Texto escrito e enviado pelo leitor António Campos:
O final da Segunda Guerra Mundial trouxe esperança para muitos. Assistia-se ao fim dos impérios e os ideais dos direitos humanos aparentavam estar a consolidar-se com a promulgação da Declaração Universal dos Direitos do Homem em Assembleia Geral da ONU no dia 10 de Dezembro de 1948 Até uma grande parte dos soldados do Exército Vermelho alimentava essa esperança. Após as carnificinas internas dos anos 30 e sua experiência no Ocidente durante os combates, sentiam que os profundos sacrifícios que estavam a fazer teriam necessariamente que resultar num mundo melhor para todos. Até para eles próprios.
Pelo menos do lado ocidental, o pós-guerra trouxe para muitos essa convicção, assim como evidências de que o mundo caminharia mais cedo ou mais tarde para um conjunto de estados de direito a coexistir pacificamente, e onde os direitos dos indivíduos suportados por um sociedade civil sólida e vigilante se sobreporiam ao que o historiador anarquista francês Daniel Guérin, na sua obra de 1938 “Fascismo e Grande Capital” previra já nessa altura: o domínio do corporativismo sobre os interesses da população em geral, que em naquela altura se costumava designar por “classes trabalhadoras”.
A guerra no Iraque, a crise financeira, o reinado Bush e, last but not least, o fenómeno Wikileaks, chamaram a atenção dos mais distraídos para o facto de as coisas não estarem a evoluir exactamente assim. Fomo-nos habituando a dar, impávidos, em muitas partes do mundo, com regimes que à primeira vista são democracias defensoras da universalidade dos direitos humanos mas que ao memso tempo apoiam regimes autoritários ou ditatoriais, em nome da estabilidade geopolítica e dos seus interesses empresariais. Para além dos exemplos que são sobejamente conhecidos, causará certamente surpresa aos leitores que, segundo os autores Alberto Sabio e Nicolas Sartorins, no seu livro “El Final de la Dictatura”, os Estados Unidos procuraram dificultar a transição de Franco para uma democracia, uma vez que consideravam, desde Eisenhower, que aquele protegia melhor os seus interesses do que um estado democrático. Aliás, o primeiro governo monárquico espanhol, liderado por Carlos Arias Navarro, político de carreira próximo de Franco, encabeçava um executivo de ministros com ligações estreitas aos interesses económicos e militares americanos, tais como o ministro dos negócios estrangeiros, José Maria de Areilza, ligado aos grupos Rockefeller e ao Chase Manhattan Bank, ou o vice-presidente do governo, Alfonso Osorio, antigo presidente da filial da Exxon em Espanha. Ambos também ex-embaixadores nos Estados Unidos. O governo de Navarro rivalizou com o regime de Franco na repressão e nos assassinatos políticos, bem como nas violações dos direitos humanos, o que não pareceu preocupar grandemente os Estados Unidos. Talvez este episódio esquecido sirva para justificar que, da totalidade dos países da Europa Ocidental, a população espanhola continue a ser a mais hostil aos objectivos da política externa americana.
E Portugal? Saído de uma das mais longas ditaduras repressivas da Europa que atrasou o desenvolviento do país durante décadas impossíveis de contabilizar, e palco de uma revolução caótica lentamente consolidada numa democracia parlamentar, assistiu impotente (mas não sem o condenar publicamente) ao conluio entre os Estados Unidos e a Austrália para legitimar a anexação de Timor-Leste pela Indonésia, que resultou numa das maiores tragédias humanas desde a Segunda Guerra Mundial. Quem não se lembra da mobilização humana nacional (o cordão “Portugal Por Timor” em Setembro de 1999?) que pressionou a que as Nações Unidas promovessem um referendo para a independência, após o massacre do cemitério de Santa Cruz? Por outro lado, signatário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, Portugal é membro da OSCE, uma organização que se empenha em promover a democracia e o liberalismo económico na Europa e já presidiu a essa organização. Portugal possui um Observatório dos Direitos Humanos. A resolução do Conselho de Ministros português nº 27/2010 menciona expressamente: “O ordenamento jurídico português funda -se no valor do respeito pelos direitos humanos e consagra um conjunto de direitos, liberdades e garantias individuais, estreitamente ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana”. Presume-se que aspire tais coisas para o mundo inteiro e não só para a população portuguesa.
Em geral, os portugueses, à excepção do ocasional e serôdio saudosismo de Salazar, causado pelo desnorte e incompetência das instituições políticas actuais, são fervorosos defensores dos direitos humanos e têm-nos como dado adquirido. Mas tal exemplo parece não estar a ser seguido pelos seus governantes em matéria de política externa. Obcecados em mendigar parcerias e oportunidades de negócio com quem der mais e mandando no processo o paleio humanista às urtigas, fazem por exemplo vista grossa sobre a violência do regime de Chávez em troca de negócios como a exportação da anedota chamada Magalhães, a ampliação do porto de Caracas, os inúmeros projectos imobiliários concedidos a construtoras portuguesas e as parcerias com a Galp. Para Chávez, obviamente, Sócrates é um “homem bom”. E Sócrates sorri em troca.
Mas a aparente surpresa surgiu que nem uma bomba no site oposicionista bielorrusso charter97, que refere que Portugal, ao contrário da maioria dos membros da União Europeia, que actualmente se concerta para estabelecer um conjunto de sanções contra o regime de Lukashenka após a violenta repressão pós-eleitoral de Dezembro último, está a tentar bloquear o processo. Segundo o site “até a Itália foi forçada a fazer concessões no sentido de manter uma posição europeia comum”. Estranhamente, já em 2002, o estado português, então a assumir a presidência da OSCE, decidiu não acatar uma resolução de uma sessão de ministros de negócios estrangeiros europeus, apoiada por 14 países, de negar a emissão de visto de entrada a Lukashenka.
Porquê esta resistência a uma iniciativa que, do ponto de vista da defesa dos direitos humanos parece óbvia? Seguindo a lógica venezuelana, não parece muito difícil entender. Em 18 de Novembro de 2008, Luis Amado e o seu homólogo russo Sergei Lavrov encontravam-se no sentido de “aprofundar relações bilaterais, intensificando o diálogo político e a relação económica e comercial”. Alguns resultados desse estreitamento foram os contratos para a construção de um complexo turístico e comercial chamado “Caravela Portuguesa” em Sochi, e a construção de uma petroquímica russa em Portugal.
Em texto que publiquei neste blogue há uns meses, chamei a atenção para a facilidade com que a Rússia consegue comprar políticos e empresários europeus, retalhando a frágil coesão europeia para fazer valer os seus objectivos expansionistas. Lukashenka deve agora, em grande medida, a sua permanência no poder ao Kremlin, que acaba de assinar uma série de acordos bilaterais com o país, tornando-o num protectorado de facto do seu vizinho autoritário. O objectivo agora, a nível de política externa russa, parece ser exercer pressão política sobre os elos mais fracos da cadeia (note-se que a Espanha, também em sérias dificuldades económicas, está também reticente em embarcar no comboio das sanções), obtendo alavancagem política a troco de negócios ou, quem sabe, compra de dívida soberana a preço de saldo.
Por mais cínicas que se tenham tornado as relações internacionais e por mais ocas que se tenham tornado as patranhas dos governantes mundiais para os noticiários em matéria de direitos humanos, gorando quase todas as esperanças do mundo do pós-guerra, tenho a certeza que a população portuguesa em geral, se devidamente informada destas posições, nunca compreenderia nem apoiaria este descalabro. Não o fez em relação a Timor. É dever de todos nós, enquanto elementos da sociedade civil, divulgar esta posição vergonhosa e, em nome do que defendemos e do que o nosso governo alega defender, para darmos o nosso constributo para que a Europa se transforme num continente que sirva de exemplo de civismo e democracia para todo o mundo, e não uma marionete manipulada pelos megalómanos expansionistas do Kremlin. Por mais Magalhães que fiquem por impingir.
18 comentários:
António Campos, quando dizes que caso os portugueses conhecessem estas posições não compreenderiam, fazendo analogia com o caso de Timor, isso seria bom, mas a situação de Timor foi alavancada com as imagens do massacre do cemitério de Santa Cruz e sem imagens não há notícias, tal como no Darfur, que ganhou dimensão mediática, fazendo as pessoas pensar no que estava a acontecer, com a campanha de George Clooney.
JF
Uma vergonha de facto. No domingo poderemos ajudar a expulsar esta corja que nunca devia ter governado.
Um artigo deveras interessante sem dúvida.
No entanto parece-me um pouco fantasiosa a ideia de que o Kremlin querer lançar os seu tentáculos para minar a EU.
Está tudo bem se estivermos sob influência dos USA mas se for de alguma forma do Kremlin ai jesus .....
É engraçado este furor anti Kremlin do nosso A. Campos.
Os EUA dividiram a EU-ropa na questão do Kosovo e do Iraque, chegando até a classificar de "hostis" os países que não embarcassem na loucura expansionista norte-americana ("you're either with us or against us");
Os EUA querem impingir à EU-ropa uma Turquia cada vez mais islamizada e que (só um cego não o vê!) não tem cultura europeia;
Os EUA usaram a "Nova Europa" contra a "Velha Europa";
Os EUA têm um "agent provocateur" na figura do RU, que obedece fiel e caninamente ao seu dono;
OS EUA PROVOCARAM ESTA CRISE ECONÓMICA QUE ESTÁ A ESMAGAR A UNIÃO EUROPEIA!
E os nossos governantes, de Lisboa a Varsóvia, decidem o nosso futuro nas nossas costas, reduzem-nos os salários, usam os nossos impostos para suportar bancos falidos, decidem aprovar Tratados de Lisboa sem recorrer aos prometidos referendos...
E vem o A. Campos, do alto da sua "moralidade", dizer que nós, portugueses, em nome dos "Direitos Humanos" (de quais humanos, pode-se saber?), devemos dar o nosso "contributo" para que a Europa se transforme num "exemplo de civismo e democracia" (onde?), e tudo isso porquê?
Porque "não podemos ser marionetes manipuladas pelos bichos-papões do Kremlin"!!!
Acho curiosa essa postura, a do homem que chora de pesar pela dor de dentes da prima distante, enquanto na sala ao lado lhe violam a filha...
Ah, e já agora, vergonha, mas mesmo vergonha, é andar a comparar uma ditadura que prende opositores políticos com a ocupação indonésia de Timor Leste, um genocídio que MATOU - repito, MATOU - DUZENTAS MIL pessoas (um terço da população DO TERRITÓRIO!)!
Já nem vale a pena comentar a imbecilidade do texto no qual o autor acha que não temos mais nada para fazer do que nos insurgirmos por causa de questões pífias das relações externas (de facto, não temos mais nada com que nos preocupar!), mas fico-me simplesmente pela crítica ao cinismo oportunista que leva um homem, pretensamente bem informado, a comparar o incomparável.
E a seguir, virá o quê? Comparamos o Regime de Chavez ao Holocausto?
Nem de propósito, um artigo que "mostra o rabinho" destes "grandes sábios" e donos da verdade que mesmo com mudanças subtis de discurso já não enganam ninguém:
http://easterneuropewatch.blogspot.com/2011/01/belarus-compared-with-latvia.html
Cumpts
Manuel Santos
Caro Dr Milhazes,
Dê uma olhada:
http://dementia.pt/a-mansao-de-
vladimir-putin/
http://globalvoicesonline.org/
2011/01/20/russia-putins-palace-
exposed-on-ruleaks/
Será especulação ou realidade que esta mansão seria de Vladimir Putin?
Cpmts
J. Henrique
Caro J. Henrique, estou ao corrente desse caso, mas, como deve imaginar, é difícil dizer onde está a verdade, porque duvido que o palácio esteja no nome do Sr. Putin, mesmo que seja dele.
Caro JF, é absolutamente verdade. O blackout informativo foi tamanho que até as antenas dos telemóveis na praça onde ocorreram as manifestações foram desligadas. No entanto, a estação Euronews deu alguma cobertura, que foi, ao que parece, e de acordo com comentários que apanhei no Facebook e entre conhecidos, largamente ignorada, a não ser por alguns fiéis seguidores da realidade daquelas bandas.
Caro Pedro, não queira estar nunca sob a “esfera de influência” do governo russo e reze para que os americanos vão ficando por cá, com mesmo todos os defeitos que têm. Garanto-lhe que se um dia esse for o caso, terá razões de sobra para dizer mesmo o tal “ai jesus”. E muitas vezes.
Quanto aos habituais marretas, é mais do mesmo, embora tenha sabido bem dar umas gargalhadas sonoras numa sexta-feira à tarde a ler as suas momices, que por acaso hoje até foram engraçadas. Uma variação agradável das estopadas habituais que vão insistindo em postar para nos maçarem até à náusea. Vendo bem a coisa, talvez este blogue tivesse menos piada se não existissem bobos da corte para nos pôr bem dispostos de vez em quando, já que a maioria dos assuntos acaba por ser séria.
António Campos
Os “artigos” do Karl Naylor são também muito engraçados, porque ele gosta, como algumas pessoas, de invocar copiosamente o fantasma”neoliberal”, que aparentemente serve para explicar tudo (é uma espécie de “deus criador” de desigualdades, mas ninguém percebe bem porquê. Nem interessa que se perceba, claro). Com papas, bolos e superficialidades não explicadas é que se enganam os tolos. E por aqui já sabemos que desses há de sobra. Se não fosse tão desonesto, era caso para mais umas risadas.
Toda a gente que segue assuntos relacionados com a economia sabe que os crescimentos económicos acelerados até 2006 dos estados bálticos, especialmente a Letónia, se deveram a um enorme consumo privado alimentado por uma bolha imobiliária com sobrevalorização após sobrevalorização, ao mesmo tempo que o governo se resolvia endividar até ao pescoço com biliões que, em vez de apoiarem a consolidação do tecido produtivo, foram parar às mãos erradas, uma vez que o país continua a ter uma das mais altas taxas de corrupção de toda a Europa (lá temos de novo a herança russa). A “economia real” da Letonia era pobre e continuou pobre ao longo do crescimento desenfreado e subsequente queda a pique do seu PIB. Estes factores são mais do que suficientes pra explicar o que lá se passou. Mais nada.
Chamar “modelo neoliberal” a uma gestão governamental desastrosa e corrupta das contas públicas, desprezando ao mesmo tempo a consolidação orçamental, a supervisão dos riscos bancários e o incentivo ao investimento produtivo é não só puramente falso como intelectualmente desonesto.
O “autor” também se esquece de referir que a economia bielorrussa é totalmente dependente da importação de hidrocarbonetos russos a preços preferenciais e reexportação dos mesmos a preços de mercado, Ou seja, a sua “economia real” é tão ou mais fraca do que a da Letónia. E nem os famosos tractores e as batatas a safam. Tendo em conta que 80% da economia está nas mãos do estado, a manutenção do “pleno emprego” (ainda que com salários miseráveis) mesmo que tenhamos a IMENSA boa vontade de levar a sério as estatisticas oficiais, que em estados totalitários têm mais objectivos propagandísticos do que de gestão, é uma manobra política e nunca, de forma alguma, um reflexo da robustez da sua economia. A verdade nua e crua é que a economia bielorrussa está totalmente subsidiodependente da “boa vontade” russa e se esta um dia resolver fechar a torneira, o país torna-se economicamente inviável e lá se vai o tal “pleno emprego” pelo esgoto abaixo.
Em resumo, se o leitor estiver interessado em factos, é melhor procurar outras fontes que não o charlatão do Karl Naylor e os seus acólitos portugueses ou de outras paragens.
António Campos
MSantos, o seu comentário é mesmo... espera lá, qual é a palavra? ... ah, imbecil!
Então não vê que o artigo no seu link contraria a visão oficial espelhada no The Economist?
Tststs, deveria ter vergonha!
:o)
Antonio,
Seu artigo começou bem, porém no final volta ao posicionamento contra a Rússia. Infelizmente a Europa é manipulada há quase 66 anos pelos Estados Unidos e não existe melhor comprovação deste fato do que as bases militares deste país fincadas no continente europeu. De resto as atitudes submissas e concordantes das nações componentes da aliança atlântica, às vontades e transgressões engendradas pelo império de casas de madeira.
Grande abraço,
Caro Wandard, você tem inteiramente razão quando diz que a influência/interferência norte-americana no mundo é excessiva e em muitos casos indesejável. No entanto, não impediu o desenvolvimento económico da Europa, e tanto esta como os Estados Unidos continuam a possuir as economias mais fortes e mais livres no mundo. Pelo contrário, a influência de um regime de extrema-direita corrupto, violento, cleptocrático, expansionista e com paranóias messiânicas na Europa seria um gigantesco passo atrás nos aspectos económicos, sociais e de segurança e, especialmente, das liberdades individuais e da sociedade civil, a qual é a nossa única linha de defesa contra os abusos do poder. Porque sabemos que quem adquire poder tem sempre uma tendência humana para abusar dele.
Entre dois males, é sempre preferível ficar pelo menor. E neste caso, não há qualquer dúvida sobre saber qual é.
António Campos
Caríssimo
Tem toda a razão.
Eu aqui a contrariar a "bíblia".
Sou mesmo um herege. ;)
Ainda por cima com os "fantasmas neoliberais" que não existem, descurando essas verdadeiras ameaças muito actuais do comunismo e socialismo que nos ameaçam os empregos.
Além claro de não prestar reverência a esse país, nosso modelo, que se preocupa tanto conosco, tão cioso da nossa "liberdade" e "democracia" que até exige os nossos dados biométricos.
Cumpts
Manuel Santos
Quanto a Karl Naylor, a verdadeira tragédia é ser apenas um blogger, assim como os que são da sua opinião ficam sempre de fora pois os que têm visão contrária estão nos principais orgãos de informação ocidentais, mascarados de "idóneos e rigorosos jornalistas" moldando a carneirada para que esta vá aguentando tudo e não venha para a rua pegar e paus e pedras.
Quem lucra com tudo isto paga-lhes muito bem.
Cumpts
Manuel Santos
Caro Antonio,
Conforme o que você disse " No entanto, não impediu o desenvolvimento económico da Europa, e tanto esta como os Estados Unidos continuam a possuir as economias mais fortes e mais livres no mundo", concordo plenamente, porém sempre divergiremos em nossas discussões construtivas quando o agente do processo for esta nação, pois apesar da descendência européia sou brasileiro, portanto pertencente a uma entre as dezenas de nações que sofreram e ainda sofrem com a interferência, intransigência, manipulações e maquinações do imprério de casas de madeira. Infelizmente a maior parte da população do meu país foi eximida do acesso a informações referentes ao que de fato ocorria dentro da máquina governamental e conduzida por todas as gerações de governantes desde antes da formação do império a se tornar um povo não politizado. Hoje temos uma geração que tem acesso mais amplo à formação de nível superior mas infelizmente uma geração formatada pelo que foi construído durante 46 anos da influência americana em virtude da guerra fria, já que esta "oficialmente" deixou de existir em 1991 com o desmantelamento da União Soviética.
Os militares saíram do poder em 1985 e desde então trilhamos o caminho para o atual "regime democrático" e neste processo inúmeras empresas nacionais foram consumidas pelo capital estrangeiro, e as poucas com capacidade tecnológica, sucumbiram por falta de apoio do governo, o que nunca foi conseguido pelos americanos durante os anos da ditadura militar, foi obtido com o "regime democrático" e entre inúmeras perdas como um considerável complexo de indústrias militares, temos hoje também, uma incômoda base americana em nosso território, nossas forças armadas estagnaram em um processo depreciativo tendo seu maior expoente vergonhoso na ciranda do famigerado "Projeto FX" e enquanto isso, como representantes de uma economia "emergente" não temos realmente nenhuma capacidade de defesa para um país de território tão extenso. Citei exemplos do meu país, mas seria totalmente egoísta se deixar de levar em consideração o que sofreram e ainda sofrem muitas outras nações, vítimas da política americana, que não tiveram a oportunidade de se desenvolverem economicamente como a europa pois tornaram-se as colonias para extração de recursos naturais e humanos para o provimento deste desenvolvimento.
A Rússia está muito longe de ser canonizada, a formação do império russo se fez á custa de guerras, invasões e expansão territorial, nada diferente do que foi empreendido pelos impérios europeus, e muito menos pelo que os, "Norte Americanos" fizeram e ainda fazem, a diferença é que este último foi fundado como uma democracia, com a cantilena da liberdade e crítico dos impérios europeus e moldou a sua formação territorial à custa do extermínio das nações indígenas e do roubo de território mexicano inicialmente e posteriormente com a invasão e implantação de regimes ditatoriais na América
Central e no Pacífico. Mesmo após o fim da União Soviética os Estados Unidos e seus aliados europeus não pararam com seu expansionismo, visando os recursos naturais do antigo espaço soviético e neste período de cerca de dez anos o mundo viu a realidade e o perigo que representava a existência de uma única nação hegemônica como ocorrera no passado com Roma. Felizmente a Rússia renasceu, cheia de problemas, erros, e deficiências, muitas que se confundem com sus própria história, mas renasceu. O império americano já mostra sua exaustão, gerada por sua política massiva, a Europa sofre juntamente com este pela sua conivência e aliança e a vingança dos derrotados do passado vai avançando, já não tão silenciosamente como antes, porém ainda não com um ruído tão audível, mas projetando o estrondo futuro que fará todos acordarem para a realidade presente, resultante das ações do passado.
Grande abraço,
Pippo e MSantos, vós näo haveis entendido nada. Os que os senhores do Economist querem concluir é "já viram que com economia centralizada a Bielorrússia cresceu tanto em tempo de crise? agora imaginem se naquele país fossem implementadas as sãs medidas austeritárias como na Letónia, quiçá ultrapassariam a Noruega em PIB/capita!!!".
...
Ou entäo, näo! :o)
O que se conclui da situaçäo é de que na Letónia quem está mal, muda-se. Ficam os que gostam da austeridade. E que claro, a sufragam na urnas depois. É justo.
E näo é bom ter gente de outras culturas a vir para lá? Ajuda ao multiculturalismo...
A Letónia e a Estónia devem ser os únicos países do mundo onde o Estado e o Governo prestam homenagem aos veteranos das Waffen SS e do conhecido Batalhão Narwa. Corpos de voluntários que integravam as divisões da tropa de elite nazi e que se dedicavam, entre outras coisas, ao extermínio de judeus, muitos deles na Bielorússia. Mas para a Comissão Europeia isto não tem significado...
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