segunda-feira, agosto 30, 2010

Vladimir Putin inaugura oleoduto entre Sibéria Oriental e China


O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, inaugurou hoje o troço do oleoduto Sibéria Oriental-Oceano Pacífico que transportará petróleo até à fronteira da China.


Na cerimónia, que decorreu na região de Amur, no Extremo Oriente russo, Putin afirmou que o seu país realizou a sua parte da ideia do projeto que surgiu há seis anos, sublinhando que falta agora a China terminar a construção do gasoduto.
A parte russa do projeto tem 64 quilómetros de comprimento, enquanto que o oleduto chinês terá um comprimento de 960 quilómetros e deverá estar terminado em finais de Setembro.
O pipe-line irá transportar cerca de 15 milhões de toneladas de petróleo russo por ano e o contrato de fornecimento do combustível foi assinado por um prazo de 20 anos.
Putin sublinhou que este projeto não prevê apenas o fornecimento de matéria-prima para a China, mas “constitui um projeto multilateral que reforçará a nossa interação energética”.
“Os parceiros chineses participam na extração de petróleo no território da Rússia e empresas russas são acionistas de refinarias e de redes de distribuição na China”, precisou.
“Este é um projeto importante para nós, porque diversificamos os fornecimentos da nossa matéria-prima estratégica. Até agora os fornecimentos fundamentais eram realizados para a Europa... Era pouca a quantidade que ia para a Região Asiática do Pacífico”, acrescentou.
Segundo ele, com a inauguração deste troço, “iremos transportar até às costas do Pacífico 30 milhões de toneladas de petróleo por ano e, depois do seu alargamento, 50 milhões de toneladas”.
Putin sublinhou também que a cooperação com a China não se reduz apenas ao fornecimento de petróleo, mas também engloba as esferas do fornecimento de armamentos e da energia nuclear.
O primeiro-ministro russo concluiu frisando que este projeto constitui um grande contributo para o desenvolvimento económico e social do Extremo Oriente da Rússia.

9 comentários:

Cristina disse...

Para termos uma ideia da grandeza deste empreendimento, apenas uma pequena adenda à informação. A extensão deste troço para a China (64 km) é apenas uma pequena parte do oleoduto que, no total, tem cerca de 4.000 km de comprimento.
Na primeira fase foi construída a ligação de 2.694 km entre as localidades de Taichet e Skovorodino. A segunda fase abrange o troço desde Skovorodino até ao terminal de Kozminó, em Primorie, na costa do Pacífico.

PortugueseMan disse...

E quem tem mais razão para preocupações com este oleoduto é a Europa.

Se na imprensa se reclama que a Europa necessita de diversificar as suas fontes de energia, a Rússia está a tratar da sua parte, a diversificar a sua carteira de clientes.

Jest nas Wielu disse...

Anna Politkovskaia faria hoje 52 anos. O Mundo perdeu uma pessoa íntegra, Rússia perdeu uma jornalista profissional, Ucrânia perdeu uma filha.

Recordou:
http://viking-nord.livejournal.com/5611322.html

Pippo disse...

A questão que agora se levanta é saber, doravante, qual será o poder negocial europeu na questão energética face à Rússia.

Como salientou, e bem, o PM, Moscovo diversificou a oferta. Mas um dos pontos mais notáveis é que a Rússia está a passar de mera fornecedora a investidora. E como, faça a China o que fizer, ela irá sempre precisar de energia, os lucros potenciais serão sempre enormes.

MSantos disse...

A Rússia terá todo o interesse em ser um fornecedor de peso significativo da China pois tornará esta sua dependente, dissuadindo quaisquer eventuais sonhos de expansão.

São exactamente estes os exemplos de quando o mercado e as transações comerciais entre países têm um papel muito positivo.

Cumpts
Manuel Santos

Nuno B. disse...

Alguns pontos para discussão:

-Diversificação:
não será este projecto uma resposta Russa às tentativas da UE de diversificar os seus fornecedores?
(p.ex. Nabuco, também conhecido como "o encalhado").

-(In)dependências:
não será este projecto um factor que vem reforçar a segurança energética chinesa contra possíveis problemas no Medio-Oriente?

- Armamento/contrapartidas:
Estará a Rússia à procura de algo mais do que apenas divisas? Por enquanto, ainda dispõe de um avanço militar sobre a China.

Não será a China a mais interessada numa cooperação militar com a Rússia de modo a ter acesso a tecnologia de ponta?

- Defesa e comércio:
Como é que a Rússia vai resolver a seguinte questão: como exportar material militar mais complexo para a China sem o perigo desta o copiar ou se armar perigosamente?

Neste assunto, recomendo a leitura da tese da OGaranina, em francês.

MSantos disse...

"Como é que a Rússia vai resolver a seguinte questão: como exportar material militar mais complexo para a China sem o perigo desta o copiar ou se armar perigosamente?"

Provavelmente esta "torneira" já terá fechado essencialmente por duas razões:

- O factor cópia, tão caractrístico dos chineses, nomeadamente no caso do caça SU-27 incluindo a versão naval

- A crescente dimensão militar chinesa que poderá se tornar ameaçadora para a Rússia em virtude de todas aquelas matérias primas à mão de semear no norte adjacente siberiano.

Pessoalmente acredito que as vendas de material militar poderão prosseguir mas envolverá equipamentos mais simples e sem tecnologia de ponta.

Cumpts
Manuel Santos

Nuno B. disse...

Caro MSantos,

Apesar de concordar consigo, apenas pergunto se a China já não produzirá, a mais baixo custo, esse material militar menos complexo que a Rússia está interessada em lhe vender?

Cumprimentos,
Nuno.

MSantos disse...

Caro Nuno

O submarino russo classe KILO apesar de ser uma arma capaz e moderna não é a última palavra em tecnologia.

A China não consegue copiá-los e o principal alvo desta arma é...a frota americana.

E até eventualmente fragatas e corvetas.

Outro exemplo é que será possível a Rússia vender o caça já antigo mas ainda eficaz MIG-29. Mas nunca venderá o PAK-FA.

Estamos a falar de armamentos que ficam mais ou menos no meio.

Cumpts
Manuel Santos