É cada vez maior o número de agentes da polícia que recorrem às novas tecnologias, neste caso ao Youtube, para fazerem chegar as suas queixas às mais altas esferas do poder político.
A onda foi desencadeada pelo major da polícia Aleksei Dimovski, quando, no passado dia 07 de Novembro, gravou uma mensagem no Youtube onde acusa os seus superior de exigirem a descoberta de crimes inexistentes e de atirarem inocentes para a prisão. Convencido de que o comando da polícia de Novorrossisk, cidade do Sul da Rússia onde vive o major, não dava ouvidos às suas queixas, pediu uma audição ao primeiro-ministro, Vladimir Putin, através da Internet.
A resposta do comando foi rápida, acusando o major de estar ao serviço de forças estrangeiras, nomeadamente de receber o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional” (USAID).
“O modo, a forma e o tempo escolhidos para publicar o seu vídeo-apelo mostram que Dimovski goza do apoio de terceiras forças”, declarou uma fonte do Ministério do Interior da Rússia à agência Interfax.
O major teve de fugir de Novorrossisk para Moscovo, declarando que estava a receber ameaças, mas estas não travaram a avalanche de mensagens dirigidas por colegas seus às autoridades através da Internet.
No dia 11 de Novembro, um antigo agente da polícia de trânsito de Moscovo recorreu ao Youtube para acusar os seus chefes de o terem despedido por ter aderido ao sindicato independente da polícia.
No dia seguinte, Mikhail Evseev, antigo oficial da polícia judiciária da cidade de Ukhta, foi também ao Youtube para lançar ao Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, uma apelo onde acusa seus chefes de terem acusado sem fundamento duas pessoas de terem incendiado um centro comercial em 2005. Elas cumprem actualmente uma pena de prisão perpétua.
A 13 de Novembro, Tatiana Domratcheva, oficial da polícia da região de Sverdlovsk, nos Urais, acusou os seus chefes de “abuso de poder”, recebendo como resposta a acusação de “difamação”.
“Esta cidadã tenta, deste modo, utilizando a confusão criada pelo major Dimovski, tenta denegrir as acções dos agentes da polícia de Sverdlovsk, mas não conseguirá isso”, comentou Valeri Grolikh, porta-voz da polícia.
Onteontem, foi a vez de Igor Koninguin, antigo colega da major Domratcheva, recorrer ao Youtube não só para apoiar a colega, mas revelar novos dados sobre a corrupção no comando.
Ontem, a “epidemia do Youtube” levou Alexandre Popov, funcionário da Procuradoria Militar da cidade de Sotchi, no sul da Rússia, a solidarizar-se com os colegas perseguidos e a apontar uma das principais causas da corrupção na polícia.
“Gostaria de confirmar as palavras sobre a situação material humilhante e vergonhosa da maioria dos funcionários da polícia. Por isso, eles são obrigados a procurar quaisquer fontes de rendimento, principalmente ilegais. Todos sabem disso e nada é preciso provar”, declarou Popov na sua vídeo-mensagem.
A onda foi desencadeada pelo major da polícia Aleksei Dimovski, quando, no passado dia 07 de Novembro, gravou uma mensagem no Youtube onde acusa os seus superior de exigirem a descoberta de crimes inexistentes e de atirarem inocentes para a prisão. Convencido de que o comando da polícia de Novorrossisk, cidade do Sul da Rússia onde vive o major, não dava ouvidos às suas queixas, pediu uma audição ao primeiro-ministro, Vladimir Putin, através da Internet.
A resposta do comando foi rápida, acusando o major de estar ao serviço de forças estrangeiras, nomeadamente de receber o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional” (USAID).
“O modo, a forma e o tempo escolhidos para publicar o seu vídeo-apelo mostram que Dimovski goza do apoio de terceiras forças”, declarou uma fonte do Ministério do Interior da Rússia à agência Interfax.
O major teve de fugir de Novorrossisk para Moscovo, declarando que estava a receber ameaças, mas estas não travaram a avalanche de mensagens dirigidas por colegas seus às autoridades através da Internet.
No dia 11 de Novembro, um antigo agente da polícia de trânsito de Moscovo recorreu ao Youtube para acusar os seus chefes de o terem despedido por ter aderido ao sindicato independente da polícia.
No dia seguinte, Mikhail Evseev, antigo oficial da polícia judiciária da cidade de Ukhta, foi também ao Youtube para lançar ao Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, uma apelo onde acusa seus chefes de terem acusado sem fundamento duas pessoas de terem incendiado um centro comercial em 2005. Elas cumprem actualmente uma pena de prisão perpétua.
A 13 de Novembro, Tatiana Domratcheva, oficial da polícia da região de Sverdlovsk, nos Urais, acusou os seus chefes de “abuso de poder”, recebendo como resposta a acusação de “difamação”.
“Esta cidadã tenta, deste modo, utilizando a confusão criada pelo major Dimovski, tenta denegrir as acções dos agentes da polícia de Sverdlovsk, mas não conseguirá isso”, comentou Valeri Grolikh, porta-voz da polícia.
Onteontem, foi a vez de Igor Koninguin, antigo colega da major Domratcheva, recorrer ao Youtube não só para apoiar a colega, mas revelar novos dados sobre a corrupção no comando.
Ontem, a “epidemia do Youtube” levou Alexandre Popov, funcionário da Procuradoria Militar da cidade de Sotchi, no sul da Rússia, a solidarizar-se com os colegas perseguidos e a apontar uma das principais causas da corrupção na polícia.
“Gostaria de confirmar as palavras sobre a situação material humilhante e vergonhosa da maioria dos funcionários da polícia. Por isso, eles são obrigados a procurar quaisquer fontes de rendimento, principalmente ilegais. Todos sabem disso e nada é preciso provar”, declarou Popov na sua vídeo-mensagem.
Hoje, registou-se mais um caso. Por este andar, o Youtube pode transformar-se numa dor de cabeça para as autoridades russas. E se este exemplo for copiado noutros lugares?
18 comentários:
Major Dymovski:
http://www.youtube.com/
watch?v=2G3KbBfpg24
http://www.youtube.com/
watch?v=2dJkMLxvulw
off top
Operação especial do FSB no Cáucaso
A página russa MIGnews informa que o FSB começou a operação especial chamada “Iermolov” cuja meta é detectar aqueles que são favoráveis ao jihad no Cáucaso, entre os russos étnicos (organizações de esquerda, etc) e entre as diásporas caucasianas residentes na Rússia:
http://www.mignews.com/news/
society/cis/181109_131023_01306.html
Como a Rússia de hoje em dia é ultra-capitalista, essa de "típico de comunistas" só dá é para rir.
Sr. Ítalo Tavares, se a URSS comunista faz algo de negativo, o sr. acha nisso justificaçäo para ser anti-comunista primário;
logo se a Rússia ultra-capitalista faz *exactamente o mesmo*, se o sr. näo acha nisso justificaçäo para ser anti-capitalista primário, é porque é intelectualmente desonesto ou hipócrita.
Ou entäo chegará à conclusäo que o que se passa é que o sistema näo tem nada a ver com o caso, e os pontos negativos, tanto do comunismo como do capitalismo, têm a ver com a natureza humana, especialmente a do oportunismo.
Por isso eu digo que na Rússia nenhum dos dois sistemas funciona, como na Suécia qualquer deles funcionaria perfeitamente. E esta, hein?
Maquiavel, não creio que mesmo com a elevada capacidade e organização dos povos nórdicos o comunismo tal como foi implementado funcionasse da mesma forma que não funcionou na organizada e laboriosa RDA.
Há uma coisa que todos temos de interiorizar: a humanidade progride e avança através de dois pontos fulcrais:
- Idealismo, seja ele espiritual, religioso, político ou materialista. Tem de haver um sonho como objectivo.
- Livre iniciativa privada, onde cada cidadão deverá ter a possibilidade de concretizar mediante capacidades próprias e trabalho qualquer empresa ou função que o levarão ou permitirão ao sonho.
Estes dois pontos são intrínsecos à natureza humana.
O comunismo falhou porque apostou tudo no primeiro e negou o segundo. O sonho tornou-se um pesadelo.
O actual neo-liberalismo está a falhar porque aposta tudo no segundo e substitui o primeiro por mera ganância.
Cumpts
Manuel Santos
... o capitalismo funciona melhor na Escandinávia que na ex-Alemanha Ocidental.
Logo näo vejo porque o comunismo näo funcionaria melhor que na ex-Alemanha Oriental!
Mas entendo o que quis dizer, e concordo a 150% nos pontos que referiu para os falhanços dos sistemas.
E concluirei, dizendo que na Escandinávia tomam SEMPRE em atençäo os dois pontos (o célebre espírito de equilíbrio escandinavo), e é essa a razäo pela qual digo que qualquer sistema lá funcione. :D
Caro Manuel Santos, explique-me lá uma coisa: porque é que diz que o tal "neo-liberalismo está a falhar"?
António Campos
Sabe António Campos eu não acho que esteja a falhar. Na minha opinião e cada vez mais muita gente, já falhou e o recente descalabro económico é a prova viva disso.Além do fosso crescente de ricos e pobres, desaparecimento da classe média, esse grande objectivo do "New Deal", crescimento da miséria, escravatura (uma palavra que pensávamos não tornar a ouvir senão nos livros de história).
A mão invisível de Adam Smith não funciona pela mesma razão que qualquer sistema humano em roda livre só poderá descambar.
O que vai salvar a situação são as intervenções estatais a nível mundial ao mais belo estilo keynesiano.
E o mais trágico é que os "opinion makers" já estão a preparar a nova investida, daí eu compreender tão bem a sua observação.
Neste momento muitos milhões de pessoas no mundo ficaram sem emprego ou em regime de semi-escravatura e nas nossas sociedades ocidentais essas imensas legiões de novos pobres, por vários condicionalismos, estão a aceitar a coisa muito bem, começando a viver a sua situação de miséria de uma forma pacífica e conformada. Mas tudo isto terá limites e poderá dar-se o ponto a partir do qual as pessoas não tenham mais nada a perder e haja levantamentos e revoluções em massa. E aí já nem os condomínios privados poderão valer aos orquestradores desta "nova ordem mundial". Daí que ao avançarem para a segunda fase seja um jogo muito perigoso. E causa disso mesmo,tal como o nazismo surgiu das cinzas também voltará o comunismo e outros extremismos para combater este extremo.
Já sei que vai dizer que tenho uma visão muito teatral e lírica das coisas mas já agora devolvo-lhe a sua afirmação fazendo a pergunta óbvia:
Porque é que acha que o neo-liberalismo não está a falhar?
Cumpts
Manuel Santos
Caro Manuel Santos,
Deduzo pela natureza dos seus comentários com cariz económico que não é um economista. Mas quando se fazem afirmações com profundas implicações económicas, convém ter pelo menos uma ideia básica do que está a dizer, sob pena de se fazer não mais do que repetir clichés gastos pela imprensa sensacionalista. E sinceramente espero que a sua afirmação de que “o que vai salvar a situação são as intervenções estatais a nível mundial ao mais belo estilo keynesiano” seja um sarcasmo, uma vez que se não for, demonstra alguma dificuldade em perceber o que aconteceu realmente nos últimos dois anos e que causou esta crise económica.
Passo a explicar: a crise financeira foi na verdade uma crise bancária, que se pusermos uma perspectiva histórica nisto, praticamente sempre acontece através do estabelecimento governamental de incentivos perversos que levam os bancos a fazer o que não devem. Exemplos perfeitos disso são as crises bancárias na Argentina em 1890, na Austrália em 1893, na Noruega em 1900 e na Itália também em 1893. Grandes crises bancárias que resultaram de má regulação económica governamental, que na verdade encorajava os bancos a assumir riscos excessivos, por via de ofertas de cobertura estatal caso algo corresse mal. Ou seja, esta crise surgiu não pela liberalização dos mercados, como muita gente anda por aí a dizer, mas em grande medida pela imposição de regulamentação (de carácter social, pasme-se!) que acabou por fazer explodir o mercado. De que falo? Desde 1994 que o governo americano tinha estabelecido políticas para facilitar a aquisição de casa própria, tanto através dos empréstimos FHA como através de imposições sobre as empresas Fannie Mae e Freddie Mac para aceitar créditos à habitação de alto risco, em muitos casos sem qualquer análise aos candidatos relativamente à sua capacidade de pagar. Por outro lado, em 2007, a SEC propôs regulamentação que dificultava as agências de rating de serem rigorosas nas avaliações de carteiras hipotecárias de alto risco, enquanto que o Congresso americano continuava a propor extensa legislação destinada a facilitar a concessão de crédito a pessoas que não podiam pagar. Por outro lado, o estabelecimento de seguros de depósito foi outro factor que incentivou o sistema bancário a assumir mais riscos, bem como o credo na ideia lunática (como se achava aqui também) que o mercado imobiliário só poderia subir. A história diz-nos de novo que quanto menos protecção estatal houver, mais disciplinados serão os sistemas financeiros e menos probabilidades de crises existirão.
Parte 2
Outro factor afectado por má regulamentação estatal foi o da estrutura (mais uma vez, definida pelo governo) de comissões dos gestores de fundos, que em fundos de pensões e fundos de acções/obrigações era simplesmente proporcional ao volume da carteira. Ou seja, quanto maior a carteira, maiores as comissões. Foi por isso que a compra de carteiras de mau crédito securitizadas (e com ratings governamentalmente “aldrabados”, mais uma vez com objectivos louvavelmente sociais) cresceu a ritmos extraordinários nas instituições financeiras que estouraram com o rebentamento da bolha imobiliária (o Lehman Brothers e o Bear Sterns são excelentes exemplos).
Tudo isto para dizer que a desregulamentação do sistema financeiro (o cavalo de batalha de quem inventou o desagradável termo “neo-liberalismo”) não teve rigorosamente NADA que ver com a crise. A causa fundamental foi de facto o mau (chamar-lhe-ia estúpido) intervencionismo estatal que criou incentivos para que o sistema financeiro assumisse riscos desmesurados. A história económica tem exemplos de sobra que demonstram que o proteccionismo estatal leva à tomada de riscos excessivos, uma vez que quem os toma convence-se (correctamente, diga-se de passagem) de que está a jogar com dinheiro dos outros. E com desregulamentação ou sem ela, o que aconteceu teria acontecido na mesma. Tal como Friedman explicou relativamente à Grande Depressão, que foi também em grande medida um falhanço da política monetária e da legislação estatais. Se este economista estivesse vivo hoje, estaria muito “contente” (passe a expressão) com mais esta demonstração da sua presciência.
Não tenhamos ilusões: os “idealismos” não são mais do que devaneios de intelectuais de café que pouco ou nada sabem do que estão a discutir e que têm levado a catástrofes sociais como o nazismo ou o bolchevismo porque os dotes retóricos de alguns desses “idealistas” são suficientes para levar multidões a cometerem atrocidades em nome de conceitos abstractos que realmente não entendem, e, mais importante que tudo o resto, de promessas de uma vida material melhor. Ao final do dia, os seres humanos, seja qual for a sua origem ou cultura, regem-se por critérios egoístas da maximização do valor que adquirem e a única coisa que os protegerá do colapso social é uma regulamentação inteligente que coloque esse egoísmo ao serviço do colectivo, com os incentivos colocados nos locais certos. Coisa que neste caso não aconteceu de todo, infelizmente.
Tudo o que tem acontecido até à data não dá muito crédito aos teóricos da conspiração da “nova ordem mundial” dos Bilderbergers e outros que tais, uma vez que é possível explicar facilmente a recessão através de pura e simples estupidez do aparelho do estado (muitas vezes, com a melhor das intenções). Como os tais génios Bilderbergers são os responsáveis de facto por esta valente trapalhada, muito dificilmente terão miolo para levar a água ao seu moinho, excepto talvez através da inoculação compulsória maciça de vacina da gripe dos porcos envenenada. Ou então esperar por 2012 e pronto.
António Campos
António Campos
Não tenho formação em economia nem tenho a mínima pretensão a especialista assim como em outras àreas (excepto aquela em que desenvolvo a minha actividade profissional).
Mas para debatermos, falarmos e emitirmos a nossa opinião numa dada matéria, presumo que ainda não seja necessário possuir um PhD ou um MBA. Ou será?
A Ideia básica daquilo que afirmei baseia-se unicamente em "intensas horas de estudo" sobre as pessoas com quem lido e conheço que cada vez mais estão no desemprego ou são obrigados a aceitar condições de quasi-semi-escravatura para ser eufemístico. Baseia-se na minha percepção real e de qualquer pessoa que as classes médias das nossas sociedades estão a desaparecer para dar lugar à imensa horda de novos pobres, para continuar a enriquecer cada vez mais uma minoria bem ao estilo africano. Baseia-se naquilo que vejo diariamente nos noticiários com tumultos e agitações sociais crescentes além das tendências depressivas e violentas das pessoas virem ao de cima na forma como conduzimos, falamos etc.
Tudo isto mera expriência empíricade qualquer normal cidadão.
O António Campos não se dá conta disto? E se não, em que país vive?
Cumpts
Manuel Santos
Sobre a atitude dos reguladores do mercado nos últimos anos e na sua pretensa culpabilização dos mesmos devo-lhe relembrar que até estourar esta crise, a tese neo-liberal estava de pedra e cal e não podia haver a mínima deliberação sob pena de ser acusada de "intervencionismo socialista e controlo da economia".
Temos cá um exemplo concreto: os que cá agora criticam Vitor Constâncio por ter falhado na regulação bancária, seriam os mesmos que gritariam aos 4 ventos, caso este tivesse feito a mínima intervenção.
E não misture as coisas: uma coisa é apoio social. Outra é incentivo ao esbanjamento.
Sobre a sua frase
"A história diz-nos de novo que quanto menos protecção estatal houver, mais disciplinados serão os sistemas financeiros e menos probabilidades de crises existirão."
gostaria de ouvir casos concretos.
E foi a economia keynesiana que garantiu o crescimento social e grande prosperidade aos povos ocidentais desde o pós-guerra até meados de 70.
Sobre as teorias da conspiração sabe que nem vou por aí.
Cumpts
Manuel Santos
Infelizmente, António Campos vejo que tenta conotar idealismo com tudo o que de negativo determinadas ideologias trouxeram.
Na minha opinião nada de mais errado. Tudo o que de positivo o comunismo teve, teve a ver com esse mesmo idealismo e não nos vulgares pecados humanos que o transformaram no monstro que foi.
E foi esse mesmo idealismo que também trouxe o que mais positivo os EUA ofereceram ao mundo, do qual JF Kennedy foi um dos protagonistas.
Idealismo é sonho, exactamente como aquele maravilhoso poema de António Gedeão imortalizado naquela belíssima canção de Manuel Freire que faz o mundo avançar e os maiores e melhores feitos foram conseguidos quando havia idealismo.
Para si o idealismo é "um devaneios de intelectuais de café", algo desprezível e a evitar e tal pensamento revela-o tal qual é.
Eu prefiro revelar-me tal qual sou pois ainda acredito que deverão ser os idealismos e os sonhos, no mais puro sentido do termo que poderão fazer a humanidade avançar.
E a história comprova-o.
Cumpts
Manuel Santos
E por último e como habitualmente, não respondeu à minha pergunta:
"Porque é que acha que o neo-liberalismo não está a falhar?"
Cumpts
Manuel Santos
Por último António Campos, tenho imensa pena que tenha essa visão de que a capacidade criadora humana e mesmo na sua forma económica de interagir, se reduz a esssa triste condição de "gestão de egoismo".
Acho que deve ser um fardo enorme termos de viver nessa forma de pensar. Além de termos constantemente de estar a olhar sobre o nosso ombro.
Efectivamente isso demarca completamente e em oposição a nossa maneira de ver o mundo.
Cumpts
Manuel Santos
Caro Manuel Santos,
O problema é que quando discutimos assuntos com a complexidade inerente a uma disciplina como a economia, se não dominarmos o assunto caímos facilmente na esparrela de acreditar em tudo o que nos impingem sem termos capacidade para adoptarmos uma perspectiva crítica. Infelizmente, a maioria das opiniões é formada assim e essa é uma das razões fundamentais da maioria das calamidades sociais dos últimos séculos. Eu cá abstenho-me de tecer considerações sobre assuntos que não domino, para não cair no ridículo de andar a dizer disparates. E é essa uma das razões pelas quais muitos dos tópicos neste fórum não são alvo de qualquer comentário meu. Mas quanto a este assunto em particular, posso garantir-lhe, por experiência própria, que possuir um PhD E um MBA poderá não ser indispensável, mas ajuda. E muito.
O seu retrato social dantesco faz-me lembrar um episódio que se passou comigo há uns anos quando umas velhotas com uns folhetos debaixo do braço me bateram à porta a avisar-me que o dia do juízo final estava ao virar da esquina. E eu perguntei porquê. E elas fizeram-me exactamente a pergunta que o caro Manuel Santos me faz: “não se dá conta? Não lê os jornais? As calamidades, as epidemias, a pobreza, o crime etc etc”. E a si, respondo-lhe da mesma maneira que a elas: para perceber que tal é um disparate, basta saber um pouco de história para entender que desde os tempos das cavernas que a humanidade não teve um único período de prosperidade que se iguale ao dos dias de hoje. No mundo inteiro, hoje há mais riqueza, menos pobreza e possibilidades infinitas de fazer coisas que apenas há 50 anos faziam parte apenas da imaginação. As pessoas vivem mais tempo e com melhor qualidade de vida. Há seguramente muitíssima miséria a erradicar, mas é um facto que no geral vivemos todos melhor do que há 10, 20, 30, 100, 500 anos. Dá jeito ter um bocadinho de discernimento para filtrar o retrato pintado pelos media, que vivem de vender desgraças e chegam a todo o lado. Se os media de 1900 tivessem o alcance de hoje, garanto-lhe que toda a gente ficaria convencidíssima de que o mundo iria acabar no dia seguinte, com base no que eles diriam.
Parte 2
Voltando à vaca fria. Quer casos concretos? Então aqui vão: nos anos 90, o México implementou uma política de seguros de depósito a 100%, que resultou numa enorme crise bancária. Na sequência da crise, o seguro não foi legalmente eliminado, mas as perdas foram de tal forma que o público começou a deixar de acreditar que o governo as pudesse cobrir todas. O resultado foi que os bancos com activos de má qualidade começaram a ver os seus depositantes a fugir a sete pés e tal resultou num aumento exponencial de disciplina bancária. E sem qualquer “mão invisível governamental” a ajudar. Outro exemplo: Inglaterra. Uma série de crises bancárias em 1815, 1825, 1836, 1847 e 1857, pela simples razão que o governo obrigou o Banco de Inglaterra a cobrir as perdas da banca privada. Após a crise de 1857, as pressões do Banco de Inglaterra para acabar com este esquema e não salvar nenhum banco da ruína auto-imposta resultaram numa reestabilização do sistema. Nunca mais houve crises bancárias até à primeira guerra mundial.
Quanto à culpabilidade dos reguladores do mercado, como lhe chama, não é “pretensa” nem é “minha”. As leis são públicas e milhares de testemunhos ante o Congresso dos EUA são dela a prova. Aliás, o mecanismo é tão simples que na verdade não é preciso ter um PhD nem um MBA para o entender.
Quanto à questão sobre o “neo-liberalismo”, se o meu último post não foi suficientemente claro, posso então adiantar mais um exemplo: durante o tal período “próspero” dos anos 60 e 70, as economias com forte controlo estatal (advogado por Keynes) não tiveram a capacidade de se adaptar aos choques macroeconómicos que surgiram, o que resultou num estado de recessão prolongada acompanhado de inflação, que só foi ultrapassado quando os mercados foram liberalizados. Mais uma vez, Friedman. Os proponentes do retorno aos métodos keynesianos para vencer a crise de 2007-2009 não percebem (ou não querem perceber), tal como é abundantemente claro no meu post, que não foi a liberalização, mas sim uma série de intervenções estatais patetas que constituiu o rastilho para a crise. O melhor exemplo da calamidade que uma intervenção estatal mal parida pode causar. O problema com Keynes é que muito poucos governos têm a capacidade de micro-gerir um sistema tão complexo como uma economia de um país. Veja-se a Rússia: é um exemplo crasso de uma economia quase totalmente controlada pelo estado que não consegue recuperar de um choque macroeconómico como esta crise sem andar agora a mendigar por intervenções “neoliberais”. A chatice é que já muito poucos acreditam neles.
Dizer que foi o liberalismo económico foi a causa da recessão é a mesma coisa que dizer que a democracia foi a causa dos problemas russos na década de 90. Ambas as afirmações são motivadas pela mais pura ignorância.
Aliás, se quiser, um dia destes posso também explicar-lhe em detalhe o que se passou na Rússia nessa altura, na vertente económica.
António Campos
Uma das maiores promessas do capitalismo "desenfreado" é a erradicaçäo da pobreza. Desde os anos 70 que nas sociedades ocidentais o fosso entre ricos e probres cresce exponencialmente. O PIB/capita nunca foi täo alto, mas nunca em democracia houve tanta percentagem de pobres.
Näo por acaso, o fosso diminuiu desde o fim da II Guerra Mundial quando políticas keynesianas estavam na ordem do dia, e aumentou desde que o neoliberalismo voltou à baila.
O Neoliberalismo "esquece" que uma "sociedade de consumo" näo funciona sem consumidores. Desempregados näo consomem, e o seu número cresce de dia para dia. Talvez se resolva ao adoptar-se a semana dos 4 dias, quem sabe? Trabalhamos menos, trabalhamos todos. Ou entäo chegamos ao caos que o MSantos refere.
O filme "Capitalismo: Uma História de Amor" retrata bem isso. Destruiram as boas intençöes do capitalismo pela ganância desenfreada. Realmente é necessário um sistema novo.
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