"Durante esta parte da conversa, sentiam-se as fortes simpatias de Salazar para com a Inglaterra. Salazar afirma que, por enquanto, não há quaisquer atritos entre a Alemanha e Itália, por um lado, e a França, por outro. A Inglaterra e França, segundo Salazar, tentam fazer com que ambas as partes combatentes sintam a “fome de armas”, esperando desse modo obrigá-los a reconciliar-se. Franco aceitaria o controlo internacional, visto que para ele seria importante, antes de tudo, fechar a fronteira franco-espanhola, que lhe provoca a maior das preocupações; porém esse controlo pode mostrar-se perigoso para ele caso a situação se prolongue.
Depois, passámos às nossas relações com a Alemanha. Eu expliquei a Salazar as fontes do pacto de não-agressão e assinalei que ele influiu na tranquilização da atmosfera, por exemplo, na questão do chamado “corredor”, que era constantemente apresentado como o principal perigo de conflito armado na Europa. Eu sublinhei que o nosso acordo com a Alemanha não prejudica em nada a nossa união militar com França. Da parte da nossa conversa dedicada à Alemanha, era evidente que Salazar, até ao presente, estava unilateralmente informado pelos alemães no sentido de que o “corridor”dividide o Estado alemão em duas partes que não têm possibilidade de manter livremente ligações uma com a outra. Ele nada sabia sobre as facilidades aduaneiras e sobre as convenções que praticamente dão aos alemãos possibilidades ilimitadas de comunicação, não excluindo o transporte de tropas.
Depois passámos ao tema de França. Segundo Salazar, a França irá pagar caro pelo seu “flirt” com a União Soviética. Ele afirma que as reformas sociais podem ser realizadas a um preço mais baixo e o pior é que os círculos comunistas não perderam a oportunidade de utilizar o momento para convencer as massas de que elas devem os melhoramentes subjectivos da sua situação (porque, objectivamente, não) não ao governo francês, mas à influência da URSS na França. Salazar constatou que Paris constitui o centro da Comintern, que realiza o seu trabalho na Europa Ocidental, e o foco de epidemia e de acção subversiva, realizada a partir de Paris noutros Estados. Ele sublinhou que a propaganda comunista toma dimensões cada mais ameaçadoras nas colónias, particularmente na África do Norte. Aí, é verdade, é difícil distinguir a actividade provocadora dos órgãos de segurança e da administração, mas a situação, além disso, é bastante séria, visto que uma manobra policialmuito bem pensada dá, por vezes, resultados inesperados. Os franceses esperam que as suas massas sejam pouco permeáveis à propaganda comunista, porque são fundamentalmente constituídas por pequenos proprietários. O primeiro-ministro exprimiu a opinião de que essa convicção pode ser falsa, quando os instintos se tornam desenfreados e quando os contrastes dsempenham um papel fundamental. Além disso, ele é da opinião que se em França ocorrerem acontecimentos apenas análogos aos que vemos em Espanha, a Alemanha irá reagir activamente a isso sob a forma de envio de tropas para França, motivando as suas acções com o receio perante o alastramento da epidemia comunista.
Para concluir, Salazar, por iniciativa própria, repetiu-me que ele recorrerá com agrado à ajuda da Polónia, enquanto Estado que pretende à conservação da paz e da ordem em todo o mundo, na luta contra os agentes da Cominyern no território de Portugal.
Ele caracterizou resumidamente a situação política no seu Estado e, vendo uma certa analogia entre a Polónia e Portugal, constatou com um sorriso que, com base na experiência e no estudo, nós, não obstante a distância que nos separa e outras condições locais, chegamos a conclusões e métodos semelhantes de direcção do Estado. Trata-se de que a ditadura em Portugal é caracterizada como a luta contra o comunismo, a exclusão dos partidos políticos como um momento da vida estatal e o desejo de evitar os métodos empregues nos Estados com um regime “total”, onde tudo se submete ao Estado, não excluindo a ética.
Como se pode ver das questões abordadas, a nossa conversa, do ponto de vista político, foi muito interessante e espero que me dê possibilidade de realizar posteriormente com Salazar conversas de trabalho”. Fim
Depois, passámos às nossas relações com a Alemanha. Eu expliquei a Salazar as fontes do pacto de não-agressão e assinalei que ele influiu na tranquilização da atmosfera, por exemplo, na questão do chamado “corredor”, que era constantemente apresentado como o principal perigo de conflito armado na Europa. Eu sublinhei que o nosso acordo com a Alemanha não prejudica em nada a nossa união militar com França. Da parte da nossa conversa dedicada à Alemanha, era evidente que Salazar, até ao presente, estava unilateralmente informado pelos alemães no sentido de que o “corridor”dividide o Estado alemão em duas partes que não têm possibilidade de manter livremente ligações uma com a outra. Ele nada sabia sobre as facilidades aduaneiras e sobre as convenções que praticamente dão aos alemãos possibilidades ilimitadas de comunicação, não excluindo o transporte de tropas.
Depois passámos ao tema de França. Segundo Salazar, a França irá pagar caro pelo seu “flirt” com a União Soviética. Ele afirma que as reformas sociais podem ser realizadas a um preço mais baixo e o pior é que os círculos comunistas não perderam a oportunidade de utilizar o momento para convencer as massas de que elas devem os melhoramentes subjectivos da sua situação (porque, objectivamente, não) não ao governo francês, mas à influência da URSS na França. Salazar constatou que Paris constitui o centro da Comintern, que realiza o seu trabalho na Europa Ocidental, e o foco de epidemia e de acção subversiva, realizada a partir de Paris noutros Estados. Ele sublinhou que a propaganda comunista toma dimensões cada mais ameaçadoras nas colónias, particularmente na África do Norte. Aí, é verdade, é difícil distinguir a actividade provocadora dos órgãos de segurança e da administração, mas a situação, além disso, é bastante séria, visto que uma manobra policialmuito bem pensada dá, por vezes, resultados inesperados. Os franceses esperam que as suas massas sejam pouco permeáveis à propaganda comunista, porque são fundamentalmente constituídas por pequenos proprietários. O primeiro-ministro exprimiu a opinião de que essa convicção pode ser falsa, quando os instintos se tornam desenfreados e quando os contrastes dsempenham um papel fundamental. Além disso, ele é da opinião que se em França ocorrerem acontecimentos apenas análogos aos que vemos em Espanha, a Alemanha irá reagir activamente a isso sob a forma de envio de tropas para França, motivando as suas acções com o receio perante o alastramento da epidemia comunista.
Para concluir, Salazar, por iniciativa própria, repetiu-me que ele recorrerá com agrado à ajuda da Polónia, enquanto Estado que pretende à conservação da paz e da ordem em todo o mundo, na luta contra os agentes da Cominyern no território de Portugal.
Ele caracterizou resumidamente a situação política no seu Estado e, vendo uma certa analogia entre a Polónia e Portugal, constatou com um sorriso que, com base na experiência e no estudo, nós, não obstante a distância que nos separa e outras condições locais, chegamos a conclusões e métodos semelhantes de direcção do Estado. Trata-se de que a ditadura em Portugal é caracterizada como a luta contra o comunismo, a exclusão dos partidos políticos como um momento da vida estatal e o desejo de evitar os métodos empregues nos Estados com um regime “total”, onde tudo se submete ao Estado, não excluindo a ética.
Como se pode ver das questões abordadas, a nossa conversa, do ponto de vista político, foi muito interessante e espero que me dê possibilidade de realizar posteriormente com Salazar conversas de trabalho”. Fim
9 comentários:
E quem quizer saber o autor do texto, que vá à procura do texto 1, não é, seu maroto?!
Está-me cá a parcer um 2º livro na forja ou posso estar enganado, hein José Milhazes?
;)
Cumpts
Manuel Santos
Caro António, o texto 1 está muito perto do 2, não dá muito trabalho...
Caro MSantos, não posso publicar livros todos os dias, mas vai-se juntando material. Apenas falta tempo e às vezes inspiração
Salazar tudo o que fez foi “A Bem da Nação”.
Será isso que quer dizer
Leitor anónimo, você deve ter entendido mal o que leu. Trata-se de um documento histórico e eu não quero dizer nada, apenas quis que os meus leitores soubesse da existência desse documento. Ou acha que sou salazarista por publicar um documento sobre Salazar?
Não foi esse o sentido da afirmação. Fazer conexões ou atribuir simpatias!
É pôr em duvida com que interesse publicar um facto, que a historia já desmentiu. Está provado que as motivações de Salazar foram outras e a sua actuação foi num sentido diferente daquilo que esse Sr. Dubic-Penter afirmou.
Se os mais velhos conhecem em parte essa realidade, as gerações mais novas, muitos ignoram-no. Por essa razão é preciso ter cuidado ao desenterrar uma falácia que há muito devia estar reduzida a cinzas.
Salazar não perseguiu este ou aquele agrupamento politico e social em particular. Persegui-os todos. Agiu com a mesma brutalidade em toda parte que estava sobre o seu domínio.
Portanto desculpe; tentar reduzir o Salazarismo ao combate preventivo de uma determinada ideologia ou força politica , é subtrair da historia o seu principio mais elementar, que é a divulgação da verdade.
Carlos TR
Obrigado
Cumprimentos
Carlo leitor Carlos, estou de acordo com a sua nota, mas gostaria de sublinhar que, naquela altura, Salazar via na Comintern o principal perigo, pois é preciso ter em conta que Portugal vizinha com Espanha, onde ocorria uma guerra civil.
Mas, em geral, claro que Salazar desconfiava de tudo e todos, como +e próprio de qualquer ditador.
A Constituiçäo de 1933 definia-se anti-democrática e corporativista.
Tudo o resto é branqueamento da História.
Aliás, a Amnistia Internacional nasceu porque dois turistas em Lisboa viram o tratamento dado a um "criminoso de pensamento" pelos esbirros da PIDE-DGS.
Se o regime fascista português foi mais brando que os outros é porque os portugueses säo SEMPRE brandos em tudo...
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