O primeiro-ministro russo Vladimir Putin, num prefácio escrito para uma biografia de Boris Ieltsin, considerou “grandiosa” a envergadura das transformações realizadas pelo primeiro Presidente da Rússia.
O livro “Ietsin” foi escrito por Boris Minaev, antigo jornalista da revista Ogoniok, e é publicado na série “Vida de Pessoas Famosas”, uma das mais populares sobre personalidades famosas da história da Rússia e da Humanidade.
A publicação coincide com o 19º aniversário da tentativa de golpe comunista de 1991 com vista a derrubar Mikhail Gorbatchov do cargo de Presidente da União Soviética.
No prefácio, Vladimir Putin escreve que até os mais consequentes adversários são obrigados a reconhecer em Ieltsin qualidades humanas que fazem a honra de qualquer político. Ele chamava a si não só as responsabilidades, mas também os desafios.
O primeiro-ministro russo considera que uma verdadeira avaliação da obra de Ieltsin “não será feita nem por nós, nem talvez pelos nossos filhos”, sublinhando que a envergadura das transformações realizadas nos anos 90 do séc. XX é tão grandiosa que “só o tempo poderá fazer-lhe uma avaliação verdadeira”.
“Claro que nós, contemporâneos, somos tendenciosos face ao que ocorre aos nossos olhos. Eu também não posso olhar objetivamente para Boris Nikolaevitch”, reconhece Putin.
“Ieltsin, depois de dirigir ao povo o seu discurso de despedida, despediu-se de todos... E, quando ia a sair do Kremlin, com o seu andar pesado, parou de repente perto do carro, olhou para mim e disse: “Guardem a Rússia!”, recorda o atual primeiro-ministro russo.
“Estas palavras suas devem ficar para a história, tornar-se a principal recomendação para os que ocupam esse alto cargo (Presidente). Eles podem não a pronunciar em voz alta, mas cada Presidente, ao deixar esse cargo ou ao ser investido nele, deve recordar as palavras de Ieltsin: “Guardem a Rússia!”, conclui.
Serguei Mikheev, vice-presidente do Centro de Tecnologias Políticas da Rússia, considera que Putin escreveu este prefácio, porque não esquece os seus mestres.
10 comentários:
Este deve ser o "post" do verão.
Pode não agradar a muita gente mas Putin mais não é do que uma criação de Ieltsin.
Já no final da sua presidência e num assombro de escassa sobriedade, Ieltsin terá percebido que o "admirável mundo novo" não estava a funcionar e a miséria grassava no seu povo.
Pior: os seus mentores preparavam-se para fazer o assalto final às riquezas da Rússia e retalhar esta às postas.
Como tal terá ido buscar um "ortodoxo" para "guardar a Rússia"
Mas claro, poderá ser só minha divagação.
Cumpts
Manuel Santos
Mesmo depois de morto, Ieltsin devia ser enforcado!
Faltou-lhe escrever como lhe limpou o sebo.
MSantos
Parece que o convite para ser candidato partiu do oligarca Berezovsky, na altura a iminência parda do Kremlin.
Só que depois, o feitiço virou-se contra o feiticeiro e Putin obrigou Berezovsky a ceder-lhe todos os meios de comunicação que detinha e a fugir da Rússia. Ou seja, ninguém imaginava o que seria Putin até este se revelar. Quando se revelou, a surpresa foi tal que milhares de russos ricos foram viver para Londres ou Israel, e lá continuam "até melhores tempos".
A questão que se coloca é, quais desses ricos enriqueceu às suas custas e por conta do seu trabalho? E que mais valias trouxeram para a sociedade russa para ganharem e merecerem essa riqueza?
E que melhores dias poderão ser esses? Os tempos de Ieltsin?
E quais foram as razões que levaram Putin a proceder com Berezovsky da forma como procedeu?
Será mesmo que Ieltsin não conhecia Putin, não sabia donde ele vinha nem o que defendia?
E porque até Gaidar mostrou algum arrependimento e acabou por reconhecer que havia interesses alheios aos russos?
Cumpts
Manuel Santos
Caro Manuel,
Não há dúvidas quanto ao que ocorreu no governo Ieltsin e quanto a Berezovsk, para se encontrar protegido pelo serviUo secreto inglês já não deixa muito espaço para conjecturas.
Abs
Putin foi a eminência parda de Ieltsin. Quando chegou ao poder começou logo por desmontar o edificio peça a peça evitando sempre provocar uma derrocada que o atingi-se. Depois promoveu o nacionalismo Grão-Russo, fez aquela intervenção brutal na Tchetchenia para reanimar o orgulho do povo que andava pelas ruas da amargura. Mais umas encenações de fachada externas e internas. Mas com isso pouco melhorou a situação na Rússia que se continua a desindustrializar perigosamente.
Amanhã se tiver tempo coloco aqui uma opinião de Eric Hobsbawm a esse respeito.
Pessoal,
os oligarcas não devem fazer muita falta à Rússia, mas sim o dinheiro que eles limparam antes de se terem pirado para Londres.
Afinal, quantas escolas poderiam ter sido feitas com o dinheiro que foi gasto no Chelsea.
Ups.. afinal este oligarca até é um dos poucos que sobreviveu ao regime (há até quem especule que ele detinha os cofres do Kremlin).
"Já no final da sua presidência e num assombro de escassa sobriedade", o quê, tinha-se acabado a vodka?
Os oligarcas forneceram o vodka que Ieltsin quis, só assim se justifica que ele tivesse deixado o povo cair na penúria, mesmo morrendo à fome, quando qualquer país se ria da Rússia!!!
Já o Valdemiro, esperto que nem um alho, e que até nem bebe... cedo percebeu que teria de meter de parte quem täo "galhardamente" lhe propös a candidatura. Pois nem mais, porque razäo o MI5 e 6 e 7 protege o Berezovsky täo afincadamente???
Quanto à notícia, concordo, o julgamento histórico de Ieltsin já começou, e o veredicto näo é famoso... mas ainda será pior quando apelarem da sentença!
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