O documento conjunto que deverá sair da cimeira Rússia-NATO, a realizar a 20 de Novembro em Lisboa, ainda não está pronto, por falta de acordo sobre ameaça dos mísseis, declarou hoje Dmitri Rogozin, embaixador russo junto da Aliança Atlântica.
“No campo das ameaças comuns há cinco pontos: terrorismo internacional, Afeganistão, pirataria, defesa de infraestruturas vitalmente importantes e não difusão de armas de destruição massiva, incluindo mísseis”, disse em entrevista ao diário Kommersant.
Segundo Rogozin, não há acordo ainda sobre os mísseis, estando a ser feito um esforço por peritos russos e da Aliança com vista a conseguir um acordo antes da cimeira.
“Ou conseguir um acordo sobre esse ponto e resolver as contradições, ou fixar as posições das partes tal como são. Isso é também um resultado”, frisou.
O embaixador russo precisou que a principal divergência consiste em que a Rússia, ao contrário da NATO, “não tenciona nomear um inimigo”, frisando que “estamos categoricamente contra a demonização de um qualquer país e consideramos que o sistema de defesa antimíssil deve ser adequado ao objetivo”.
“Pensamos que esse sistema deve intercetar mísseis de curto e médio alcance, o que implica a limitação geográfica da instalação, à zona dos riscos. O sistema não deve ter a possibilidade de abater mísseis balísticos intercontinentais. E por último, deve limitar o número de mísseis de interceção”, acrescentou.
Rogozin diz que Moscovo esbarra com a posição dos americanos que dizem não aos três pontos citados.
O diplomata russo considera que a nova doutrina da NATO irá conciliar duas vertentes: a garantia de segurança aos novos países da NATO, mas sem citar a Rússia como ameaça, e a presença em toda a parte para neutralizar as ameaças ao Ocidente a longa distância.
“Mas há uma condição clara que iremos defender: A NATO deve acordar com a ONU e ter um mandato do Conselho de Segurança dessa organização antes de empregar a força física dura”, considera ele.
Rogozin não exclui a possibilidade de em Lisboa se assinarem acordos sobre o fornecimento de helicópteros russos ao Afeganistão e sobre o trânsito de mercadorias desse país para a Europa através do território russo na altura da retirada das tropas da NATO, mas frisa que a conclusão do segundo só terá lugar se “o trânsito não for utilizado para aumentar a entrada de heroína na Rússia”.
Por isso, defendeu a necessidade de controlo pelas autoridades policiais e alfandegárias russas dos comboios que saírem do Afeganistão rumo à Europa.
Quanto à proposta russa feita à Aliança sobre a redução de tropas estrangeiras nos países que fizeram parte da última onda de alargamento da NATO, Rogozin prevê dificuldades, pois os americanos, como compensação, exigem a retirada das tropas russas da Ossétia do Sul e da Abkházia, territórios seperatistas da Geórgia.
“Se conseguirmos explicar aos nossos parceiros que não podemos aceitar isso e compreenderem que esse é o “traço vermelho” que não podemos pisar, então começarão conversações sobre a redução de tropas”, concluiu.
Sem comentários:
Enviar um comentário