sábado, outubro 31, 2009

Ruiu o muro da vergonha, ficou o da desconfiança


Poucos eram os que na União Soviética esperavam uma queda tão rápida do Muro de Berlim em 1989. Os dirigentes soviético e alemão-ocidental, Mikhail Gorbatchov e Helmuth Kohl, acreditavam que essa tarefa deveria ficar para resolver no séc. XXI.
No entanto, o desenrolar dos acontecimentos no chamado “campo socialista” na Europa do Leste, e particularmente na República Democrática Alemã, bem como a política soviética de não permitir o emprego da força para travar os movimentos de democratização na região e de maleabilidade face à situação levaram à precipitação dos acontecimentos.
Mikhail Gorbatchov, o primeiro e último Presidente da União Soviética, abandonou definitivamente a política externa do “Net, net i net” (Não, não e não), conduzida até aí por Andrei Gromiko, ministro dos Negócios Estrangeiros da URSS, pela do “Da, da i da” (Sim, sim e sim), acreditando que o Ocidente iria fazer o mesmo.
Hoje, Gorbatchov reconhece que foi enganado, pois, em troca da dissolução do Pacto de Varsóvia e da rápida retirada das tropas soviéticas do Leste da Europa, não recebeu o fim da NATO, como lhe fora prometido, mas o seu alargamento até às fronteiras da Rússia.

Além disso, os Estados Unidos recusaram também uma importante ajuda financeira que Gorbatchov pedira para amortizar os efeitos da grave crise económica, financeira e social que a URSS atravessava, nomeadamente devido à queda do preço do petróleo e gás.
O infantilismo da direcção soviética no campo da política externa é evidente, pois Gorbatchov poderia ter exigido que as promessas dos parceiros ocidentais ficassem registadas no papel, mas acreditou, como acreditaram também milhões de russos.
Mikhail Gorbatchov abandonou o poder pouco mais de dois anos depois (Dezembro de 1991), mas os milhões de russos continuaram a viver no seu país e até agora não se esquecem que foram sujeitos a uma autêntica humilhação pelo Ocidente, o que é bem visível actualmente.
Esta desconfiança foi aumentada pelo apoio quase incondicional que os Estados Unidos e União Europeia concederam, nos anos 90, ao regime do Presidente Ieltsin, perdoando-lhe até a falsificação de resultados eleitorais, como ocorreu nas eleições presidenciais de 1996.
O principal é que a Rússia se transformasse num aluno obediente da escola económica neo-liberal norte-americana ou até mesmo numa cobaia para ensaios no campo económico e social.
No campo internacional, o objectivo era fazer com que Moscovo tivesse o mínimo poder de influência.
Esta situação tornou-se num solo fértil para o aparecimento de políticos como Vladimir Putin, que, entre outras promessas, prometeu devolver aos russos o orgulho nacional.
Este aspecto é bem visível nas relações entre a Rússia e os seus vizinhos, com a União Europeia, a NATO e os Estados Unidos, onde a desconfiança continua a ser uma barreira de difícil superação. Esse muro continua de pé…

22 comentários:

NB disse...

E continuara assim enquanto a Russia tiver força.

Os seguintes nomes dizem-lhe algo? (Joseph Stanislaw, Milton Friedman, Stanley Fischer, Bill Clinton, Gorbachev, Vladimir Potanin, Gaidar, Jeffrey Sachs, Joseph Stiglitz)

Apareceram numa serie que tenciona ser a biblia da economia neo-liberal americana. Trata-se de uma serie em 3 episodios, cujo o 2° dedica uma longa analise à transição na Russia. Conheço pessoas que trabalharam com autor principal, Dan Yergin, e dizem que ele não passa de um idiota que teve sorte na vida.

Link no wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Commanding_Heights

Pode ver os episodios aqui:
http://video.google.com/videoplay?docid=-1466397368167658753#

De um mero ponto de vista factual, esta muito completo. Mas quanto ao resto, o melhor é ver..

PortugueseMan disse...

Esse muro continua de pé…

E vai continuar.

Curioso artigo, caro JM.

Isto reflecte a sua opinião? é que me supreende um pouco vê-lo a falar da expansão da NATO.

Este muro vai ainda piorar mais, quando os novos pipelines estiverem prontos...

E a Ucrânia... estas eleições prometem.

seja como fôr estamos a assistir a uma inversão dos papeis.

A Nato já não está a fazer pressão na fronteira com a Rússia, é esta agora que faz essa pressão. e está a fazer muita.

Anónimo disse...

De facto, a NATO constitui uma séria ameaça ao status quo na Rússia. Mas contrariamente ao que o governo russo e os comentadores do costume tão ferozmente vendem ao público, não é uma ameaça militar. É uma ameaça política. A principal preocupação dos poderes vigentes é que o modelo político e de segurança que a aliança atlântica oferece seja mais atraente para os antigos membros do bloco soviético do que o modelo russo.

É portanto fácil de perceber porque é que o bicho papão da NATO seja tão amiúde invocado e, por vezes, da forma tão absurda como o fez Medvedev numa entrevista que deu recentemente à CNN, na qual disse: “não nos esqueçamos que a NATO é um bloco militar e que os seus mísseis estão apontados à Rússia”. Tendo em conta que, ao abrigo do tratado das forças nucleares de alcance intermédio, todos os mísseis com raios de acção entre 500 e 5500 km foram desmantelados na Europa, não se percebe exactamente a que mísseis o homem se referia.

Poderíamos pensar que o ímpeto anti-NATO dos últimos anos terá sido uma reacção alérgica ao unilateralismo da política externa Bushista, que provocou azedume um pouco por todo o mundo. Mas o que é mais sério é que a retórica martelada em todos os meios de comunicação, com afirmações do tipo “a NATO é o leviatã de ferro que esmaga toda a humanidade” e piores, continua, mesmo face ao totalmente diferente paradigma diplomático oferecido pela administração Obama ao Kremlin.

Quanto mais não seja para estimular um debate que deveria ocorrer (e não ocorre) nos principais meios de comunicação russos, devíamos ouvir mais opiniões como a que Mikhail Margelov, membro do Conselho da Federação, veiculou recentemente num talk show do Canal 1 russo: “Lembrem-se de que a NATO está a defender as fronteiras do sul da Rússia! Acredito que esta poderá não ser uma opinião popular na audiência.” Pois não era.

Infelizmente, não é provável que tal possa acontecer de forma significativa, uma vez que a demonização da aliança atlântica serve os propósitos da vertical do poder, que vê nela uma oportunidade de dar corpo ao temido “inimigo externo”, que mobiliza as massas em torno da elite dirigente protectora e, ao mesmo tempo, desvia a atenção da população sobre a ineficiência governativa interna.

António Campos

MSantos disse...

Caramba José Milhazes!

Isto até parece aquelas ladaínhas que eu aqui costumo escrever.

Ou então andamos a ler Noami Klein.

Devia cobrar-lhe direitos de autor.

:o)

Abraço
Manuel Santos

anónimo russo disse...

Um artigo bastante razoavel, que descreve a realidade. Seria bom se houvesse mais artigos assim neste blog.


"A Nato já não está a fazer pressão na fronteira com a Rússia, é esta agora que faz essa pressão. e está a fazer muita."

Rússia não faz nenhuma pressão militar na UE, não constroi bases militares nas fronteiras da UE etc. E basta lembrar o comportamento dos EUA em 2008 com a Geórgia e o resultado disso. Os próprios Abkhazes dizem, e tèm razão, que a Rússia nunca reconheceria a independéncia das duas repúblicas, se não fosse a loucura de Saakaschvíli.

A pressão económica? Ao meu ver, a Rússia só quer exportar mais e nada mais que isso. E acreditem, a postura da UE a defender a Ucrània que, sem dúvida nenhuma, roubou o gas, não ajuda nada a ultrapassar esta desconfiança, é mais uma hipocrisia entre muitas outras que a Rússia viu nos últimos 20 anos.

anónimo russo disse...

Uma correcção : aquelas eleições aconteceram em 1996.

Tambem, parece que Putin não só utilizava as ideias da população, mas tambem pensa assim.

anónimo russo disse...

PortugueseMan disse...


"A Nato já não está a fazer pressão na fronteira com a Rússia, é esta agora que faz essa pressão. e está a fazer muita."

Então, se a Rússia faz alguma pressão (só que não compreendo contra quem), porque é que Alemanhã, o maior parceiro económico da Rússia na Europa, parece, não está nada contra ter o Nord Stream no seu território? se a Rússia apresentasse algum perigo, não acho que seria assim.

Anónimo disse...

Caro Senhor Milhazes,
Belo Artigo,
Sugiro apenas que emende o ano da falsificação das eleições, porque penso que queria dizer 1996.

cumps.

Hércules de Santarém

Pippo disse...

Jm, também achei curioso o seu artigo, pois não é costume ve-lo a escrever neste tom.

É interessante ver como as coisas se deveriam ter passado, como deveria ter sido a actuação das Potências, baseada na honestidade e na entreajuda, e como foi a realidade, bem mais cínica. Quando teve a oportunidade na mão, o Ocidente deixou cair a Rússia, sua inimiga geoestratégica, em lugar de a auxiliar na transição para a economia de mercado e a democracia, conforme tinha sido prometido. Os russos cairam que nem uns patinhos e experimentaram, e como, as "delícias" que o Ocidente lhes ofereceu.

Quem pode hoje, com sinceridade, acusar os russos de se voltarem para Putin e de virarem as costas para os "nossos" ideiais democráticos? Fomos nós que os conduzimos a isso.

Duvido que nas décadas mais próximas o muro de que fala venha a ruir. Se os dirigentes russos tiverem a capacidade para resolver os problemas do seu país, a sua economia, baseada em bens reais, e não apenas na mera especulação, e reforçada com o know-how que está a ser adquirido, suplantará as nossas economias. E nessa altura talvez recolhamos frutos amargos daquilo que fizemos nos idos anos 90.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caros leitores, peço desculpa pelo erro. Claro que as eleições foram em 1996.
Quanto ao resto, eu não exprimi a minha opinião, mas tentei reflectir as consequências de certos acontecimentos nas posições dos russos.
No caso presente, a minha posição coincide com a de muitos russos e nunca escondi as críticas à política dos países ocidentais face à URSS e Rússia nos anos 80 e 90 do século XX. É uma questão de consultarem o arquivo do meu blog.
Quanto ao alargamento da NATO, acho que cada país tem o direito de aderir a qualquer organização. Não considero o alargamento da NATO como uma ameaça à segurança da Rússia, sustento sim que o não cumprimento dos acordos verbais com Gorbatchov foi um erro, como foi um erro tratar a Rússia como um país do Terceiro Mundo nos anos 90 do séc. XX.

anónimo russo disse...

Sr. Campos,

"Quanto mais não seja para estimular um debate que deveria ocorrer (e não ocorre) nos principais meios de comunicação russos, devíamos ouvir mais opiniões como a que Mikhail Margelov, membro do Conselho da Federação, veiculou recentemente num talk show do Canal 1 russo: “Lembrem-se de que a NATO está a defender as fronteiras do sul da Rússia! Acredito que esta poderá não ser uma opinião popular na audiência.” Pois não era. "

Gostaria de saber onde é que a NATO "está a defender as fronteiras do Sul da Rússia". Vejam o mapa e me digam. Talvez seja na Geórgia, como no ano passado? Eu vi frutos desta defesa na televisão local: uns caixões que chegaram aqui com soldados mortos. Talvez seja no Afeganistão, de onde vem uma enorme quantidade de drogas, o que não pode acontecer sem consentimento tácito das forças americanas, em primeiro lugar? Tanto mais que, pelos vistos, a presença das forças da NATO pouco atrapalha os radicais islamicos que treinam lá e depois vão inclusive para a Rússia. Acredite, a Rússia atual pode defender as suas fronteiras sozinha.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro anónimo russo, olhe que se a NATO abandonar o Afeganistão, vai ser a Rússia que vai ter de travar a avalanche taliban na Ásia Central. Ou Moscovo ajuda a NATO a resolver o problema do Afeganistão, ou as coisas ficarão negras. E não só para a Rússia, como também para a China.

anónimo russo disse...

Jose Milhazes disse...
"Caro anónimo russo, olhe que se a NATO abandonar o Afeganistão, vai ser a Rússia que vai ter de travar a avalanche taliban na Ásia Central. Ou Moscovo ajuda a NATO a resolver o problema do Afeganistão, ou as coisas ficarão negras. E não só para a Rússia, como também para a China."

Eu acho que, se a NATO abandonar o Afeganistão, as coisas podem ficar muito menos tragicas que o Sr. escreve, mas, claro, ningeum sabe ao certo. Basta lembrar que antes do ano 2001 (ou quando foi que as tropas foram enviadas para o Afeganistão) não havia nenhuma catástrofe. Eu acho que taliban fora do Afeganistão não representa uma grande ameaça no aspecto militar. Sim, de certo modo as atividades da NATO no Afeganistão correspondem aos interesses da Rússia, mas há tambem lado negativo - drogas. Quanto ao perigo de o Afeganistão ficar sem controlo, para mim o possivel perigo não é tão evidente. Por outro lado, para alguns EUA essa guerra, na minha opinião, é antes um modo de impor a sua influéncia na região considerada importante desde o tempo do império ingles, de que uma guerra de defesa. Mas, se quiserem, que continuem, a Rússia, pelo menos, não perde soldados lá.
Eu acho, que mais cedo ou mais tarde, a NATO vai se ir embora do Afeganistão, porque já está a repetir de certo modo a sorte da União Sovietica lá.
Por sinal, eu aínda lembro notícias do tempo antes da entrada da NATO no Afeganistão, mas tudo se resumia a tiroteios na fronteira com Afeganistão e não acontecia nada de mais sério.

PortugueseMan disse...

Anónimo russo,

Repare que eu não falei em pressão militar. A Rússia tem outros trunfos e não necessita disso.

Da mesma maneira que discordo completamente de todos aqueles que por exemplo sugerem que possa haver uma intervenção militar na Ucrânia, usando como referência o que aconteceu na Geórgia.

Essa pressão é política com a sua "nova" arma, a energética.

Então, se a Rússia faz alguma pressão (só que não compreendo contra quem), porque é que Alemanhã, o maior parceiro económico da Rússia na Europa, parece, não está nada contra ter o Nord Stream no seu território? se a Rússia apresentasse algum perigo, não acho que seria assim.

A NATO não é a Europa. A NATO não representa os interesses europeus. A NATO é uma estrutura militar, supostamente defensiva.

A Rússia não "luta" contra a UE. A Rússia "luta" contra a expansão da NATO que representa principalmente os interesses de uma nação não europeia.

Os atritos que vemos entre a Rússia e a UE, são na sua maioria os novos países da UE que também são os novos que entraram na NATO e que têm uma política hostil para com a Rússia e que contribuiem para a existência de um muro.

A Europa e a Rússia são grandes parceiros económicos e assim vão continuar.

anónimo russo disse...

PortugueseMan,

Eu estou de acordo com tudo o que o Sr. escreveu, eu penso da mesma maneira. È por isso que estou contra a demonização da Rússia nos olhos dos europeus.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Caro anónimo russo, olhe que se a NATO abandonar o Afeganistão, vai ser a Rússia que vai ter de travar a avalanche taliban na Ásia Central.

A NATO vai acabar por sair de lá, porque a situação é insustentável (e imagine se os EUA tivessem conseguido arrastar a NATO também para o Iraque, felizmente não conseguiram graças a alguns países europeus). Os EUA nunca deveriam ter actuado como actuaram lá. Foram erros graves e agora claro estão a pagar pelos erros cometidos.

Duvido muito que a Rússia volte a entrar ali. Depois da NATO acabar por sair dali, logo ser verá a evolução das coisas.

Fizeram a asneira, que a resolvam. A Rússia não vai se meter ao barulho, enquanto os EUA por exemplo continuarem a brincar na Geórgia.

Portanto penso que será um problema de cada vez. Passará a ser um problema da Rússia, quando essa ameaça chegar a eles. Mas para isso será necessário que as potências que antes não estavam na Àsia Central, saiem de modo a ver qual a evolução da situação.

São vários tipos de guerras que estão a ser travadas ali e os soldados não estão a morrer unicamente para levar a democracia ao Afeganistão.

Pippo disse...

"Caro anónimo russo, olhe que se a NATO abandonar o Afeganistão, vai ser a Rússia que vai ter de travar a avalanche taliban na Ásia Central."

Caro JM, devo lembrar-lhe que foram os EUA e o RU quem contribuiu para o fortalecimento dos mujahidin nos anos 90, que suportaram facções mais radicais (Hezb-i-Islami, por exemplo), e que foi com o aval norte-americano que o ISI paquistanês suportou os Taliban?

A "avalanche" foi construída pelos mesmos indivíduos que agora mandam a rapaziada - inclindo a nossa - combater nas montanhas. E o interessante é que estão a ser cometidos, basicamente, os mesmos erros tácticos e políticos cometidos pelos soviéticos: os talibans controlam a província enquanto a NATO controla as povoações; os talibans controlam a população, que lhes é fiel; ; a NATO não tem capacidade de penetração na população; os taliban têm uma excelente e impenetravel base de retaguarda; a NATO baseia as suas operações no poder aéreo e não arrisca os seus homens; o poder afegão é corrupto, controlado pelos senhores da guerra, e é cada vez mais percebido como sendo ilegítimo.

Ah, e mais uma coisa: os talibans jogam em casa.

Havera uma "avalanche" depois da NATO sair do Afeganistão? Duvido. A teoria do dominó não se aplica nesta circunstância pois os talibans só exercem a sua influência politico-doutrinária entre os pachtunes persas. Duvido que consigam fazer o mesmo entre os tajiques (que também são persas) e sobretudo entre os turcos da Ásia Central.

O risco de uma tomada de poder por parte dos talibans é iminentemente político. Poderíamos referir a capacidade que grupos terroristas teriam de passar a usar o Afeganistão como plataforma para acções no exterior (Xinjiang-Uigur, Chechénia, Paquistão, etc.), mas o maior impacto seria no campo da moral: no espaço de 30 anos, as armas islâmicas derrotam duas super-potências, uma ateia e outra cristã. A primeira foi derrotada com a ajuda da segunda; esta foi derrotada por incapacidade moral para travar uma guerra prolongada.

Não é a Rússia que de deve preocupar com uma derrota Ocidental no Afeganistão mas sim o Ocidente. Se a URSS caiu por causa do Afeganistão, o que acontecerá com o Ocidente, tão frágil como é, tão relativista, tão desejoso de se extinguir em prol de uma sociedade multi-racial, multi-étnica, multi-tudo, mas onde os valores europeus devem sempre ceder ante valores alheios?

Hugo Albuquerque disse...

José Milhazes,

Mesmo que esse artigo reflita algumas posições que você coloca, ele foi consideravelmente mais enfático - e lúcido - do que a média; enfim, ele foi surpreendente, mas tratou-se de uma surpresa positiva.

Agora, se me permite uma ligeira provocação - no bom sentido -, no que toca o trecho onde você escreveu "como foi um erro tratar a Rússia como um país do Terceiro Mundo nos anos 90 do séc. XX.", eu me vejo obrigado a perguntar: Será que não é um erro tratar qualquer país como um inferior a ser pisoteado?

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Francamente, JM, que antiputinismo mais serôdio. Veja o documentário que vai exibir a tv alemã. Os alemães devem a Putin mais de 50% da reunificação. Não gostam das verdades, mas têm de as engolir.

José menezes disse...

A Ucrânia com a 'gripe A' teve de pedir auxilio internacional aos seus vizinhos. Por muito que nos custe a aceitar, tal facto é uma realidade como Portugal em relação à Espánha. Esta relação começou a cedimentar-se no sec.XIV com a reunificação dos principados de Rus e Kiev. A independência da Ucrânia encontra-se cheia de fragilidades étnicas e num paradigma entre o mundo Ocidental e o a Rússia e o seu passado eslávo.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.