Texto que me foi enviado pelos amigos de Eduardo Guedes, correspondente do JN em Moscovo recentemente falecido. Perdi um amigo e camarada.
Adeus, Eduardo! Obrigado!
O Eduardo é o segundo de seis irmãos, numa família cristã e muito unida do Estoril. Era um tipo que gostava muito de fazer desporto, de jogar ténis, e era também um aluno brilhante.
Em 1968, quando tinha 14 anos, conheceu o Movimento dos Focolares. Ficou logo muito tocado com aquela experiência de viver como os primeiros cristãos. A sua adesão foi imediata e inseriu-se no Movimento Gen que estava a nascer naquela altura e tornou-se o primeiro gen português. Desde logo se juntaram outros jovens a quem ele deu a conhecer esta vida e que acompanhava com muito zelo.
Aos 16 anos sentiu o chamamento de Deus para ser um focolarino e respondeu com decisão. Dois anos depois deixou tudo e foi para Loppiano, em Itália para a escola dos Focolarinos.
Em 1975 veio para Portugal e esteve durante 15 anos em vários focolares: Lisboa, Coimbra e Porto.
Em 1991 foi para a Rússia com mais 4 focolarinos para abrir um focolar naquele país. Durante estes 20 anos semeou o Ideal da Unidade em muitos pontos daquele enorme território. Trabalhou sem tréguas, com uma grande abertura ao diálogo com os ortodoxos. A sua generosidade e humildade foram muito apreciadas pelo povo russo que se sentiu realmente amado por ele, como demonstram as muitas e significativas mensagens que lhe mandaram ultimamente.
Deu um testemunho fortíssimo com a sua transparência, equilíbrio, sobriedade e integridade. Nunca julgava ninguém e sabia ser paciente com todos. Embora fosse co-responsável por uma zona enorme, o seu amor era silencioso porque estava concentrado em Deus. Tinha um amor forte e radical por Jesus Abandonado por isso nada o perturbava.
Trabalhava como jornalista e escrevia artigos científicos e de actualidade para vários jornais, porque aprendeu o russo perfeitamente. Descrevia com coragem a verdade da realidade russa, mas com delicadeza de explicar um mundo muito desconhecido. Segundo o testemunho de um jornalista italiano, Michele Zanzuchi, as suas entrevistas eram mais de silêncio do que de palavras, na certeza que o mais importante era deixar o entrevistado exprimir-se livremente. Era um exemplo de seriedade profissional e humana.
Em Novembro foi-lhe diagnosticado um tumor maligno. O Eduardo aceitou com serenidade, embora consciente da gravidade. Entregou-se nas mãos de Deus num Sim total à Vontade de Deus. Quando veio para Portugal para fazer alguns tratamentos, despojou-se totalmente da Rússia e em 3 dias deixou tudo em ordem.
A Emaús, presidente do Movimento, escreveu-lhe a 15 de Dezembro: “Repetindo «por Ti Jesus» em cada momento presente, terás a graça de viver aquilo que Deus te pede, construindo a tua santidade e o «que todos sejam um»”. E o Eduardo respondeu-lhe: “A tua carta é como um farol que me ajuda a viver bem o momento presente”.
Todos nós podemos testemunhar que até nos momentos mais difíceis ele foi fiel, até ao fim.
Apesar da quimioterapia, a doença avançou com uma velocidade impressionante.
Este período que ele esteve aqui connosco foi uma luz para todos. Mesmo quando já estava muito mal, amava todos aqueles que o vinham visitar ou que enviavam mensagens, e não eram poucos, interessando-se por cada um. Estava sempre em doação.
Na manhã do último dia, enquanto rezavam o terço, que ele gostava tanto de rezar, respondia, mesmo se com dificuldade: “rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte”.
Todos nós, Movimento dos Focolares em Portugal, agradecemos a sua vida e unimo-nos a todos aqueles que o conheceram no mundo inteiro para lhe dizer um GRANDE OBRIGADO!
5 comentários:
Belo retrato, Zé! O Eduardo só pode estar a sorrir!
Que esteja com CRISTO, SALVADOR do mundo!
Lamento o desaparecimento de um Amigo.
Francisco Paulino
... sim, é verdade, só podes estar a sorrir Eduardo.
Sim, só podes estar a sorrir, Obrigado, amigo, Que Deus te recompense pela coragem e tenhas a vida eterna junto D´Éle. Meu coração se entristeceu por ti.
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