sexta-feira, outubro 29, 2010

Russos e norte-americanos realizam primeira operação conjunta contra narcotraficantes no Afeganistão

A Rússia e os Estados Unidos realizaram, pela primeira vez na história, uma operação conjunta contra o tráfico de drogas no Afeganistão, tendo destruído quatro laboratórios, anunciou Victor Ivanov, diretor do Serviço Federal do Controlo de Drogas da Rússia (FSKN).
Segundo ele, a operação provocou um prejuízo aos traficantes de mais de mil milhões de dólares, tendo sido confiscado heroína para 200 milhões de doses.
Ivanov precisou que a operação russo-americana com vista à destruição de laboratórios de droga foi realizada a poucos quilómetros da fronteira do Paquistão, tendo participado nela agentes do FSKN, do Ministério do Interior do Afeganistão e tropas especiais norte-americanas.
Na operação participaram 70 homens, quatro dos quais funcionários do FSKN. Dois estiveram no campo das operações e dois garantiram o apoio informativo”, disse ele.
Segundo o funcionário russo, “os traficantes de droga afegãos não poderão responder de forma considerável às forças da coligação e aos órgãos de segurança afegãos depois da destruição dos laboratórios de heroína e morfina”.
Victor Ivanov revelou também que Moscovo estuda a possibilidade de enviar para o Afeganistão mais polícias de combate à droga.
“Enviámos o pedido de envio para lá de mais funcionários do FSKN, que poderiam estudar a situação no local”, declarou ele, acrescentando que “se trata de trabalho de polícias russos de combate ao tráfico de droga nos centros de análise da situação no Afeganistão, criados pelos americanos”.
O diretor do FSKN sublinhou que Moscovo está interessado na posterior cooperação com os norte-americanos, sublinhando que dispõe de informação sobre laboratórios noutras regiões do Afeganistão, onde se produzem 65 por cento do ópio.
Segundo a ONU, no Afeganistão fabrica-se 90 por cento de toda a heroína consumida no mundo, fabricada a partir de ópio.
Esta operação provocou receios quanto à possibilidade de Moscovo enviar tropas para o Afeganistão.
“Para a maioria dos russos, a guerra afegã é uma página mais trágica do que gloriosa e a ideia do envio de tropas para o Afeganistão não deverá ter grande apoio social”, declarou aos jornalistas Mikhail Marguelov, senador russo.
Ruslan Auchev, general na reserva que combateu no Afeganistão, manifesta-se contra o envio de tropas e defende o reforço das fronteiras das antigas repúblicas da URSS com o Afeganistão.
O deputado Franz Klintzevitch, que dirige também a União dos Veteranos do Afeganistão da Rússia, considera que “só as tropas russas conseguiriam impôr a ordem no Afeganistão”, mas está contra o seu envio.
“As tropas da NATO devem pôr fim à ameaça do tráfico de droga, utilizando a experiência russa no Afeganistão”, frisou.

P.S. Apenas deixo uma pergunta: será que estou condenado a ver novamente o envio por Moscovo de "um contingente militar limitado" para o Afeganistão, com todas as suas consequências?

2 comentários:

Anónimo disse...

Sei que o comentário que vou deixar não é pertinente tendo em conta a notícia, mas alguém me sabe dizer onde se pode aprender russo no Porto?

Carla

Pippo disse...

Duvido, JM. Não é do interesse de Moscovo enviar tropas para o Afeganistão, precisamente pelas razões já apontadas.
Contudo, seria desejável uma cooperação ao nível do combate ao narcotráfico, mas confesso que não estava à espera de uma operação conjunta com um êxito tão assinalável. Os russos devem conhecer bastante bem as redes de fornecedores de drogas que passam através do Tajiquistão, e os norte-americanos sabem perfeitamente "quem é quem" na produção de droga afegã (inclusive, sabem quem eles são mas não lhes tocam porque motivos políticos, tal como o faziam no Laos, por exemplo).

Não deixei de reparar na afrmação “só as tropas russas conseguiriam impôr a ordem no Afeganistão”, o que vem por em causa a estratégi e as regras de empenhamento das tropas da NATO, as quais são comprometidas por actuações mais musculadas por parte de alguns elementos das FA norte-americanas, conforme se constata neste artigo do CSMonitor:

http://www.csmonitor.com/USA/Military/2010/1028/Pentagon-had-red-flags-about-command-climate-in-kill-team-Stryker-brigade