segunda-feira, dezembro 28, 2009

Desta vez não é gás, mas petróleo!


A Rússia preveniu a União Europeia de uma possível suspensão de fornecimentos de petróleo a três países europeus (Eslováquia, Hungria e República Checa) através do território devido a divergências sobre o preço, anunciou o Conselho de Ministro da Eslováquia, citado por agências internacionais. “Trata-se de um litígio sobre os preços do petróleo... Estamos ao corrente da situação criada, que tem a forma de litígio comercial”, declarou à agência ITAR-TASS uma fonte da Comissão Europeia. Kiev já veio dizer que da parte da Ucrânia não existe qualquer ameaça ao trânsito do petróleo russo para os clientes europeus. Depois de constatar a existência de conversações com a “Transneft” empresa pública russa que monopoliza o transporte de petróleo por pipelines, a companhia “Naftogaz” da Ucrânia acrescenta que “hoje os especialistas das duas companhias acordaram sobre os volumes do trânsito do petróleo russo e outras condições a curto prazo, cujos acordos terminam a 31 de Dezembro de 2009”, sublinhando que “da parte ucraniana não existe qualquer ameaça ao trânsito do petróleo russo para os consumidores europeus”. Pelo seu lado, Nikolai Tokariev, gerente da “Transneft”, declarou ao diário económico “Vedomosti” que a Rússia não aceita o aumento das tarifas de trânsito, bem como o sistema do mesmo “ship-or-pay”. O petróleo russo para a Europa é transportado através do sistema “Drujba”, que tem seis mil quilómetros de comprimento e constitui o maior sistema de oleodutos no mundo. Ao sair do território da Rússia, o sistema divide-se num ramal para Norte, que fornece petróleo à Bielorrússia, Polónia e Alemanha, e noutro para Sul, que transporta crude para a Ucrânia, República Checa, Eslováquia e Hungria. Este sistema transporta quase metade do petróleo russo exportado, escoando, anualmente, entre 70 e 80 milhões de toneladas de crude. Nos anos anteriores, por esta altura, têm tido lugar “crises de gás” entre a Rússia e a Ucrânia, também devidas à discussão em torno do preço do trânsito do gás russo para a Europa por território ucraniano. No ano passado, Moscovo cortou mesmo os fornecimentos de combustível azul à União Europeia durante parte do mês de Janeiro. Este ano, a “crise do petróleo” ocorre em plena campanha eleitoral na Ucrânia, o que poderá ser utilizado pelos numerosos candidatos para ganharem votos, ou uma forma da Rússia participar na contenda eleitoral. As eleições presidenciais na Ucrânia realizam-se a 17 de Janeiro.
Parece-me que Moscovo tomou essa decisão por duas razões: além da participação na campanha eleitoral na Ucrânia, conseguiu um aumento do petróleo nos mercados internacionais. Mas se assim foi, o Kremlin continua a não tirar lições de erros passados. Sem razões fortes, ameaça deixar três países da UE sem petróleo, o que não contribuirá para o melhoramento da imagem do país no mundo enquanto fornecedor seguro de combustíveis.
Publicamente, Vladimir Putin apoiou, tal como em 2004, Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões. Não directamente, mas declarando que esse é partido é o aliado da Rússia Unida, força política por ele dirigida.
Seja como for, o apoio de Moscovo não constuma contribuir para vitórias em eleições nos países vizinhos. Caso na Ucrânia se realize a segunda volta, o que é bem possível tendo em conta o grande número de candidatos (18), esse gesto apenas poderá contribuir para juntar várias forças políticas em torno do político que irá defrontar Ianukovitch.
Mas mesmo que Ianukovitch vença, é preciso ter em conta que ele existe como figura política porque é apoiado por alguns dos oligarcas ucranianos do Leste e Sudeste do país. Ora estes últimos não estão interessados na abertura do mercado ucraniano ao capital russo, principalmente na metalurgia, produção de adubos, etc., pois sabem que, caso contrário, serão despromovidos de oligarcas a pequenos e médios empresários.
Além disso, Ianukovitch também não esconde a sua intenção de levar a Ucrânia à União Europeia. No máximo, caso ele venha a ser eleito, Moscovo receberá um novo Alexandre Lukachenko, Presidente da Bielorrússia que tenta explorar a situação geográfica do seu país, entre a Rússia e a UE.

32 comentários:

MSantos disse...

Caro José Milhazes

Pelo que compreendi o litígio é entre a Rússia e Ucrânia, novamente, que vai impedir o trânsito para os três países de destino.

No começo do texto dá a entender um litígio entre a Rússia e os países de destino, quando me parece que estes só estão a comer por tabela os velhos diferendos Rússia-Ucrânia.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

...Parece-me que Moscovo tomou essa decisão por duas razões: além da participação na campanha eleitoral na Ucrânia, conseguiu um aumento do petróleo nos mercados internacionais. Mas se assim foi, o Kremlin continua a não tirar lições de erros passados. Sem razões fortes, ameaça deixar três países da UE sem petróleo, o que não contribuirá para o melhoramento da imagem do país no mundo enquanto fornecedor seguro de combustíveis...

Meu caro, a mim parece-me é que você quer ver coisas onde elas não existem.

Qualquer coisa que a Rússia faça, é de certeza para entrar nas eleições ucranianas.

Para começar, dada a situação económica da Ucrânia que é gravissima, a Rússia não precisa de interferir nas eleições. Qualquer que seja o candidato que venha, vai ter que ter em conta os desejos da Rússia...

Quanto à flutuação do preço do petróleo, TUDO mas TUDO está a afectar o preço. Qualquer situação que implique redução de produção seja em que parte do mundo fôr, afecta o preço.

Agora se você diz que os acordos acabam em 31 de Dezembro, é claro que têm que ser revistos.

Seria interessante de saber sim, é se aquilo que a Ucrânia pede é razoável. Porque pelo o que leio no artigo, o problema está a ser gerado pelo o que a Ucrânia quer.

Qual é o aumento das tarifas de transito e em que medida isso está de acordo com os valores de mercado?

Nós estamos a ver um processo negocial onde cada um tenta tirar melhores condições contratuais.

E quem anda aflito é a Ucrânia... A Rússia não terá razões para cortar o fornecimento do petróleo, porque esta situação é diferente da do gás.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro MSantos, todo texto deixa claro que o problema é novamente entre a Rússia e a Ucrânia.
Caro PM, afinal o acordo sobre preço de trânsito está resolvido, dizem os ucranianos e confirmam os russos. A Ucrânia pede o que quer enquanto pode e a Rússia paga o que acha razoável. Podia tratar-se de um mero negócio, mas não... Explique-me então o que levou o Kremlin a ameaçar com a suspenção dos fornecimentos de petróleo? Isto é uma ameaça muito grave e os dirigentes russos recorrem vezes demais a isso.
A propósito, leu as declarações de Vladimir Putin em Vladivostoque sobre as relações russo-americanas? Além de não virem nada a propósito visto que se está muito perto da assinatura de um tratado sobre redução de armamentos estratégicos, Putin ultrapassou as suas prerrogativas. A política externa, segundo as leis russas, é dirigida pelo Presidente do país! Ou ele quis mostrar uma vez mais quem manda em casa?
Porque não falhou dos seus "projectos nacionais": saúde, educação, ensino, que falharam redondamente?

PortugueseMan disse...

Caro MSantos, todo texto deixa claro que o problema é novamente entre a Rússia e a Ucrânia...

Meu caro, o que é claro é que você aponta o dedo à Rússia no seu texto. Não está correcto, como não está correcto associar esta situação com a do gás, embora possam teóricamente conduzir a situações semelhantes.

Explique-me então o que levou o Kremlin a ameaçar com a suspenção dos fornecimentos de petróleo? Isto é uma ameaça muito grave e os dirigentes russos recorrem vezes demais a isso.

Bom, vamos lá a ver, HOJE é dia 29 de Dezembro e estamos a falar de um contrato de fornecimento de energia que afecta vários países que EXPIRA daqui a DOIS dias. Você não acha preocupante o facto de não se ter já resolvido a coisa? Isto não é propriamente acordar com o padeiro da esquina, quanto pão vou comprar em 2010...

Quando é que começaram as negociações? Estas coisas começam a ser tratadas quando? não me venha dizer que é uma semana antes..

E se não chegam a acordo, no seu entender QUANDO é que a UE deveria ser avisada de possíveis interrupções de fornecimento?

A propósito, leu as declarações de Vladimir Putin em Vladivostoque sobre as relações russo-americanas?

Não li, não sei do que se trata, vou procurar um link que mostre essas declarações.

Gonçalo Capitão disse...

NO fundo, eis a nova diplomacia de Moscovo. Já não se faz apontando armas para as outras capitais, mas sim usando os recursos naturais como arma de "pressão maciça"...

Creio - mas saberá melhor do que eu - que Putin (a trave-mestra da Rússia actual) soube fundir elementos simbólicos e de autoridade da URSS com o liberalismo infrene que permitiu a formação da oligarquia vigente; ou seja, os endinheirados podem mandar, desde que sejam "amigos" do Kremlin.

Para além disso, creio que Vladimir Putin percebeu que reina num país sem tradição e, logo, cultura democráticas, pelo que se pede ao novo Czar uma decisão que defenda (supostamente) os interesses da Mãe Rússia.

O problema dos que o não apreciam é que VP somou a tudo isto, de forma sábia (e soviética), o uso da comunicação de massas.

Em suma, se a popularidade dele desce por cá, dúvido que tal seja significativo por lá... Mas, como disse, o José Milhazes saberá bem melhor do que eu.

Sérgio disse...

Rapid changes in the global economy and international politics are raising once again an eternal issue in Russia: the country’s relations with Europe and with the Euro-Atlantic region as a whole. Of course, Russia partly belongs to this region, yet it cannot and does not want to join the West wholeheartedly — at least not yet. Meanwhile, this choice looks very different now compared with just a few years ago.

It is becoming obvious that the Euro-Atlantic world, whose economic and political model seemed so triumphant 20 years ago, is now lagging somewhat behind China and other Asian countries. So is Russia, where, despite encouraging talk about innovation-based development, the economy continues to demodernize as corruption has been allowed to metastasize and the country relies increasingly on its natural resource wealth. Indeed, it is Asia that has turned out to be the true winner of the Cold War.

These rising powers raise problems regarding Russia’s geostrategic choices. For the first time in decades, the values gap between Russia and the EU appears to be increasing. Europe is overcoming state nationalism, while Russia is building a nation state. Broken by history and not wishing to be ravaged by war again, Europeans have embraced compromise and renounced the direct use of force in international relations.

Russians, on the other hand, emphasize their “hard power,” including military force, because they know that they live in a dangerous world and have no one to hide behind. In addition, because of the country’s comparative lack of “soft power” — social, cultural and economic attractiveness — it stands ready to use the competitive advantages (that is, its resource wealth) available to it.

Internal political developments in Russia are also pushing the country in a different direction from the West. Quite simply, Russia is moving away from democracy.

This emerging values gap is not an insurmountable obstacle to geostrategic rapprochement. But coupled with mutual irritation, which is particularly strong in Russia, closing the gap is becoming much harder. While Russia’s elite never considered itself defeated in the Cold War, the West essentially treated Russia as a defeated country — an attitude symbolized by NATO’s eastward expansion, which laid a deep foundation for ongoing tension. It was only after the West encountered an armed rebuff in South Ossetia that NATO expansion was stopped in its tracks. Yet NATO has not given up on further enlargement.

NATO expansion is nothing more than the extension of its zone of influence — and in the most sensitive military and political spheres. And yet the West’s unwillingness to abandon that effort is coupled with a repeated refusal to recognize Russia’s right to have its own zone of interest.

So NATO expansion has left the Cold War unfinished. The ideological and military confrontation that underlay it is gone, but the geopolitical rivalry that it entailed has returned to the fore. Thus, the old mentality survived on both sides.

Energy debates are another example of this. Non-Russian Europe should thank the Almighty for the presence of energy-rich Russia at its borders, while Russia should be thankful for having such wealthy customers. But the natural differences in the interests of energy consumers and producers have been given a corrosive political and security twist. One vivid example of this is the discussion about an “Energy NATO.”

Sérgio disse...

Faced with the impossibility of advantageous accession to Euro-Atlantic institutions, Russia is drifting fast toward alignment with China — a “younger brother,” though a respected one. Russia’s “Asian choice” of today is not the same as the Slavophile or Eurasian choice of the past. On the surface, it looks like a choice in favor of a rapidly rising civilization. But the current estrangement from Europe — the cradle of Russian civilization and modernization — threatens Russia’s identity and will increase its geostrategic risks in the future.

Europe does not benefit from this estrangement either. It will continue to move toward beautiful decay — Venice writ large. The United States also loses. Without Russia, which will remain the world’s third-strongest power for the foreseeable future, it is impossible to solve the key problems of international security.

The current Euro-Atlantic security architecture seems to suit the majority of Americans and Europeans, though it is becoming increasingly fragile and counterproductive. So Russia will struggle to create a new architecture largely on its own — whether through a new treaty on collective European security or even through its accession to NATO. This is not only in Russian political and civilizational interest, but it also reflects our duty to the entire community of Euro-Atlantic nations, which is being weakened by the “unfinished Cold War.”

The idea of a “Union of Europe” between Russia and the European Union should be put on the long-term agenda. That union should be based on a common human, economic and energy space. The combination of a new security arrangement for the Euro-Atlantic community and the establishment of the Union of Europe could curb the decline of the West.

Sergei Karaganov is dean of the School of International Economics and Foreign Affairs of the Russian Research University — Higher School of Economics. This article is based on a report on Euro-Atlantic security prepared by the Valdai Club, of which the author serves as chairman. © Project Syndicate


http://www.themoscowtimes.com/opinion/article/russia-will-save-the-west/396905.html

Sérgio disse...

http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/KL24Ag04.html

Asia central, a zona de influencia da China!

Sérgio disse...

http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/europe-russia/

Para quem souber inglês tem aqui muita informação gratuita.

Sérgio disse...

http://www.soros.org/initiatives/brussels/articles_publications/publications/turkey_20090907/turkey_20090907.pdf

Este é para o Pippo.

Sérgio disse...

http://www.soros.org/initiatives/home/articles_publications/publications/muslims-europe-20091215/a-muslims-eu-20091215.pdf

Sobre os muçulmanos que por cá vivem.

Anónimo disse...

O Milhazes continua na sua acérrima sanha anti-Putin. Não foi Putin que ameaçou, apenas comentou. Que tal um pouco de verdade?E o problema já está resolvido e Putin não interferiu. E quanto a ultrapassar prerrogativas, quem deu os votos a Medvedev? Ou melhor, quantos votos teria Medvedev se não fosse o candidato de Putin? Espero que estas afirmações repetitivas e banais acabem em 2010. Se Putin tem um problema é por mandar de menos e ter gente menor a fazê-lo por ele.

Anónimo disse...

Ah, e quanto aos americanos, fez bem em dizer o que disse. Desde o primeiro dia que Obama com o seu arzinho de santo quer debilitar a Rússia e que, infelizmente, tem muitos russos vendidos a trabalharem para a destruição do seu pr´oprio país. É bom que se saiba que ainda há lá um homem a quem não enganam com papas e bolas, nem com botas e sumos de tomate. Pois!!!

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, a vigência do acordo terminava a 31 de Dezembro. No dia 28, as conversações estavam a correr normalmente e acabaram por levar a bom porto a situação. Quer-me dizer que Moscovo se apressou a atirar as culpas para cima da Ucrânia?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leirtor Anónimo, onde é que leu que eu escrevi que Putin ameaçou? Leia os textos com atenção. Eu falo em Moscovo, Kremlin, pois não separo Putin de Medvedev. Quanto às dívidas eleitorais, essa sua forma de pagamento não deixa de ser interessante. Para quê organizar e encenar "eleições democráticas"?

PortugueseMan disse...

Caro PM, a vigência do acordo terminava a 31 de Dezembro. No dia 28, as conversações estavam a correr normalmente e acabaram por levar a bom porto a situação. Quer-me dizer que Moscovo se apressou a atirar as culpas para cima da Ucrânia?

Meu caro, por favor.

Esta situação toda não foi gerada, pelo o aviso da Rússia. Vamos lá esclarecer isto.

Esta situação ocorreu PORQUE existiu alguém que foi correr para a imprensa a dizer que a UE recebeu um aviso vindo da Rússia de um POSSÍVEL corte de fornecimento.

Esta situação não tem por base uma declaração oficial da UE mas sim uma declaração de ALGUÉM que tem acesso à informação e toca de meter na imprensa.

Eu NÃO vi os russos a irem aos jornais e andarem a dizer que vão cortar o petróleo a toda a gente, mas VI a imprensa toda APROVEITAR a declaração de alguém a MEIO das negociações.

Se esse alguém estivesse calado e deixasse então TERMINAR as negociações esta notícia nem existiria para vender jornais.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, talvez as festas nos obriguem a ler as coisas com menos atenção. A notícia do possível corte de gás foi dada pelo Governo da Eslováquia depois de ter recebido o recado de Moscovo. Não foram os jornalistas que "desenterraram", souberam, etc., mas houve uma comunicação oficial e pública. Neste caso, Moscovo tem de pensar bem antes de fazer avisos, sabendo de antemão que eles apenas irão deteriorar a sua imagem entre a opinião pública.
Não sei quem trata da imagem do Kremlin, mas essa ou essas pessoas deviam saber que a notícia iria ser tornada pública.
Volto a repetir, os avisos de coisas muito sérias como a suspensão do fornecimento de petróleo têm de ser feitos em situações extremas. Não é preciso utilizar ogivas nucleares para caçar pardais.

PortugueseMan disse...

...A notícia do possível corte de gás foi dada pelo Governo da Eslováquia depois de ter recebido o recado de Moscovo. Não foram os jornalistas que "desenterraram", souberam, etc., mas houve uma comunicação oficial e pública...

Desculpe meu caro, mas um de nós está mal informado.

O que eu sei é que a UE recebeu um aviso oficial da Rússia de um possível corte que afectaria os países X, ao abrigo do acordo entre a UE e a Rússia para situações deste género.

Por sua vez a UE avisou os países em questão da situação.

O ministro da economia eslovaco (um dos países avisados), resolveu abrir a boca, (resta saber se por iniciativa própria ou por outro tipo de interesse) e a coisa caiu no domínio público.

Posição OFICIAL por parte da UE eu não a conheço.

Se me disser que existiu uma declaração vinda da UE, eu nesse caso reconhecerei que estou errado na minha perspectiva.

PortugueseMan disse...

os avisos de coisas muito sérias como a suspensão do fornecimento de petróleo têm de ser feitos em situações extremas.

Não meu caro.

Avisos deste género têm que ser feitos ATEMPADAMENTE.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, leia com atenção o que está escrito neste blog. Repito. Foi o Governo Eslovaco que anunciou oficialmente que tinha recebido um aviso e esse anunciou foi publicado pela France Press. A agência russa ITAR-TASS citou depois uma fonte da CE.
O atempadamente, não é a dois ou três dias de um corte de fornecimento de petróleo. Não brinque com a inteligência das pessoas. Claro que os dirigentes russos têm direito a fazer a política que melhor entenderem, mas nem todos pensamos da forma como o leitor PM.

PortugueseMan disse...

Meu caro,

O Governo Eslovaco recebeu oficialmente um aviso da UE, não da Rússia. Eles não tinham nada que estar a anunciar oficialmente coisa nenhuma, porque a UE estava a tratar disso com a Rússia, tal como tinha sido ACORDADO ENTRE AMBOS SEMPRE que surgisse (potenciais) problemas.

O atempadamente, não é a dois ou três dias de um corte de fornecimento de petróleo.

Parece que está é a brincar com a minha inteligência.

Quem é que disse que o corte iria ser feito daqui a dois ou três dias? A única coisa que sei é que o contrato expira daqui a dois ou três dias.

Daqui a dois ou três dias a não existir acordo, a Ucrânia pode cortar o fornecimento à Europa, o risco existe a Rússia activou o mecanismo definido para a Europa actuar em conformidade.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, entramos, neste caso, numa fase que se chama "conversa de treta".
Mas passando a coisas sérias, a Ucrânia vai receber mais 30% pelo trânsito do petróleo.

PortugueseMan disse...

Caro PM, entramos, neste caso, numa fase que se chama "conversa de treta".

Seja, paremos por aqui. Olhe que eu até já tinha ido buscar o documento que foi acordado no mês passado entre a UE e a Rússia sobre situações destas. Mas não avancemos mais, pela troca de posts que fizemos, cada um de nós mostrou o seu ponto de vista.


...Mas passando a coisas sérias, a Ucrânia vai receber mais 30% pelo trânsito do petróleo.

O que me parece muito. A meu ver a Rússia cedeu. Mas este é um contrato de apenas um ano e será interessante o que irá acontecer depois das eleições.

Sérgio disse...

Mais uma vitória por desistencia do adversario. Continua a fazer vitimas o PM.

Anónimo disse...

Milhazes, você está mesmo baralhado. Encenação democrática certamente que não foi a eleição presidencial, porque todos os russos sabiam que iam votar no advogado de Putin por não poderem votar no próprio. Quem não quis não votou. É democrático e Medvedev tem legitimidade legal e democrática. O que não tem é legitimidade ética e moral para se armar no chefe que não é. O advogado representa o cliente, não é o cliente. Ele foi sempre isso e aceitou as regras do jogo. Se não aceitasse teria sido outro a ser Presidente. Todas as tentativas que faça para se livrar do patrão são traições, no caso alta traição. Compreendido?

Cristina disse...

Anónimo das 03:18
E você acha que isso é democracia? Olhe que não me parece...
Para colocar no poder a pessoa que se escolhe, não é preciso fazer eleições...
Também não acho que o Milhazes esteja baralhado.
Em português há é uma palavra melhor que "encenação": chama-se farsa.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Dê uma olhadela a este artigo que saiu ontem sobre o assunto em questão.

Russia agrees oil deal with Ukraine, eases EU fears

...Sokolovsky said Ukraine wanted Russia to pay higher transit fees, switch to euros from dollars and guarantee minimal supply volumes, adding that demands had been sent to Moscow in November.

Russia's energy ministry did not say how new demands were solved by the two sides late on Friday.
The demand comes as the International Monetary Fund has rejected Kiev's request for a $2 billion (1.2 billion pound) loan to help the recession-strapped country meet obligations by year's end.

A European Union source said oil stocks in Hungary, Slovakia and the Czech Republic were adequate to withstand possible cuts...

..."From the EU point of view, the early warning systems have worked," said a EU source, referring to a recent deal under which Russia has to warn the continent about supply problems...

...Germany and Poland so far have no guarantees of supplies in the new year as Moscow and Minsk are struggling to agree on volumes of duty-free Russian oil for Belarus...


http://nz.news.yahoo.com/a/-/world/6632703/russia-agrees-oil-deal-with-ukraine-eases-eu-fears/

Os detalhes do acordo entre a Ucrânia e a Rússia não são revelados, o que me faz interrogar se é a Rússia a suportar os 30% de aumento, ou se a UE vai participar com algo...

Também não se fala que volumes de tráfego foram acordados e se os pagamentos vão ser em euros.

Na minha opinião muito pouco se sabe a não ser que o problema foi resolvido.

Também desconhecia que existe problema semelhante com a Bielorússia e quase de certeza que semelhante aviso foi recebido pela a UE ao abrigo do acordo.

Anónimo disse...

Olhe Cristina, se não lhe parece, o problema é seu. Termino 2009 a repetir que quem está farto de Putin que ganhe as eleições. Não há nada ilegal no que Putin fez e foi aprovado pelo eleitorado, que não está nada arrependido de o ter feito. Entretanto, a crise está controlada bem melhor do que se pensava, e em 2010 a Rússia vai certamente crescer. A maioria esmagadora dos russos apoia Putin e tem toda a razão para o fazer. Se alguém pensava fazer um golpe palaciano, o melhor é dar sebo nas botas. Os traidores estão identificados e não passarão!
Boa viagem, 2009.
Bem vindo 2010.

Anónimo disse...

O leitor anónimo acima, que seguramente deve ter andado a fumar alguma coisa fora do prazo, deveria então explicar aos leitores como é que se ganham eleições num estado policial autoritário, onde os partidos da oposição são impedidos de participar no processo político e os meios de comunicação estão a soldo dos poderes vigentes.

Se as considerações acima não passarem de uma piada de mau gosto, que infelizmente não deve ser o caso, seremos então forçados a admitir que esta versão siloviki da realidade, além de injuriosa, sai bastante cara ao erário público russo. Para lá de ser muito menos hipócrita, seria muito mais barato declararem como oficial a República das Bananas da Rússia em vez de estarem a gastar dinheiro a fingir que os governantes e o parlamento são escolhidos pela população.

António Campos

Dragão Fumegante disse...

António Campos:
quando declarar publicamente a sua cartilha de interesses e consequentes rendimentos, logo lhe explicarei que erva ando a fumar. Até lá, a minha opinião vale tanto quanto a sua. Portanto, reduza-se à sua insignificância e desça do pedestal onde se colocou em bicos de pés, porque pode dar um trambolhão.
And good riddance...

Cristina disse...

Anónimo das 14:17
que deve ser também o Dragão Fumegante
Que tal deixar o confortável e irresponsável anonimato e assinar com o seu verdadeiro nome?
Quem tem determinadas posições públicas deve assumi-las publicamente para não sermos nós a desconfiar de "cartilhas de interesses e consequentes rendimentos" da parte destes anónimos...
Que tal um pouco de coragem?
Cristina Mestre

Pippo disse...

Obrigado, Sérgio, pelo link.

Infelizmente, os autores do estudo voltaram a ignorar o aspecto essencial que é a questão cultural, determinante para a integração de uma sociedade num determinado espaço.

Quando o projecto se destina, por exemplo, a uma aliança defensiva contra uma determinada ameaça comum (ex. NATO), as diferenças são de somenos importância; mas quando o objectivo é criar uma comunidade, então deve haver elementos comuns que nos unam. Não é o caso. É como casarmo-nos com uma mulher com quem não nos identificamos. Não resulta.

Assim, as conclusões dos autores são as mesmas de sempre, aquelas a que já nos habituámos vindas dos defensores da integração. Não falam do mais importante e por isso acertam ao lado do alvo.