Segundo o documento, publicado nas vésperas do 25º aniversário da eleição de Mikhail Gorbatchov para o cargo de Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética (11 de Março de 1985), “são necessários novos impulsos e ações ativas do poder e da sociedade com vista à democratização. Sem isso não se realizarão os planos de modernização do país”.
Os autores do relatório, antigos assessores e conselheiros de Gorbatchov, consideram que a “perestroika”, conjunto de reformas iniciado em 1985 e suspenso na segunda metade de 1991, continua a ser mal vista por parte da população russa devido “às recordações difíceis sobre a desintegração da URSS e às desgraças dos anos 90” (era de Boris Ieltsin), bem como”à interpretação negativa desse fenómeno imposta à sociedade”.
“A desintegração da União Soviética, como assinalou Vladimir Putin, foi “a maior catástrofe geopolítica do século. E uma verdadeira tragédia para os povos da Rússia”, frisam, acrescentando que “a política provocadora de Ieltsin quase levou a que o perigo de desintegração se infiltrasse na Federação da Rússia”.
Os autores do relatório enumeram também as consequências da política de Gorbatchov no mundo, conhecida como “novo pensamento”, que teve como pontos de destaque o desarmanento, a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão, reunificação da Alemanha, etc.
Segundo eles, a presente crise global coloca não só a questão da reavaliação da perestroika, mas torna atuais as suas ideias e valores.
“Não é por acaso que, nos nossos dias, no país se fala da necessidade de uma nova “perestroika””, frisam.
Eles defendem que o presente sistema partidário russo é insuficiente para refltir os anseios da sociedade: a Rússia Unida (do primeiro-ministro Putin) “não é propriamente um partido político” e os outros três partidos não têm perspectivas sérias. A Rússia Justa é “uma criação artificial das cúpulas”, o Partido Comunista é “dogmático” e “etariamente velho” e o Partido Liberal Democrático sobrevive apenas graças à “demagogia desenfreada”.
Os homens de Gortbatchov constatam a necessidade da criação de um partido social-democrático e de um liberal no país.
“Está muito longe da sua materialização um traço importantíssimo da democracia como a divisão de poderes... formou-se um domínio claro do poder executivo em relação aos restantes”, frisam.
“A acumulação de lucros à custa da extracção e exportação de recursos naturais, o seu investimento em ações de bancos estrangeiros não só não protegem de convulsões financeiras, mas conduzem a uma crise ainda mais profunda”, previnem.
Por isso, os autores do relatório consideram que “a perestroika deu início a uma grande causa, deu vida a processos que contêm em si respostas aos desafios do século XXI. As suas lições, um quarto de século depois, continuam atuais.
1 comentário:
Direi que começa a haver necessidade de uma urgente "perestroika" no nosso sistema... será o Obama a fazê-la?
Começo a ver semelhanças a mais entre os EUA de 2009 e a URSS de 2009... mesmo descontando que nos EUA häo muitos bens de consumo nas prateleiras, e eleiçöes livres...
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