quinta-feira, setembro 10, 2009

Polónia fez de Lisboa um dos principais centros de acção durante a Segunda Guerra Mundial


A Polónia transformou Lisboa numa das suas principais bases de espionagem durante a Segunda Guerra Mundial, quando esse país se viu ocupado pela Alemanha nazi.
Este facto está bem patente nos documentos publicados pelo Serviço de Reconhecimento Estrangeiro (SVR) da Rússia, herdeiro do KGB soviético, numa colectânea divulgada na capital russa.
Segundo um dos documentos publicados, foi em Lisboa que os alemães fizeram chegar aos polacos informações sobre o “caso de Katyn”, onde, nos finais de 1939, cerca de 15 mil oficiais e soldados polacos foram fuzilados. A União Soviética acusou as tropas nazis de terem cometido o crime, mas, mais tarde, foi determinado que a autoria desse massacre pertenceu às tropas do NKVD (Ministério do Interior) da URSS.
O “problema de Katyn” é, actualmente, um dos mais fortes atritos entre a Rússia e a Polónia, pois Varsóvia exige um pedido de desculpas da parte de Moscovo devido a esse crime pessoalmente ordenado pelo ditador comunista José Estaline.
“Kowalewski recebeu materiais sobre os “acontecimentos em Katyn” para informar o governo polaco e os polacos”, lê-se numa “Informação sobre o trabalho de espionagem polaca em Lisboa”, enviada pelo agente soviético “Zenhen” a 15 de Junho de 1943.
Jan Kowalewski, militar e diplomata experiente, dirigia, a partir de Lisboa, uma das mais importantes redes de espionagem na Europa, cujas informações também chegavam a Moscovo através de agentes soviéticos infiltrados nas estruturas do poder polaco no exílio.
“Kowalewski está ligado a alemães, japoneses, romenos e búlgaros. Z. (Zenhen) afirma que não há quaisquer fundamentos para supôr que ele não é leal aos aliados. Ele coloca perante si o objectivo de enfraquecer os países do eixo através dos canais diplomáticos e, ao mesmo tempo, melhorar a situação da Polónia depois da guerra”, lê-se no mesmo relatório.
Segundo este documento, através de agentes seus ou de contactos com o corpo diplomático acreditado em Portugal, Kowalewski mantinha contactos com nove países europeus.
Na mesma colectânea, pode-se ler também o resumo de uma conversa de António de Oliveira Salazar, primeiro-ministro de Portugal, com o embaixador polaco em Lisboa, Karl Dubic-Penter, realizada em Maio de 1937, onde o diplomata propõe pôr ao serviço do governo português a experiência polaca de luta contra o comunismo.
“Salazar recebeu bem a minha proposta e garantiu-me que irá amplamente utilizar essa possibilidade”, escreve Dubic-Penter, cujo relatório chegou a Moscovo através de um agente soviético na estrutura do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia.
A publicação da colectânea de documentos sobre a política externa polaca visa comprometer os políticos que dirigiram a Polónia antes da Segunda Guerra Mundial, bem como mostrar que Estaline não tinha alternativa à assinatura do pacto Molotov-Ribbentrop, documento que dividiu a Europa do Leste entre Hitler e Estaline.

29 comentários:

Pippo disse...

Na época, Lisboa era, a par de Istambul, um dos mais importantes centros de espionagem da Europa.

O meu avô, enquanto aviador na Aviação Naval, falava-me de um capitão escocês, aqui destacado para retirar os radares (na altura top secret) instalados a bordo dos aviões Beaufighter. Segundo todos diziam, esse capitão fazia mais do que simplesmente prestar assistência técnica...

Enfim, bons tempos! :o)

Anónimo disse...

Tenho cá a ideia de que hoje ainda é. E estes olhos, pior que Big Brother, sabe-se lá se serão para intimidar alguém. Este Milhazes assumiu-se ave de rapina de olhos amarelos. Será uma coruja ou será uma águia barbuda? Cruzes, canhoto!

Anónimo disse...

Segundo se consta o Estoril no tempo da guerra era um ninho de espiões.

Anónimo disse...

Ninho ? hahaha, pois é, os espiões são passarões, mas costumam ter os olhos mais bonitos do que este da foto, pelo menos o 007 tem.

Anónimo disse...

Há apenas 65 anos atrás, polacos, ucranianos e lituanos andavam a matar-se uns aos outros. Existem ainda controvérsias históricas azedas relativamente a alguns episódios tristes do antes, durante e após a guerra envolvendo estas nações.

No entanto, a Polónia e a Ucrânia têm vindo a desenvolver uma política construtiva de aceitação do passado e reconciliação, cujo melhor exemplo é a recente inauguração conjunta, pelos presidentes de ambos os países, de um monumento às vítimas do massacre de Pawlokoma, onde centenas de ucranianos foram chacinados por anticomunistas polacos.

Tal como refere Edward Lucas num artigo recente, "Nos últimos 20 anos, os líderes polacos e ucranianos têm-se esforçado por acentuar a história e as tragédias comuns dos seus países, em vez de atiçar desacordos com objectivos políticos."

Seria bom que a Rússia seguisse este exemplo.

António Campos

Anónimo disse...

Antônio Campos, assino em baixo da sua opinião.

Ítalo

Anónimo disse...

Fui desempoeirar nas minhas estantes um livro que foi publicado em Janeiro de 1991 na Rússia, intitulado “O Labirinto de Katyn”, escrito por um jornalista russo chamado Vladimir Abarinov. Este autor, que investigou exaustivamente o massacre durante anos ainda na era soviética, usou artigos, documentos em arquivos e entrevistas com cerca de 100 testemunhas para publicar um dos primeiros documentos acusatórios ao regime estalinista nesta matéria escritos por um russo. Um russo que sentiu a obrigação moral de esclarecer as circunstâncias deste crime.

Transcrevo aqui um excerto importante e revelador do que o autor escreveu a respeito da questão (tornado ainda mais importante por ter sido escrito por um cidadão soviético):

“Só toda a verdade garantirá a nossa capacidade para uma genuína regeneração moral. O processo de destalinização está apenas no início e o principal é não parar a meio. Caso contrário, os espaços em branco continuarão tão sujos como agora estão. Trata-se de manchas na consciência das pessoas, e não da história.”

António Campos

Cristina disse...

Olá, bom dia
O presidente Medvedev publicou ontem um artigo interessante no jornal Gazeta, que parece romper com algumas políticas de Putin e dizer algumas coisas nas entrelinhas.
JM,poderás postar alguma coisa sobre isso?

Um abraço

Cristina disse...

Desculpem
Retiro o que disse, já está aqui um post sobre o tema.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Cara Cristina, eu publiquei um post onde citei as principais ideias, mas se alguém se disponibilizar a traduzi-lo na íntegra, eu publico-o. Para mim, o artigo está cheio de ideias banais, conhecidas de todos há muito tempo.

Anónimo disse...

A citação do António Campos parece copiada do artigo do Medvedev. Será ou não será?

Anónimo disse...

"O presidente Medvedev publicou ontem um artigo interessante no jornal Gazeta, que parece romper com algumas políticas de Putin e dizer algumas coisas nas entrelinhas."

Errado: já em 2004 Putin tinha feito afirmações do género e como ele disse hoje, os dois são farinha do mesmo saco

António Campos: o problema não é a história mas o uso que querem fazer dela. Por mais graves ainda que sejam as quizílias antigas que polacos e ucranianos tenham , estão do mesmo lado da barricada patrocionados pelos que estão a promover "the new cold war" if you know what I mean ;)

Roman disse...

Outra vez a mesma coisa!
Eu já escrevi a minha opinião sobre assunto das relações entre a Polónia e a Rússia a responder ao Sr. António Campos neste topic:
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=25069983&postID=1532183411297746552&page=1
mas vou acrescentar:
Sr. António Campos! Não é preciso de palavras arrogantes! Basta de populismo e de apelos! A política sempre era, é e vai ser uma coisa muito suja. E não só da parte da Rússia. Hoje é o dia 11 de Setembro, porque é que ninguém fala do massacre dos cidadãos pelo próprio estado para ganhar vantagens políticas?! Esse é que o exemplo que dá o tal estado "democrático" ao todo mundo?

Agora da conciliação entre a Ucrânia e a Polónia. Concordo com leitor anónimo antecedente. Agora são amigos contra a Rússia. Claro que não convém mexer na "roupa suja", pois é preciso juntar as forças.

Anónimo disse...

Ninguém fala do 9/11 aqui provavelmente porque este blog, como o José Milhazes costuma dizer, não se chama dosestadosunidos.blogspot.com. Mas para que conste, sou membro activo da organização Architects and Engineers for 9/11 Truth, presidida por Richard Gage. Caso queiram discutir o assunto, podem sempre enviar-me um mail e debateremos o tópico em fórum apropriado.

No que respeita às relações entre a Polónia e a Ucrânia, elas são cordiais e construtivas desde o desmoronamento da União Soviética. Contrariamente ao que os conspiracionalistas possam pensar, não é uma novidade recente, embora se possa entender que haja um estreitamento ainda maior nos tempos que correm, em reacção às tendências neo-imperialistas do regime russo.

E já que estamos no tópico dos imperialismos, será interessante partilhar duas informações, uma muito recente e outra de carácter histórico:

Paul Goble escreve: “um grupo de 29 personalidades públicas ucranianas, incluindo o antigo presidente Leonid Kravchuk, apelou aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (à excepção da Rússia, claro) e à comunidade internacional em geral para que reforcem as garantias de segurança a Kiev, dada a postura cada vez mais agressiva da Rússia. Num documento publicado ontem, o grupo apela, em primeira instância, aos membros do Conselho de Segurança que, nos termos do Memorando de Budapeste de 1994, garantem a independência da Ucrânia; esta é “uma medida necessária “, uma vez que a atitude russa faz com que estas garantias sejam “insuficientes”. Além disso, os autores apelam à União Europeia que “assuma uma posição clara sobre a questão da garantia da soberania ucraniana contra quaisquer formas de interferência russa nos assuntos internos do país.”

Fonte: www.unian.net/ukr/news/news-335382.html (em ucraniano)

Outra, também bastante engraçada e que coloca algumas dúvidas relativamente ao argumento de que e anexação dos estados bálticos e da Polónia se baseavam na criação de uma zona tampão de protecção contra a agressividade nazi:

O historiador Dzhakhangir Nadzhafov, sugere que Estaline tinha a intenção de utilizar o modelo “Molotov-Ribbentrop” para anexar regiões do norte do Irão, a região de Xinjiang na China e partes do leste da Turquia. Nadzhafov, afirma que “o Politburo planeava anexar totalmente as regiões de Kars, Ardahan e parte da Avdina, dividindo os 26.500 km2 de território pela Arménia e pela Geórgia. Moscovo definiu também a dimensão exacta do território iraniano a anexar ao Azerbaijão. Como resultado destas absorções, a área das repúblicas do Cáucaso aumentaria significativamente: Arménia 80%, Geórgia 8% e Azerbaijão mais de 100%. O Politburo estava tão empenhado na captura destes territórios e seguro de que tal iria acontecer que mandou o ministério dos negócios estrangeiros preparar os documentos necessários, decidir a data da anexação (os territórios iranianos iriam ser anexados a 7 de Novembro de 1941) e nomear os funcionários comunistas atribuídos aos novos territórios”.

O artigo completo pode ser lido (em russo) em:

http://1news.az/analytics/20090829104314684.html

António Campos

Anónimo disse...

qual é o maior exemplo de conciliação da Polónia e Ucrânia do que a organização conjunta da Euro 2012?

Anónimo disse...

Não é muito honesto para quem se anda sempre a queixar do FSB apresentar como válidas comunicações de propaganda de um elemento da CIA.

Anónimo disse...

CIA? Mas o que é que a CIA tem a ver com isto meu Deus? Que antiamericanismo tão primário e imbecil.

Anónimo disse...

Artigo interessante, mas a foto não diz nada sobre o tema.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor anónimo, a coruja é o símbolo dos serviços de informações.

Anónimo disse...

CIA? Mas o que é que a CIA tem a ver com isto meu Deus? Que antiamericanismo tão primário e imbecil.(2)


Típico de comunistas ou de neonazistas...

Ítalo

Anónimo disse...

Se os ignorantes que não encontram relação entre o articulista que o sr Campos referiu e a CIA, procurem na net o nome de Paul Goble e vejam a triste figura que fizeram.

Anónimo disse...

Realmente, a imbecilidade não tem limites por estas bandas. Designar um historiador respeitado com várias posições em institutos académicos e condecorado por todos os estados bálticos pela promoção da sua independência como um "elemento da CIA" é a mais estúpida manobra de desinformação que tenho ouvido. O Dr. Paul Goble foi contratado pela CIA como analista aos vinte e poucos anos para dissecar a guerra no Afeganistão e analisar as fraquezas da União Soviética, o que lhe dá certamente autoridade enquanto observador para comentar sobre estes assuntos. E aliás, ele não faz segredo de tal coisa.

Seja como for, convido o comentador anónimo a desmentir a "propaganda" veiculada, de cujo original indiquei o link. A mesma foi veiculada praticamente por todos os meios de comunicação ucranianos, tendo, em contraste, sido virualmente ignorada na Rússia.

António Campos

Anónimo disse...

Se não há problema em Paul Goble ter sido da CIA e mesmo assim contar como fonte válida também não há problema Putin ter pertencido ao KGB.

Anónimo disse...

Pelo menos fica claro de vez que António Campos é partidário da CIA e não perdoa o fato da Russia não seguir os interesses dos Estados Unidos como era na época de Yeltsin.

Anónimo disse...

E o que vale a posição ucraniana ou dos países bálticos?

Já se sabe que o seu objectivo é ser contra a Rússia.

Seria possível o Kremlin apoiar posições contra a Rússia?

Jest nas Wielu disse...

off top

A crónica alemã datada de 27 de Setembro de 1939. As imagens da ocupação da Polónia; no início do filme é recatada a parada conjunta dos aliados totalitários: Alemanha nazi e a URSS estalinista.
http://www.youtube.com/watch?v=uDIqzJgZNHM


p.s.
António Campos, obrigado pela dica, vou ler o artigo da UNIAN.

Anónimo disse...

Olha só quem ressuscitou: isto sem a sapiência do JEST nemé a mesma coisa. E o MSantos por onde andará? É que um par de jarras deve estar junto.

Jest nas Wielu disse...

Na sexta – feira passada, em São – Petersburgo (Rússia) foi apresentado o filme do Andrey Nekrasov e Olga Konskaya “Lições da (língua) russa” ("Уроки русского"), dedicado à problemática da guerra russo – georgiana.

http://www.svobodanews.ru/content/
article/1821512.html

Anónimo disse...

Melhor do que lições russas, só mesmo lições espanholas.