaram devidamente?
Cá para mim, podia muito bem ser um censo normal, com uma taxa de erros habitual.
Sr. Antonio Campos conhece mais alguem dos analistas alem do Gontmakher, por exemplo? Porque se refere a ele tão frequentemente que surge uma impressão de que foi uma das poucas palavras em russo que conseguiu aprender.
"ou, o que introduziu maiores distorções nos resultados, dados de registos oficiais, o que tendeu a sobrevalorizar alguns grupos (tais como os indivíduos de etnia russa, que estavam a diminuir) em detrimento de outros (os não russos), que estavam em crescimento."
Uma das fontes que o sr. cita, a gazeta.ru e onde, pelos vistos, esse "analista" procurou a informação para suas declarações, diz, mais ou menos, o seguinte: "segundo os resultados do censo anterior... as republicas do Caucaso passaram a ter uma população muito maior do que se esperava" (palavras do analista Kinev). Ele quer dizer, que foram as autoridades dessas republicas quem aumentou o numero das pessoas nas listas para receber mais dinheiro.
Mais um erro:
"O Ministério do Desenvolvimento Económico desse à Gazeta.ru que a nova data para a realização do censo não foi ainda determinada, mas que nunca será antes do período de férias de 2012"
Se for traduzido mais corretamente, será: "O Ministério do Desenvolvimento Económico disse à Gazeta.ru que a nova data para a realização do censo não foi ainda determinada e NÃO VAI SER DEFINIDA, PROVAVELMENTE, ANTES DO FIM DE AGOSTO-INÍCIO DE SETEMBRO (2009), QUANDO TERMINAREM AS FÉRIAS.
O artigo foi escrito a 12 de agosto.
Um pouco mais difícil de atacar é o facto de o próprio director do Rosstat andar a bradar aos quatro ventos a necessidade de não adiar o censo. Ele, que sabe mais que nós todos juntos e mais uns quantos sobre a qualidade das estatísticas, deverá certamente ter muito boas razões para tal.
A menos, claro, que o homem seja mais um agente da CIA infiltrado, financiado pelo Berezovsky e pela alma penada do Trotsky.
Pois. Deve ser isso.
António Campos
É bem possível, que o adiamento da condução do censo populacional na Rússia, pelo Rosstat tem a ver com o cruel facto do que a população russa caiu abaixo de 140 milhões de pessoas, e neste momento se situa em 139.98 milhões de pessoas.
Fonte:
www.slon.ru/articles/137535
Desta maneira, se percebe porque a Rússia luta desesperadamente contra o projecto “Ucrânia independente”, claro que o chauvinismo “da nação grande” tradicionalmente tem o seu papel nesta questão. Mas o mais importante, é o receio russo de ficar em minoria em um país cada vez mais islâmico, cada vez mais asiático, etc.
A recente guerra na Geórgia mostrou a quantidade dos soldados asiáticos nas fileiras das FA russas, isso acontece ao nível das embaixadas. Se 15 anos atrás eu não via nenhum asiático, agora há muitos tártaros e até os naturais da Ásia Central, que emigraram para a Federação.
Nos tempos da URSS, o poder central contava com 50 milhões de ucranianos, que facilmente se transformavam em russos (no decorrer de 1 – 2 gerações morando na Rússia). 18 anos atrás, esta porta foi fechada, dai tanto medo (disfarçado do ódio).
IMHO, obviamente.
Outra coisa importante mencionada nesse artigo é que os custos do censo não chegam sequer a 0,1% do actual orçamento de estado, o que torna o argumento das "dificuldades financeiras", especialmente no contexto da urgência em obter dados estatísticos fiáveis, particularmente difícil de engolir.
António Campos
Jest nas Wielu disse...
"É bem possível, que o adiamento da condução do censo populacional na Rússia, pelo Rosstat tem a ver com o cruel facto do que a população russa caiu abaixo de 140 milhões de pessoas, e neste momento se situa em 139.98 milhões de pessoas.
Fonte:
www.slon.ru/articles/137535
Desta maneira, se percebe porque a Rússia luta desesperadamente contra o projecto “Ucrânia independente”, claro que o chauvinismo “da nação grande” tradicionalmente tem o seu papel nesta questão. Mas o mais importante, é o receio russo de ficar em minoria em um país cada vez mais islâmico, cada vez mais asiático, etc."
1. Não vejo nenhumas razões para desespero. As palavras "é o receio russo de ficar em minoria em um país cada vez mais islâmico, cada vez mais asiático" eu, que vivi toda a vida na Russia, não posso levar a sério.
Uns números interessantes
http://www.gks.ru/free_doc/2006/b06_13/04-02.htm
que podem acalmar aqueles que pensam que o fim da Russia já está perto e que ela já nem pode defender o seu território.
"A recente guerra na Geórgia mostrou a quantidade dos soldados asiáticos nas fileiras das FA russas, isso acontece ao nível das embaixadas. Se 15 anos atrás eu não via nenhum asiático, agora há muitos tártaros e até os naturais da Ásia Central, que emigraram para a Federação."
Não sei o que te mostrou a recente guerra na Geórgia, mas vivo perto de uns quarteis do exército russo e não vejo por enquanto nenhumas mudanças quanto às nacionalidades.
Os imigrantes recentes duvido muito que podem fazer parte do exercito russo. Depois da guerra aqui, nos arredores da cidade, sepultaram uns soldados que morreram lá e todos eram daqui, não houve nenhuns imigrantes.
Enviar um comentário